Milicos não conseguem escarnecer do Araguaia

https://anovademocracia.com.br/120/05b.jpg

Milicos não conseguem escarnecer do Araguaia

Fotos de herois do povo foram exibidas na manifestação.

No fim da tarde de 22 de outubro, ativistas da Frente Independente pela Memória Verdade e Justiça de Minas Gerais — FIMVJ-MG, membros de diversos movimentos populares de Belo Horizonte e região, ex-presos políticos, familiares e amigos de mortos e desaparecidos durante o regime militar, realizaram um combativo protesto diante do Círculo Militar de Belo Horizonte.

Organizações de militares da reserva e da ativa pretendiam homenagear o Tenente-coronel Lício Augusto Ribeiro Maciel com uma “palestra e debate” com objetivo de escarnecer da memória dos heroicos guerrilheiros do Araguaia militantes do Partido Comunista do Brasil, dos militantes e ex-presos políticos, dos familiares dos perseguidos, torturados, mortos e desaparecidos políticos.

Assassino confesso

Este coronel também esteve na região do Araguaia, vestido à paisana e se apresentando ora como engenheiro da Embratel, ora como policial federal, sob o codinome de Dr. Asdrúbal e servindo no Escalão Avançado, em Brasília, como oficial adjunto do Centro de Informações do Exército. É um assassino confesso de pelo menos cinco guerrilheiros no Araguaia: André Grabois, o ‘Zé Carlos’, comandante do Destacamento A e filho de Maurício Grabois; o estudante João Gualberto Calatroni, o ‘Zebão’; o estudante Divino Ferreira de Souza, o ‘Nunes’, que foi ferido, feito prisioneiro e posteriormente morto e desaparecido; e o camponês Antônio Alfredo Lima. Posteriormente, a guerrilheira Maria Lúcia de Souza, a ‘Sônia’, que mesmo ferida atirou no coronel Lício e no major Curió e em seguida foi executada, sendo também desaparecida” — afirmou Criméia Schmidt, também combatente do Araguaia e à época companheira de André Grabois, em nota enviada ao Instituto Helena Greco de Direitos Humanos — IHG e à Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça.

Em nota de protesto, o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro destacou que: “em março de 2012, o Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra Sebastião Curió, e logo em julho de 2012 contra Lício Maciel, sendo estas acatadas pela juíza federal Nair Pimenta de Castro. Concretizando um marco histórico pela realização de justiça no país. Desta forma, o tenente-coronel responde ao processo criminal pelos crimes de: tortura, homicídio, desaparecimentos forçado e ocultamento de cadáveres. Por conta da referida ação, o militar nega-se a receber as intimações de comparecimento perante a Justiça de Marabá/PA”.

Os familiares de Maria Lucia Petit, Lucio Petit e Jaime Petit, também desaparecidos no Araguaia, enviaram saudações ao IHG e a FIMVJ-MG apoiando a manifestação.

“Não passará”

Entre as 18h e 20h30min, os ativistas, portando estandartes com as fotos dos guerrilheiros do Araguaia, exigiam punição para os militares e civis mandantes e executores de torturas, assassinatos e desaparecimentos forçados do regime militar.

Os poucos militares oficiais da reserva que compareceram à palestra tiveram que passar por um corredor de manifestantes sob vaias e palavras de ordem.

Na chegada do coronel Lício, redobrou-se o tom das palavras de ordem e vários ativistas entraram no Círculo Militar seguindo-o, erguendo os cartazes com as fotos dos guerrilheiros, rechaçando sua presença.

“Vitória, vitória, tarda mas não falha, e viva a gloriosa Guerrilha do Araguaia”, gritaram os manifestantes.

Os nomes dos guerrilheiros foram lidos um a um por Heloisa Bizoca do IHG e, a cada nome, uma firme resposta em uníssono: PRESENTE NA LUTA!

Uma ativista do Movimento Feminino Popular (MFP) leu o nome dos presos políticos no Rio de Janeiro, encarcerados desde o protesto de 7 de outubro e denunciou os ataques de repressão e do judiciário em BH. Nomes de ativistas processados por crime de “formação de quadrilha” foram lidos e saudados pelos ativistas que gritaram: “Liberdade já para nossos companheiros!”.

No encerramento do ato, tinta vermelha foi lançada na calçada do Círculo Militar representando o sangue derramado pelos combatentes do Araguaia.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: