Notas internacionais

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Notas internacionais

Canadá

Manifestações estudantis se radicalizam

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Quebec, Canadá: estudantes entram em confronto com a polícia contra o aumento das taxas nas universidades

Na noite de 4 de maio, um protesto de estudantes terminou com nove feridos e 106 pessoas presas na província de Quebec, no Canadá. O confronto aconteceu em frente à sede do Partido Liberal, do premier Jean Charest, atualmente exercendo a presidência do país.

 As principais organizações estudantis de Quebec mobilizaram mais de 170 mil pessoas em uma greve que durou semanas contra o aumento de 75% em cinco anos das taxas das universidades, que se elevam a US$ 3,8 mil ao ano.

Após o confronto, a polícia interceptou três veículos que voltavam com manifestantes para Montreal. Segundo médicos, entre os feridos na manifestação, um sofreu traumatismo craniano.

Ao longo do mês, novas manifestações foram realizadas. Imagens divulgadas pelo canal Euronews em 22 de maio mostram estudantes sendo espancados e imobilizados no chão pela polícia.

No dia 23, cerca de 700 pessoas foram detidas. Os manifestantes percorreram vários quilômetros até que a passeata foi bloqueada pela tropa de choque da polícia que tentava impedir o avanço da manifestação por um bairro com intensa vida noturna da cidade.

As “autoridades” canadenses, temendo os protestos “cada vez mais violentos”, decretaram uma lei que proíbe qualquer agrupamento de pessoas a menos de 50 metros das escolas.

México

Rebelião estudantil

Estudantes mexicanos que protestavam em Morelia, capital do estado de Michoacán, enfrentaram a polícia no dia 28 de abril. Eles exigiam financiamento do governo local para que pudessem retomar o acesso a albergues universitários dos quais haviam sido despejados. Segundo veículos de imprensa locais, 198 pessoas foram presas, mas os manifestantes afirmam serem 240, muitos delas covardemente espancadas.

Os estudantes, usando máscaras para não serem identificados, incendiaram duas viaturas, lançaram coquetéis molotov e queimaram colchões em um albergue para deter o avanço da polícia.

Desde o dia 26 de abril que o clima já era tenso em Morelia, quando membros da Coordenadoria dos Universitários em Luta se mobilizaram para exigir às autoridades um orçamento para a ida aos povoados mais pobres do estado, com o intuito de divulgar a atual convocatória da entrada na Universidade Michoacana de San Nicolás de Hidalgo.

A ação policial para deter as mobilizações teve início na madrugada do dia 28 de abril, quando agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE) investiram contra os estudantes que dormiam nas Casas do Estudante “2 de Outubro” em Nicolaíta, no centro histórico de Morelia.

Fausto Vallejo, governador de Michoacán, deu sua declaração fascista alegando que “a polícia agiu dentro da lei ao expulsar alunos dos três albergues na manhã de sábado”. Imagens divulgadas na internet mostram vários estudantes sentados no chão em bloco, rodeados pela tropa de choque e com ferimentos de cassetetes nas costas.

“Aqui se violou a autonomia universitária e, como é de praxe, o reitor, Salvador Jara Guerrero, afirmou que não aconteceu nada, ainda que a polícia tenha entrado com armas nas casas da Universidade”, afirmou um estudante à imprensa mexicana.

O local possui 36 albergues com uma população de mais de 5 mil estudantes.

Espanha

Polícia amplia perseguição aos imigrantes

Rafael Gomes Penelas

Os policiais espanhóis receberam uma meta de prisões de estrangeiros em situação ilegal no país. O número chega a 80 por dia na capital Madri. A procura por imigrantes virou rotina em bares com nomes estrangeiros, nos principais locais de concentração de imigrantes e nas estações de metrô e ônibus, onde há grande circulação de pessoas.

Esteban Ibarra, presidente da ONG Movimento Contra Intolerância, contesta: “O pedido de documentação é feito por diferenciação racial, e isto é crime. Os policiais podem deter os ilegais, mas não têm o direito de sair caçando quem não pareça espanhol”.

Em 2004 a lei sobre estrangeiros na Espanha sofreu uma mudança. Desde então, seria permitida a prisão de ilegais.

Para evitar a polícia, os imigrantes procuram não andar pelo centro de Madri. Em entrevista à imprensa espanhola, o turco Enver Ozdemir disse: “Tento não ir aonde todos circulam, porque sei que ali alguém pode pedir meu documento… Mas não adianta. Eles [os policiais] aparecem por todos os lados”.

Tamanho o absurdo e a intolerância que até alguns membros do próprio Sindicato Unificado de Polícia criticam tal lei: “Sofremos pressão para cumprir uma meta mensal. Aqueles que não a atingem ficam com os piores turnos. Os outros chegam até a conseguir dias livres”, afirmou o representante do sindicato José Benito.

A maioria dos estrangeiros ilegais é detida na capital. O número chega a 80 pessoas diariamente na Comunidade de Madri, que equivale a todo o estado de Madri e não somente a cidade.

No dia 3 de maio foi postado no Youtube um vídeo que mostra um jovem imigrante sendo agredido por agentes da Guarda Civil de Villalba. Os internautas que postaram o vídeo denunciam que querem retirá-lo do ar com denúncias falsas sobre “violação de privacidade”.

Alemanha

400 ativistas presos

A juventude alemã vem radicalizando seus protestos contra a crise econômica. No dia 18 de maio, a polícia de Frankfurt prendeu cerca de 400 manifestantes que participaram de um protesto anticapitalista no centro da cidade. Mesmo com a proibição judicial, centenas de pessoas compareceram a manifestação, que também criticou as medidas de austeridade.

