Depois de militarizadas 15 favelas do Rio de Janeiro, o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora começa a ser implantado nos bairros pobres da Bahia. A nacionalização de mais esse projeto fascista dos gerenciamentos de turno do Rio foi anunciada ao longo de toda a campanha eleitoral da gerente Dilma Roussef. A primeira Base Comunitária — como será chamada a versão baiana das UPPs — será implantada no bairro Calabar, favela de Salvador cercada por bairros ricos.
Como se não bastasse o regime de exceção, os 150 policiais que farão parte da militarização ocuparão o prédio da associação de moradores, enquanto o edifício da Base Comunitária não for construído.
Exatamente como no Rio de Janeiro, o pretexto utilizado pelo gerente estadual, Jaques Wagner, do mesmo PT de Dilma, para justificar a militarização do Cabalar é o “combate a criminalidade”, que teria atingido níveis alarmantes em Salvador. Mas o que na verdade os números mostram é que na capital baiana, assim como em outras capitais, cresceu assustadoramente o número de operações policiais e, consequentemente, o número de jovens mortos nessas criminosas ações.
Somente em uma operação policial no dia 26 de fevereiro, na favela Lauro de Freitas, dez pessoas morreram assassinadas. Todas as vítimas, segundo a polícia, morreram em confronto. No Rio de Janeiro, também segundo a polícia, mais de 10 mil jovens foram mortos em confrontos com a PM entre 2000 e 2010. Mas a realidade é que a maior parte dessas pessoas foi vítima de execuções sumárias, como comprovam laudos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, elaborados após operações policiais, como a do Complexo do Alemão em maio de 2007, que terminou com 19 mortos.
A instalação da UPP na favela Cabalar e os 10 mortos na operação policial na favela Lauro Freitas são provas de que os gerenciamentos de turno no Rio de Janeiro e na Bahia têm estreitado seus laços com a ajuda de Dilma e Luiz Inácio, para nacionalizar os projetos fascistas implementados, inicialmente, no laboratório do Estado brasileiro de políticas de criminalização da pobreza, do Rio de Janeiro para todo o Brasil.