MS: Mulheres guarani e kaiowá reafirmam a autodemarcação

MS: Mulheres guarani e kaiowá reafirmam a autodemarcação

A V Assembleia das Mulheres Guarani e Kaiowá (V Kuñangue Aty Guasu) reafirmou o caminho da autodemarcação de todas as terras tradicionais dos guarani e kaiowá no Mato Grosso do Sul, resistindo em seus territórios à ofensiva do latifúndio (“agronegócio”) e seus bandos paramilitares em conluio com o velho Estado.

Na V Kuñangue Aty Guasu, ocorrida entre os dias 18 e 22 de setembro no tekoha Kurusu Amba, em Coronel Sapucaia, cerca de 600 pessoas de todos os tekohas do sul do estado debateram os assuntos que afetam os direitos dos guarani e kaiowá, como o direito à terra. Estiveram presentes representantes dos povos Terena do norte do estado e Guarani Mbya das aldeias Terra Roxa (no Paraná) e Tenondé Porã (em São Paulo), além de de organizações e movimentos como do Conselho Continental da Nação Guarani, do Comitê de apoio e solidariedade aos povos indígenas e da Liga dos Camponeses Pobres (LCP).

Na reunião sobre o direito à terra, os guarani e kaiowá denunciaram a expulsão de suas terras que sofreram ao longo dos séculos e o seu confinamento em reservas indígenas com espaços limitados durante todo o século XX e até hoje. Em suas falas, muitas delas pronunciadas em guarani, as mulheres defenderam a retomada dos tekohas a partir da autodemarcação, não esperando a demarcação por parte da Fundação Nacional do Índio (Funai).

“Se o governo não concluir a demarcação de nossas terras, vamos continuar retomando nossos tekoha”, afirmou enfaticamente a liderança do tekoha Yvu Katu situado em Iguatemi (MS), Leila Rocha.

No documento final da Assembleia, os guarani e kaiowá exigiram a demarcação de todas as suas terras tradicionais. A consigna Demarcação Já! foi entoada constantemente durante o evento, tornando-se uma consigna que unifica os povos indígenas do país. Os guarani e kaiowá também exigiram no documento a imediata revogação da PEC 215 e do Parecer 001/2017 da Advocacia-Geral da União aprovado pelo gerente Michel Temer/PMDB em julho deste ano, que adota a tese do “marco temporal” – responsável pela anulação de alguns processos de demarcação de terras dos guarani e kaiowá.

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