Mostrando o fino do choro

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Mostrando o fino do choro

Quarteto mineiro de chorões que há nove anos toca nas noites de Belo Horizonte, O Fino do Choro se dedica ao estudo e apresentação da obra de grande nomes do gênero. A frente do grupo, o chorão Luiz de Souza volta a atividade de músico, depois de 30 anos em outra profissão, e tira essa defasagem não medindo esforços para tocar aqui e ali, resgatando obras antigas e valorizando o que o choro tem de melhor.

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Pablo, Luiz , Renato e Zito se apresentam no Centro de BH

– O grupo surgiu através de uma reunião de amigos, todos aficionados pelo choro, a partir de um convite do dono da Status Café Cultura e Arte, aqui em Belo Horizonte. Ele propôs que montássemos uma turma para nos apresentar lá todos os domingos. Como pediu que tivéssemos um nome, fiquei tentando escolher um entre várias opções que tinha – conta Luiz de Souza.

– Até que, trocando ideia com meu filho, ele disse: ‘coloca O Fino do Choro, quer dizer, o melhor que o choro tem’. Falei: ‘Ué, esse nome está bom demais’. Bem dentro da nossa proposta de tocar somente choro, de preferência de grandes chorões, como Pixinguinha, Luiz Americano, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, essa turma toda – continua.

– Nos apresentamos na casa por cerca de 3 anos e meio. Era eu na clarineta, Silveira no violão, Bacalhau no cavaquinho, Zito no pandeiro. Depois passamos a nos apresentar em outros lugares: festas, recepções, casamentos, e mais. A formação atual do quarteto é: Renato no Violão, Pablo no cavaquinho, o Zito permanece no pandeiro e eu na clarineta – diz.

O grupo reúne chorões antigos e a nova geração de interessados em seguir essa linha.

– De uns tempos para cá os jovens se interessaram muito por esse gênero brasileiro.

O Pablo, por exemplo, é um menino novo que está estudando choro e veio participar conosco. Começou no grupo com 16 anos, hoje está com 21, e toca com o Zito, que tem quase 80 anos. Para o choro não existe idade ou experiência, todo mundo participa – fala Luiz.

– E são muitas as oportunidades de trabalho que estão surgindo. Isso é muito bom, porque está fazendo com que os interessados no choro, futuros chorões possam ter condição de viver da sua música, e não precisem trabalhar em algo paralelo para sustentar suas famílias, como foi o meu caso e de muitas outras pessoas – continua.

Luiz começou a estudar música com 12 anos de idade, tocou em uma banda do antigo Instituto João Pinheiro, e passou pelo grupo Bando dos Cariúnas, do professor Elias Salomé, e depois em conjunto de música dançante, tudo em Belo Horizonte.

– Além da clarineta, também aprendi saxofone tenor e até os 25 anos de idade toquei no conjunto dançante. Depois fiquei trinta anos sem mexer com música, porque comecei a trabalhar na prefeitura e o serviço era muito intenso, não dava tempo. Somente quando me aposentei é que pude voltar a tocar, a partir de 1997 – conta Luiz.

Amor antigo

– Foi quando comprei a clarineta e fui estudar bem o choro, e estou aprendendo até hoje. Não sei dizer exatamente porque escolhi o choro nessa volta, porque antes, no conjunto e nas bandas, tocava vários tipos de música. Acredito que é por causa do tempo que morei com meu tio, no centro da cidade, logo no início, quando comecei a tocar clarineta – continua.

– Ele tinha muitos discos antigos, 78 rotações, que eu escutava muito. Eram discos de choro, com uma música de cada lado. E foi nesse momento que comecei a me interessar pelo gênero e pelo trabalho dos grandes chorões que ouvia: Abel Ferreira, Luiz Americano e muitos outros. Cheguei até a estudar um pouco de choro naquela época – recorda.

Mesmo tendo trabalhado outros gêneros na juventude e ficado afastado da música tanto tempo, Luiz se considera um autêntico chorão.

– Sou sim, porque gosto muito de tocar choro, posso dizer que em todo lugar que vou só toco choro. Concordo com o que muita gente afirma: ‘depois que uma pessoa começa a estudar choro, não larga mais’. É um gênero muito rico e muito trabalhoso também, que exige muito de quem está se dedicando a ele – explica.

– A pessoa enfrenta o desafio, e cada obstáculo que consegue vencer é gratificante, assim vai indo, se interessando cada vez mais. Meu filho, Ricardo Roncarate, até pouco tempo tocava contrabaixo em bandas de blues. Ele continua tocando o seu contrabaixo, mas, de uns tempos pra cá começou a praticar o pandeiro, e agora já está enfronhado na turma do choro também, tocando nas rodas da cidade, inclusive comigo – fala.

O Fino do Choro ainda não gravou discos, mas esse é um projeto para o futuro.

– Penso que se nos propusermos a fazer um trabalho desse, tem que ser com perfeição. Estamos estudando uma maneira de realizar uma coisa boa, gratificante para nós e o público – expõe Luiz.

– E continuamos em plena atividade, sempre tocando em algum lugar profissionalmente ou informalmente nas rodas dos amigos. Aqui em Belo Horizonte têm várias, por exemplo, no Pedacinho do Céu e no Bar do Bolão, e, quando sobra um tempo, estamos participando, o grupo ou os componentes individualmente – conclui.

O Fino do Choro se apresenta todas as terças-feiras, das 18:30 às 23:00 hs, no bar Pop & Kid, Centro de Belo Horizonte. E  [email protected] é o contato de Luiz de Souza. 

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