Notas Internacionais

Notas Internacionais

Colômbia

Em 14 de fevereiro, o departamento de Cesar, na Colômbia, explodiu em protestos contra a Cia Vale do Rio Doce. As mobilizações se espalharam pelas cidades de La Loma e Plan Bonito. A comunidade invadiu a sede da empresa e queimou carros, ônibus e alguns escritórios. Um policial acabou morto e algumas pessoas ficaram feridas.

Eles exigem a saída da mineradora da região, após uma série de promessas não cumpridas pela empresa. A Vale se instalou na região para explorar carvão térmico. Oito anos atrás prometeu que as comunidades seriam reassentadas em locais livres de contaminação, mas até agora nada foi feito. Várias famílias continuam vivendo perto da mina e as doenças vêm atingindo grande parte da população. Uma nuvem negra cobre os céus da região e atinge a humanos, animais e plantas. Eles também exigem o fechamento da barragem de rejeitos da empresa e que seja efetuada uma sanitarização do local.

Os protestos começaram na comunidade de Plan Bonito, onde os manifestantes bloquearam a entrada e a ferrovia na qual o carvão produzido na mina a céu aberto “El Hatillo” era transportado. Depois, os protestos se alastraram por La Loma. O exército foi enviado para reprimir as manifestações e, principalmente, em La Loma, houve vários enfrentamentos. Apesar da diminuição, os protestos devem continuar até que as demandas sejam atendidas. As manifestações estão em um clima tenso, mas calmo. Os protestos vão continuar, vamos nos reorganizar e seguir até que as empresas cumpram com seus compromissos, afirmou à Agência Reuters, Orlando Cuello, do Sindicato dos Trabalhadores do Carvão.

Além da Colômbia, em 2012, houve protestos contra a Vale em vários locais: Açaílândia e Buriticupu (Maranhão), Cateme (Moçambique), Sudbury (Canadá) e Morowali (Indonésia). No final de janeiro, a Vale foi considerada, pela Public Eye Awards, a pior empresa do mundo. Em contrapartida, em 2011, a empresa registrou o maior lucro da história para uma empresa de capital aberto no Brasil: 37 bilhões de reais.

O lucro total da Vale do Rio Doce em 2011, de R$ 37,8 bilhões, foi o maior já registrado na história por uma empresa de capital aberto no Brasil, segundo estudo divulgado pela consultoria Economática.

Chile

O mês de fevereiro foi marcado por levantes populares que eclodiram na região de Aysén, no Sul do Chile, contra a carestia e o alto custo de vida. A população exige a redução dos preços dos combustíveis, aumento do salário mínimo e melhorias na saúde e educação.

Os protestos começaram com a reivindicação de pescadores artesanais da região. Eles exigiam o aumento na cota de pesca e um salário mínimo regional condizente com o custo de vida local. Após reuniões sem progresso com a municipalidade, as barricadas começaram a ser erguidas. Foram registrados cortes de energia e alguns enfrentamentos com a polícia.

Marchas pelo centro da cidade, bloqueios de estradas desde o aeroporto de Balmaceda e protestos em Coyahaique se estenderam durante dias. Entre Coyhaique e Aysén, inúmeras barricadas foram erguidas. Os aparatos repressivos do Estado chileno foram enviados à região para conter os protestos. Temendo o crescimento da revolta popular, o gerente Sebastián Piñera interrompeu, no dia 20 de fevereiro, suas férias para enviar uma comissão de ministros à Aysén. Na madrugada dia 22, um novo confronto entre manifestantes e a polícia deixou várias pessoas feridas e presas. Diversas manifestações de estudantes e trabalhadores aconteceram em todo o Chile em apoio aos protestos de Aysén.

Na região de Bío-Bío, em Talcahuano, os trabalhadores portuários, agrupados na União dos Trabalhadores Portuários, realizaram uma paralisação entre os dias 15 e 17 de fevereiro. Eles reivindicavam a devolução de impostos cobrados ilegalmente pelo Estado de seus salários, pensões para trabalhadores que sofreram acidentes de trabalho, indenizações por demissões injustas e capacitação para os jovens trabalhadores.

