África segue em meio a chacinas que têm o selo do imperialismo
O massacre no norte da Nigéria deixou quase 800 mortos
As massas do Sudão e da Nigéria estão vivendo novos capítulos sangrentos da bárbara rotina de guerras civis na qual o continente africano se vê há tempos mergulhado. É o legado da partilha da África entre as potências imperialistas nos séculos XIX e XX e da posterior "descolonização" do continente. No final de julho, na Nigéria, houve um massacre de quase 800 pessoas na cidade de Maiduguri, no norte do país. Na mesma semana, em um dia, 160 pessoas morreram em conflitos tribais no Sudão, a maioria mulheres e crianças. O secretário-geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon, mostrou-se indignado, falou em "ato abominável" e pediu que se "faça justiça aos responsáveis por estes eventos", como se as próprias Nações Unidas não tivessem um altíssimo grau de responsabilidade pela tragédia de fome, doenças e assassinatos que o colonialismo da "comunidade internacional" produziu na África. Pouco depois dos massacres, a secretária de Estado ianque, Hillary Clinton, viajou para o Quênia a fim de participar no Fórum de Cooperação Comercial e Econômica USA-África Subsaariana, onde foi acertar com os gerentes locais do neocolonialismo as bases de novas ofensivas predatórias sobre o continente.
Ken Loach contra o Estado de Israel
Ken Loach,raro exemplo
Em meados de julho, o diretor de cinema irlandês Ken Loach (cujo belo filme "Ventos de Liberdade" foi resenhado por AND em sua edição número 45) retirou sua mais nova obra do Festival Internacional de Cinema de Melbourne, na Austrália. Ele havia solicitado à organização do Festival que o patrocínio de Israel ao evento fosse recusado. Como não foi atendido, foi-se embora levando seu filme junto. Dois meses antes, em maio, Loach já havia protagonizado um episódio semelhante, ao liderar uma campanha contra as subvenções que o Festival de Cinema de Edimburgo receberia da embaixada sionista na Escócia, alegando que esta representação fala em nome não apenas dos diretores de cinema israelenses, mas também dos senhores da guerra que massacram o povo de Gaza. O Festival acabou recusando o dinheiro sujo do sionismo. Apesar de ser um trotskista de carteirinha – o que transparece claramente em certos momentos de sua obra – Loach é um raro exemplo de figura pública que se posiciona frontalmente contra o Estado ilegal e criminoso de Israel.
Colômbia é porta de entrada para reforço do efetivo ianque na América do Sul
O gerentão Álvaro Uribe ensaia mais um passo para transformar a Colômbia dos bravos colombianos em um protetorado de fato do USA na América do Sul. Ele vem preparando o terreno para a assinatura de um novo acordo militar com os ianques, visando a instalação de novas bases militares do imperialismo em solo sul-americano e a chegada de milhares de soldados estadunidenses para nos vigiar de perto, e no futuro combater as insurreições populares que se avolumam em nosso continente, a fim de tentar garantir a continuidade da rapina de nossas riquezas e a manutenção das oligarquias coniventes empoleiradas nas instituições das semicolônias desta parte do mundo. Na primeira semana de agosto, Uribe saiu em viagem por alguns países da região para, segundo a versão oficial, "abordar os temas do terrorismo na Colômbia, seus riscos e os assuntos relacionados com a Unasul". Na verdade, saiu em uma verdadeira turnê para explicar diretamente a Kirchner, na Argentina, a Bachelet, no Chile, a Alan García, no Peru, e claro, a Luiz Inácio, no Brasil, como o novo acordo militar com o imperialismo pode também de alguma forma ser vantajoso para todos os grandes vende-pátrias que temos por aqui.
No Cáucaso, Rússia e USA põem os dedos no gatilho
O imperialismo russo e o ianque novamente fazem rufar os tambores na região do Cáucaso. No final de julho, em meio à visita do vice-presidente ianque Joe Biden à Geórgia, o Kremlin avisou que tomará "medidas concretas" se a administração do USA oferecer ajuda militar ao governo de Tbilisi. Ao mesmo tempo, Biden elevou o tom provocativo ao dizer, "in loco", que o USA apóia a Geórgia enquanto país aliado, além da sua entrada na Organização do Tratado do Atlântico Norte. A troca de farpas se segue a exercícios militares realizados no Cáucaso pela Otan e pelos russos nos últimos meses, em ostensivos ensaios para o confronto que se desenha neste front da partilha do mundo. Neste palco, está em jogo o controle estratégico das abundantes fontes de energia entre o mar Negro e o Cáspio. Já o Cáucaso Norte, região formada pelas repúblicas russas autônomas, como Chechênia e Inguchétia, vive uma escalada de assassinatos, sequestros, torturas e tudo mais quanto é violência que se possa dirigir contra o povo, que é quem sofre com a disputa por áreas de influência entre a gangue de Putin e Medvedev e a de Obama, Biden e Hillary.