Monopólios buscam fusões para ganhar sobrevida

Monopólios buscam fusões para ganhar sobrevida

A crise geral do imperialismo empurra os grandes grupos empresariais capitalistas transnacionais a levarem ao limite a natureza monopolista desta sua fase derradeira, moribunda do sistema de exploração do homem pelo homem. Trocando em miúdos, os monopólios acirram a corrida às fusões entre si, aquisições de companhias menores, e formação de joint-ventures (associação de empresas) com companhias de outros ramos, tudo em nome da própria sobrevivência diante da crise de superprodução relativa, como gigantes acotovelando-se em busca de bolhas de ar.

Veja o caso da IBM, a maior empresa de tecnologia da informação de todo o mundo, que comprou três transnacionais nos três últimos meses de 2011 e pretende gastar US$ 20 bilhões em aquisições de companhias menores de software e de serviços.

Veja o caso também da mega-petroleira britânica Royal Duth Shell, uma das maiores transnacionais do planeta, que no início de 2011 iniciou as operações de uma joint-venture com a Cosan, um dos maiores grupos capitalistas do Brasil, para explorar o negócio de açúcar e etanol na semicolônia Brasil.

A Raízen, nome da companhia que se originou com a joint-venture Shell-Cosan, já nasceu como um dos cinco maiores grupos econômicos do país em termos de faturamento.

Das mineradoras a grupos editoriais

Assim vão os monopólios prolongando sua própria agonia, arranjando maneiras de estenderem até não se sabe quando a obtenção do lucro máximo. No Brasil, 2011 foi um ano recheado em termos de concentrações ainda maiores dos monopólios, a despeito da vigência plena da mistificação liberal que apregoa as maravilhas da concorrência capitalista, e apesar dos propagandeados rigores do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que está prestes a se tornar o “Supercade”, não porque terá superpoderes contra os monopólios, mas sim a favor deles.

Um exemplo da sanha de concentrações de 2011: nos nove primeiros meses do ano aconteceram nada menos do que 17 operações de fusão ou aquisição no Brasil de empresas do setor de mineração, sendo que a maioria dos negócios foi do tipo de empresas estrangeiras comprando empresas nacionais. Foram negócios como a compra de participação na Cia. Brasileira de Metalurgia e Mineração por um consórcio de empresas chinesas por R$ 3,1 bilhões, uma das maiores aquisições do ano na semicolônia.

Em 2011 as fusões e aquisições no Brasil perpassaram todas as atividades econômicas e todos os setores da economia, da indústria de base ao varejo, das telecomunicações aos serviços: bebidas (aquisição da Schincariol pela japonesa Kirin, em um negócio de R$ 4,7 bilhões), supermercadista (a Máquina de Vendas, empresa resultante da fusão entre a Ricardo Eletro e a Insinuante em 2010, anunciou que vai gastar R$ 200 milhões para comprar uma rede de lojas na região sul, onde ainda não tem presença), aviação civil (fusão da Tam com a companhia aérea chilena Lan), editorial (compra de 45% da Companhia das Letras pela megaeditora britânica Penguin) e até de pesquisa de opinião (joint-venture do Ibope com a belga iVox).

Sobrevivência, não; apenas sobrevida

Isso sem falar na compra da fabricante de biscoitos brasileira Mabel pela Pepsi e da fusão de duas unidades da Telemar Participações S.A. por meio de uma troca de ações, em uma transação que teve um valor total anunciado de US$ 17,3 bilhões – a maior fusão de 2011 no Brasil.

E à medida em a crise geral de superprodução relativa se aprofunda, cresce o imperativo das fusões e aquisições como única alternativa não para a sobrevivência, mas para uma sobrevida. Um exemplo: a Aon, seguradora transnacional que atua no setor de seguros e consultoria para companhias exploradoras de petróleo, projeta um crescimento de 40% para si própria no Brasil em 2012 graças à certeza de que no ano que vem estão por vir grandes fusões de monopólios de energia “como alternativa para as empresas se tornarem mais competitivas”.

Será uma tendência herdada de 2011, confirmando que o mercado de fusões e aquisições tende a crescer enquanto o imperialismo se afunda, a fim de “se tornarem mais competitivas”. No terceiro trimestre do ano que ficou para trás foram 11 fusões no Brasil envolvendo grandes empresas de petróleo e gás, mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2010.

‘Superentidade’ controla economia global

Um estudo do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, divulgado em outubro de 2011, mostrou que um núcleo de 1.318 transnacionais, em um universo de 43.060 grupos econômicos capitalistas analisados, controla cerca de 60% dos lucros operacionais globais.

Segundo o estudo, esse núcleo de monopólios (a maior parte deles ianques e britânicos, seguidos de grandes corporações francesas, espanholas e italianas) tinha, de acordo com dados de 2007, a maior parte das ações de empresas de alta confiabilidade e lucratividade (conhecidas como ações blue chip) e de manufatura do mundo.

A maioria das transnacionais que compõem o núcleo que controla a economia capitalista global são bancos. A única companhia brasileira que consta na lista de 1.318 grupos econômicos do núcleo é o banco Bradesco.

Veja o papel das fusões e aquisições nesta concentração de controle: o estudo mostrou ainda que existe uma “superentidade” dentro do núcleo formada por 147 empresas que possuem parte ou a totalidade da propriedade umas das outras. Para a “superentidade”, ainda que ela represente menos de 1% das transnacionais do mundo, converge 40% da riqueza gerada.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: