Nas obras e nas escolas: mais luta!

Nas obras e nas escolas: mais luta!

Ceará: professores não se curvam

No Ceará, os professores da rede estadual de ensino conduziram vigorosa greve, deflagrada em 5 de agosto. Eles enfrentaram dura repressão policial e sustentaram suas bandeiras frente à recusa do gerenciamento estadual em negociar suas reivindicações, denunciando a grave situação que atravessa a educação pública e o descumprimento do piso salarial nacional exigido pela categoria. A categoria em luta obrigou o sindicato dos professores no estado do Ceará – Apeoc (filiado à CUT) a conduzir a greve e, por diversas vezes, o forçou a permanecer no trilho da luta quando este tendia a ceder às pressões do governo.

Em 10 de outubro, os professores decidiram suspender a greve e abrir negociações com o gerenciamento Cid Gomes (PSB). No dia 4 de novembro o gerenciamento estadual apresentou uma proposta de reajuste de 15% sendo 7,5% pagos em novembro e o restante em janeiro de 2012. A proposta ainda inclui uma gratificação adicional de 20% para os professores com título de mestrado e 30% para os que possuem título de doutorado.

Até o fechamento dessa edição, o debate e a luta prosseguiam. Uma significativa parcela da categoria mantinha-se decidida a levar a luta adiante, enquanto o sindicato tendia, mais uma vez, a aceitar as imposições do gerenciamento Cid Gomes. 

Novas greves nas obras da copa

Arena Pernambuco


Polícia reprime greve de operários da construção em Recife

Em 1º de novembro 1.400 operários das obras da Arena Pernambuco, situada na grande Recife, pararam suas atividades em protesto contra a demissão de dois operários membros da Comissão Interna para Prevenção de Acidentes – Cipa, que conforme a lei tem estabilidade garantida. Eles também denunciavam maus tratos sofridos no canteiro de obras e exigiam reajuste salarial. A BR-408, principal rota de ligação ao estádio, foi bloqueada durante o protesto.

A classe patronal não atendeu ao apelo dos operários e a greve foi deflagrada. Quando os trabalhadores se reuniam para uma assembleia na manhã de 4 de novembro, policiais militares, acionados pelos patrões, os atacaram com spray de pimenta e agressões. Alguns operários passaram mal e foram arrastados por policiais. Em resposta, os grevistas cerraram fileiras e protestaram, agitando palavras de ordem, obrigando a PM a recuar.

As obras da Arena Pernambuco são realizadas pela empreiteira Odebrecht, que detém um contrato que lhe dá direito de explorar as obras da chamada ‘cidade da copa’ até 2025.

Os trabalhadores denunciam que o truculento ataque policial começou quando os PMs tentavam obrigar os operários a entrarem à força no canteiro de obras no momento em que eles se dirigiam para a assembleia da greve.

Os grevistas reivindicam reajuste salarial, pagamento das horas-extras, melhorias na alimentação, cumprimento das normas de segurança do trabalho por parte da patronal e, entre outras demandas, o afastamento imediato do chefe da segurança da obra, o coronel reformado Eduardo Fonseca, acusado pelos trabalhadores de maltratá-los durante o trabalho.

A greve na Arena Pernambuco se somou à intensa luta dos operários da construção de Recife, que deflagraram greve em 31 de outubro. A greve dos trabalhadores da construção de Recife foi encerrada no dia 4 de novembro com a conquista do reajuste salarial de 12% para a categoria.

Estádio Nacional

As obras do Estádio Nacional, em Brasília, foram palco de sete dias de greve entre o final de outubro e o início de novembro.

Os cerca de 2.500 operários cruzaram os braços no dia 26 de outubro reivindicando o cumprimento do pagamento das horas extras, pagamentos atrasados, recesso no fim do ano, plano odontológico, entre outras demandas.

Em uma reunião de conciliação entre o sindicato dos trabalhadores e os representantes das empreiteiras Andrade Gutierrez e Via Engenharia, que compõem Consórcio Brasília 2014, foi acertado o pagamento de um abono de 30%  do valor do salário em dezembro que será pago juntamente com o 13º e férias coletivas de 22 de dezembro a 10 de janeiro.

Várias demandas dos operários ainda não foram cumpridas e novas lutas podem eclodir.

