Movimento camponês combativo cresce no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba

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Movimento camponês combativo cresce no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba

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Trabalhadores promovem grande levante em Tailândia, PA,
contra o fechamento das madeireiras que lhes garantem o sustento

Dia 8 de março de 2008, dia internacional da mulher proletária. Nesta data marcada pela luta das mulheres trabalhadoras de todo o mundo, as camponesas e os camponeses da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba realizam o II Congresso da Liga dos Camponeses Pobres do Centro-Oeste. Congresso este que representa o desenvolvimento de um autêntico movimento camponês nas barbas do latifúndio de novo tipo (o chamado agronegócio). Movimento que tem representado uma nova perspectiva para vida de centenas de famílias que tem conquistado sua terra e desenvolvido nela mais que a produção. Desenvolvem experiências de uma autêntica democracia! Lutam pela terra, pela produção, pela moradia, por escolas, por estradas, e principalmente, pelo direito de decidir seu futuro enfrentando as imposições deste sistema burguês-latifundiário. Decidem o que plantar e o que fazer de suas terras, não aceitam mais as ordens do Tio Sam. Não vão mais plantar cana e colher café para agradar a boca imperialista…

Vieram de vários municípios, Araxá, Monte Carmelo, Coromandel, Patrocínio, Patos de Minas, Ibiá, Prata, Campina Verde, Uberaba, Uberlândia, São Simão, entre outros da grande área do Triângulo e Alto Paranaíba mineiro. Região que poderia ser bem melhor se não fosse o domínio secular do latifúndio. Mas pela disposição e relatos que os camponeses trouxeram de suas áreas, as coisas vão mudar. Relata um camponês:

— Antes da Liga eu não animava acampar, a gente sofria muito em beira de estradas. — E continua — Agora não. A gente entra logo na fazenda e começa trabalhar a terra, planta, colhe e logo já corta os lotes, não fica esperando por Incra. Ainda é difícil mas é muito melhor.”

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Mesa de debates durante o II Congresso da Liga dos Camponeses
Pobres do Centro-Oeste, em Uberlândia

O Congresso aconteceu na Escola Estadual Juvenília Ferreira, em Uberlândia “a capital do Triângulo Mineiro”, no bairro popular Luizotte de Freitas. Foram mais de trezentos camponeses representando nove áreas da liga e grupos de mobilização. Ainda participaram representantes de diversas organizações da luta popular, entre elas a Frente de Defesa dos Direitos do Povo — FD DP; o Movimento Feminino Popular — MFP; Liga Operária (núcleos de BH, Senador Canedo — GO e Brasília); o Movimento Estudantil Popular Revolucionário — MEPR; o Núcleo dos Advogados do Povo Brasil — NAP/Brasil; a Associação Internacional dos Advogados do Povo — IAPL; a União dos Rodoviários do Distrito Federal — URDF; o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Belo Horizonte e Região Metropolitana — STTRBH; o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Senador Canedo — SindCanedo; o Centro Acadêmico de Pedagogia da UFG — CA Paulo Freire e o Centro Acadêmico de Pedagogia da UFU. Além de representantes das Ligas dos Camponeses Pobres de outras regiões.

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Os camponeses tomam as ruas de bairro operário
orgulhosos com a vitória do II Congresso da LCP-CO

Após entoarem o Hino A Internacional, todas essas organizações conformaram a mesa de abertura, em suas falas saudaram os camponeses e ressaltavam sempre a importância da aliança operário-camponesa que vêm construindo. O representante do núcleo da Liga Operária de Brasília toma a palavra:

— Muitas vezes o latifundiário que os companheiros enfrentam aqui no campo é o mesmo grande empresário que nós rodoviários enfrentamos lá na cidade! E sempre a mesma justiça, as mesmas leis, o mesmo Estado que os protege e a mesma polícia que nos reprime e garante nossa exploração. Isso mostra que nossa luta é uma só!

Compuseram suas comissões de organização, disciplina, alimentação, limpeza, segurança e creche, com a participação de todos. O congresso é o encerramento de todo um período de debates, encontros e reuniões, onde os camponeses avaliaram e planejaram suas lutas. Nos encontros e reuniões de áreas debateram e concluíram: agora é o momento de exaltar suas conquistas e lançar seus planos e suas consignas. E foi assim o clima do congresso e de todas as intervenções. Todos os oradores contavam suas experiências, suas vitórias e exortavam seus companheiros para mobilizar mais famílias para que pudessem seguir a luta pelo fim do latifúndio. E assim foi até à hora do almoço.

Após o almoço o 8 de março ficou ainda mais visível. Todas as companheiras foram a frente e entoaram o hino Lutadoras da Revolução. Compuseram uma mesa com companheiras dirigentes das várias organizações presentes, em particular do Movimento Feminino Popular. O conteúdo do congresso foi então enriquecido com o depoimento das companheiras, que relatavam como enfrentavam e venciam as dificuldades em sua militância.

E com relato de vários companheiros ficava evidente que essas destacadas dirigentes eram fruto da necessidade da classe camponesa, operária e de todas as classes populares se libertarem, e que para isso a participação ativa da mulher era imprescindível. Esse debate profundo e ideológico animou ainda mais companheiras e companheiros para a manifestação de encerramento, que aconteceria logo após o intervalo do lanche.

Mais de trezentos camponeses, e ainda algumas dezenas de apoiadores conformaram três grandes colunas que agitavam flamejantes bandeiras vermelhas. Faixas com consignas como: Conquistar a terra! Destruir o latifúndio!, Viva a Liga dos Camponeses Pobres do Centro-Oeste, Viva a Revolução Agrária!, entre outras, tomavam as ruas daquele bairro operário da periferia de Uberlândia. Sob olhares de admiração e apoio ainda discretos de comerciantes e trabalhadores, desfilavam as colunas camponesas cantando suas lutas e bradando suas palavras de ordem. Aplausos eram ouvidos quando gritavam Eleição é farsa, não muda nada não! O povo organizado vai fazer revolução!.

Nos olhares de cada um, ao retornarem para escola para o encerramento, já era percebido o quanto este Congresso havia sido vitorioso.

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