A polícia enviou um grande contingente para reprimir o protesto. Segundo a imprensa alemã, alguns dos detidos foram levados para locais de concentração em Giessen e Wiesbaden.

Outros 150 manifestantes se reuniram próximos à sede do Banco Central Europeu, ignorando a proibição de bloqueios de ruas decretada pelas “autoridades”.

Diversas organizações populares e sindicatos convocaram manifestações em Frankfurt entre os dias 16 e 20 de maio contra as políticas de austeridade europeias e o poder dos monopólios. Os metalúrgicos alemães também se lançaram em uma jornada de luta por aumentos salariais.

USA

Protestos contra cúpula da Otan

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Manifestantes tomam as ruas de Chicago, USA, durante cúpula da Otan

Centenas de pessoas foram às ruas de Chicago, no USA, em protesto contra a cúpula da Otan, que se reuniu nos dias 20 e 21 de maio para decidir sobre o futuro da invasão do Afeganistão.

O movimento, que ao longo da semana anterior à reunião da cúpula realizou diversos atos contra as agressões da Otan mundo afora, culminou com um grande protesto no dia 20. Nessa manifestação pelo menos 45 pessoas foram detidas durante os confrontos com a polícia. Quatro membros das forças de repressão foram feridos.

A cidade ficou sitiada para garantir a “segurança” da cúpula. Ruas e algumas estações de metrô foram fechadas.

Um manifestante, em entrevista a um veículo de comunicação local, resumiu o sentimento dos moradores de Chicago: “Estou furioso, estou simplesmente furioso por a questão de realização da cúpula da OTAN nesta cidade não ter sido resolvida de forma democrática. A decisão foi tomada exclusivamente pelas autoridades de Chicago e por pessoas de Washington, sem ter em conta a opinião das pessoas, a quem tudo isto causa inúmeros problemas. Hoje, aqui em Chicago, entendemos o que significa ser ocupado, entendemos com o que os habitantes de Bagdá, de Cabul, de Jerusalém todos os dias se deparam – com a ocupação por parte de forças estrangeiras”.

Nicarágua

Estudantes contra ingerência do FMI

Milhares de estudantes universitários e professores nicaraguenses marcharam em protesto em 23 de maio, em diversas cidades do país contra a proposta do Fundo Monetário Internacional (FMI) de cortar subsídios financeiros às instituições de ensino superior do país.

As manifestações aconteceram em cidades como Estelí, Jinotepe, Jinotega, Juigalpa, León e na capital Managua, onde os estudantes caminharam até a sede da Assembleia Nacional em repúdio à ingerência do FMI e denunciando que 6% do orçamento geral da república para as universidades é um direito estabelecido pela constituição.

Chile

Ferve a luta estudantil

Aos menos 70 manifestantes foram detidos e três ficaram feridos durante uma nova marcha realizada no dia 16 de maio por reformas democráticas no ensino público chileno, um dos mais caros do mundo e herança do gerenciamento fascista de Augusto Pinochet.

Cerca de cem mil pessoas foram às ruas com grandes cartazes e cantando palavras de ordem. Quando a polícia interviu, os estudantes arremessaram pedras e coquetéis molotov para deter o avanço dos carabineros. O ato percorreu a Avenida Alameda e terminou nas imediações do centro cultural Estação Mapocho.

Peru

Humala decreta estado de emergência

Rafael Gomes Penelas

No dia 28 de maio, pelo menos duas pessoas morreram após o ataque da polícia contra o oitavo dia de protestos de mineiros e da população de Espinar contra a mineradora Xstrata, na região de Cusco, no sul do Peru. Nesse mesmo dia, os trabalhadores de minas peruanos iniciaram uma greve, prevista para durar oito dias. No primeiro dia de paralisação, pelo menos 20 policiais e 24 manifestantes ficaram feridos.

A população bloqueou estradas com troncos de árvores para impedir o avanço das forças policiais, que atacaram os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

O gerenciamento Ollanta Humala decretou ‘estado de emergência’ por 30 dias na província de Espinar, devido à radicalização dos embates com o aparato repressivo enviado à região para impedir os protestos.

A população se posiciona contra a operação da mina de cobre Tintaya, da mineradora suíça Xstrata, que está provocando a poluição dos rios Salado e Canipia. Os manifestantes exigem estudos ambientais na zona, criticando as mortes de diversos animais. Eles também exigem que a empresa aumente para 30% a atual contribuição voluntária de 3% dos lucros feita para o desenvolvimento econômico local.

A semana que antecedeu o início da greve também foi marcada por violentos confrontos entre os trabalhadores e a polícia, deixando pelo menos vinte feridos, entre eles o prefeito da cidade, Oscar Mollohuanca, que atua e é uma das lideranças da mobilização.

A luta em Espinar não é novidade no Peru. Desde o fim de 2011 a população da região de Cajamarca, no norte do país, também se lançou em jornadas de luta em repúdio ao projeto Conga e a tentativa de implantação da mineradora Yanacocha na região. Inclusive, em 4 de dezembro do ano passado, o governo chegou a decretar “estado de emergência” devido à radicalização da luta popular.

Ollanta Humala, além de decretar ’emergência’ em Espinar, deu declarações ao monopólio da imprensa alegando que por trás dos protestos atuam “grupos violentos que promovem uma reivindicação extremista”.

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