China

Operários da metalúrgica Hanzhong em greve

Com informações de chinastrikes.crowdmap.com

Nos últimos meses ocorreram greves em dezenas de grandes indústrias na China, dezenas de milhares de operários se levantaram insatisfeitos com as péssimas condições de trabalho e baixos salários.

Em 14 de fevereiro mais de cinco mil operários da Companhia Siderúrgica Hanzhong, na província de Shaanxi, entraram em greve exigindo aumento salarial. Eles protestaram contra a extenuante jornada de trabalho e denunciaram que eram obrigados a trabalhar nos finais de semana e feriados sem receber horas-extras.

No dia 15, milhares de grevistas realizaram uma manifestação pelas ruas da cidade com bandeiras e cartazes exigindo direitos. A polícia reprimiu duramente o protesto e vários manifestantes foram detidos.

Marrocos

A heroica luta de um povo

Com informações de maoistroad.blogspot.com


Povo marroquino completa um ano de revolta popular

As lutas dos trabalhadores, camponeses, desempregados, estudantes e presos políticos marroquinos não cessam. No mês de fevereiro, sindicatos e organizações classistas do Marrocos convocaram grandes protestos com o tema “20 de fevereiro”, celebrando um ano da deflagração das grandes revoltas que explodiram naquele país, em todo o Norte da África e Oriente Médio.

Batalhas campais

Em 4 de janeiro, uma revolta popular na cidade de Taza, convocada pela Associação Nacional dos Diplomados Desempregados, sofreu brutal repressão policial. Vinte pessoas ficaram gravemente feridas nos confrontos, entre elas cinco policiais.

Desde então Taza está ocupada militarmente, o que não impediu contínuas manifestações exigindo a libertação dos detidos nesses protestos.

Em 3 de fevereiro houve massivos protestos e sérios choques entre as massas revoltadas e as forças de repressão que resultaram em mais de 150 feridos e dezenas de presos.

Em meio aos protestos, ainda ocorreram greves, como a dos operários das minas de fosfato em Ben Guerir, que ameaçaram explodir a mina caso suas reivindicações de melhores salários e condições de trabalho não fossem atendidas.

Há também relatos de revoltas populares na província de Al Hoceima, com destaque para o boicote em Tinghir, Azilal, Tata, Rabat e outras cidades, onde toda a população se recusa a pagar as taxas de eletricidade.

Em outras localidades as notícias são da luta camponesa. Os habitantes dos sete douars (aldeias) que compõem o município de Imider se levantaram em defesa de suas terras.

Eles denunciam a desesperadora pobreza a que são submetidos enquanto as ricas minas de prata da SMI (Société d’Métallaurgique Imider), que pertencente ao imperialismo francês, aumentou seus lucros em 35,6% no primeiro semestre de 2011, além de poluir a terra e desfrutá-la como bem entende.

Em resposta a esta situação, toda a população das sete aldeias camponesas (exceto os portadores de deficiência física) mudaram-se para o Monte Aleaban, tomaram e bloquearam o reservatório que abastece a mina com água. Eles reivindicam infraestrutura de estradas, água potável e eletricidade para todos, uma boa escola, centro de saúde e trabalho para aqueles que querem trabalhar na mina que está em suas terras coletivas e respeito à sua terra, suas plantações e criações.

Ainda há relatos da exemplar luta das mulheres Amazigh de Assoul, na província de Tinghir, que viajaram 200 km a pé para chegar a Midelt e lá tomar um ônibus para Rabat, a 400 km de distância, para realizar um protesto em frente ao parlamento para denunciar o saque de terra comum por latifundiários que contam com a conivência do Estado.

O Movimento “20 de fevereiro” prossegue com protestos semanais em várias cidades marroquinas sustentando a bandeira da libertação dos presos políticos. A luta do povo marroquino avança, elevando alto a bandeira de uma verdadeira democracia popular.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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