Há movimentos reivindicativos em todas as obras da copa do mundo. Enquanto as empreiteiras dão publicidade ao ritmo acelerado das obras e à grande festa preparada para a grande burguesia, a classe operária é submetida a péssimas condições de trabalho e direitos básicos são negados, como o pagamento devido das horas-extras, planos de saúde, alimentação de qualidade, segurança do trabalho, etc., o que vem provocando revoltas sucessivas.

Há um burburinho nos canteiros de obras sobre a possibilidade de uma greve geral que unifique todas as obras da copa. As conquistas operárias em algumas greves têm servido de exemplo para os operários de diferentes canteiros.

Greves nas obras do PAC

Nova rebelião na usina Santo Antônio

Operários que trabalham na construção da usina Santo Antônio, em um trecho do Rio Madeira, a 10 km da capital de Rondônia, Porto Velho, se rebelaram novamente.

No dia 28 de outubro centenas de operários se revoltaram contra a demissão de 80 trabalhadores, pelo pagamento das horas extras, salários iguais para funções iguais e fornecimento de equipamentos de segurança nos canteiros de obras.

As obras da usina Santo Antônio fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, e foram palco de uma grande revolta em março/abril desse ano.

Logo após a deflagração do protesto, o Consórcio Construtor Santo Antônio, composto pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e Construtora Norberto Odebrecht, determinou que cerca de nove mil operários fossem imediatamente liberados e retirados dos canteiros de obras em ônibus para impedir a generalização do movimento.

Há relatos de que três ônibus foram incendiados no início da paralisação e que parte do refeitório teria sido destruída pelos operários revoltados.

Dezenas de policiais foram acionados pela patronal para reprimir o protesto e escoltar os trabalhadores até os ônibus que os retiraram do local.

Os operários da Usina Santo Antônio são atacados, por um lado, pela ganância patronal e, por outro, pela direção oportunista do sindicato. Uma matéria publicada na página da internet diariodaamazonia.com.br em 3 de novembro revelou que Francisco Chagas, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção de Rondônia – Sticcero, filiado à CUT, defendeu demissões de operários como medida para impedir novos protestos. Ele declarou que, “para resolver o impasse”, deveria ser feito o “chamamento para demissão voluntária que consistiria fazer as demissões dos que assim desejassem com a promessa de uma recontratação quando fosse possível”.

Operários paralisam obras em Belo Monte

Operários das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, deflagraram greve em 25 de novembro. Eles reivindicam reajuste salarial (o piso pago atualmente é de R$ 900) e exigem recesso entre os dias 22 de dezembro e 5 de janeiro.

Os operários também denunciam as precárias condições de trabalho e a péssima alimentação. Recentemente, duzentos dos 1.800 trabalhadores tiveram intoxicação alimentar devido à comida estragada fornecida na obra. No canteiro Palmital, que também faz parte do complexo de Belo Monte, outros cinco trabalhadores tiveram distúrbios intestinais.

Em 12 de novembro já havia ocorrido um protesto de operários contra a demissão arbitrária de 170 trabalhadores por terem se queixado ao Consórcio Construtor Belo Monte, encabeçado pela empreiteiraAndrade Gutierrez, de desvios de função.

Greve na maior obra da Petrobras

Considerado o maior projeto da história da Petrobras e um dos principais do PAC, a construção da refinaria petroquímica do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) foi paralisada por uma greve operária no dia 8 de novembro. Cerca de 14 mil operários trabalham nas obras em Itaboraí, no leste Fluminense, na instalação de uma grande refinaria. Desse total, cinco mil são ligados aos quatro principais consórcios responsáveis pelas obras e pleiteiam a equiparação salarial com profissionais que desempenham funções semelhantes em outras empresas da região. Mais de oito mil operários participaram das mobilizações durante a greve que, a princípio, teria a duração de 48 horas. Maçariqueiros, soldadores, eletricistas, pedreiros, faxineiros e serventes agitaram palavras de ordem cobrando equiparação salarial entre os trabalhadores das seis empreiteiras envolvidas na obra, além do corte da taxa para o uso do plano de saúde, que prevê que o trabalhador custeie 25% de qualquer atendimento oferecido pelo plano.

Uma assembleia geral dos trabalhadores realizada em 16 de novembro decidiu pela continuidade da greve. Os operários rejeitaram a proposta patronal apresentada na audiência de conciliação realizada no Tribunal Regional do Trabalho – TRT no dia 11.

Os trabalhadores das obras do Comperj anunciaram que novas paralisações ocorrerão caso suas reivindicações não sejam atendidas.

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