Violonista, banjoísta, compositora e professora de violão clássico e teoria musical, a mineira talentosa Cecília Barreto tem uma longa trajetória no cenário da música instrumental de Belo Horizonte. À frente do grupo Violões e Cia e de outros projetos, Cecília aproveita o bom momento para o choro em Belo Horizonte se apresentando, compondo e ajudando a mostrar a força da música instrumental brasileira.
— Aos cinco anos de idade comecei a aprender os primeiros passos no piano. Depois passei para o acordeom, na academia, e paralelamente fazia violão popular sozinha. Mais tarde estudei violão clássico no Palácio das Artes, no Conservatório Mineiro e na Fundação de Educação Artística — lembra Cecília.
— Nesse tempo já ministrava aulas de música, porque minha trajetória no magistério é desde os onze anos de idade. Comecei dando aulas de teoria musical e de acordeom para outras crianças. Fui professora de violão clássico no Palácio das Artes, onde também atuei como diretora da escola de música — continua.
— Hoje estou aposentada, mas trabalhando mais do que antes no Violões & Cia. E, entre muitas idas e vindas pelos palcos de Minas Gerais e São Paulo, já estou comemorando cinquenta e um anos de carreira. No momento, além do grupo de choro tenho uma banda de jazz, na qual toco banjo tenor — conta.
O Violões & Cia surgiu de uma ideia que Cecília teve de pegar o seu repertório clássico e passar para o ritmo de choro.
— Gosto de coisas inéditas, inovadoras, diferentes. Assim convidei colegas, há princípio para poder fazer um trio com percussão, sete cordas e o meu violão solo. Esse grupo, entrando outras pessoas, já tem vinte anos de existência — contata Cecília.
— Atualmente nossa formação é: Sílvio Carlos, no violão 7 cordas, Oszenclever Camargo, na percussão, eu no violão solo e meu filho, Léo Barreto, no saxofone e flauta — fala.
— Minha ideia é sermos um grupo mutante, que recebe convidados em vários shows, conseguindo diferentes formações. Já tivemos um oboísta, um tubista, que era solista também, e uma cantora conosco. Isso é para diversificar, inclusive, a nossa formação de quatro elementos no palco: uma hora tocamos quarteto, outra trio, outra duo, e assim vamos divertindo o público — expõe.
Além de muito choro, MPB, canção, bolero e outros gêneros fazem parte do repertório do Violões & Cia.
— Nosso repertório é bem eclético, porque basicamente tocamos composições de importantes chorões como Pixinguinha, João Pernambuco, Ernesto Nazareth e outros. Mas também nossas próprias músicas. Além de mim, o Léo e o Sílvio são compositores, então fazemos nossos arranjos e incluímos variadamente nossas composições — explica Cecília.
Inovando com responsabilidade
— Entre outras experiências que temos, adotei a base do repertório para violão solo, e isso ficou muito interessante. Por exemplo, fizemos um arranjo de choro em cima do Prelúdios para violão, do Heitor Villa-Lobos. Colocamos também em ritmo de choro prelúdios e cateretês do José de Oliveira Queiroz, que é um compositor semierudito. Temos também o cubano Léo Brower, que fez umas canções populares cubanas, que adaptamos para o nosso repertório — relata.
— Mas infelizmente ainda não temos um CD comercial. Existe um projeto aprovado, esperando captação. Contudo, temos um disco demo e estamos aí na batalha, correndo atrás para conseguir uma gravação — afirma.
Porém, Cecília já lançou um disco solo, Cecília Barreto Autoral, com doze canções minuciosamente selecionadas.
— Ele contém um apanhado da minha vida inteira, composições escolhidas especialmente para esse repertório. Os músicos que estão comigo nesse projeto são Léo Barreto, nos sopros; Fernando Muzzi, no violão; Silvio Carlos, violão 7 cordas; Rogério Delayon, nos violões, bandolim e cavaquinho; Tatá Sympa, no teclado e acordeom; Miltinho Ramos, nos contrabaixos; e Serginho Silva, na percussão — conta.
— O lançamento foi no meu aniversário de sessenta anos, no Palácio das Artes, e a tiragem toda distribuída gratuitamente no show. Estamos atrás de novo projeto para uma outra tiragem, que agora deverá ser comercial — avisa.
Segundo Cecília Barreto, a cena musical para o choro em Belo Horizonte está bastante favorável.
— Quando começamos era mais difícil de encontrar locais para se apresentar e realizar projetos, o campo era muito restrito. Com o passar dos anos parece que o choro voltou a ser notado. Voltamos à cena com muitas oportunidades para os chorões, não só aqui em Belo Horizonte, mas no Brasil inteiro e em várias partes do mundo — comenta.
— Está havendo um intercâmbio interessante. Por exemplo, o Clube do Choro de Paris chamou o Clube do Choro de Minas Gerais para tocar lá. Os espaços estão se abrindo, atualmente temos choro em palcos, praças, projetos, centros culturais, escolas etc — continua.
— Sem falar dos cursos, oficinas e festivais de inverno que estão dando oportunidades para o pessoal do choro ministrar aulas e tocar. Acho que hoje é só uma questão de saber se articular para poder trabalhar bastante — conclui Cecília Barreto.
Para contatar Violões & Cia: [email protected]