Chile: protestos no aniversário do golpe
Rafael Gomes Penelas
As ruas de Santiago se transformaram em verdadeiros campos de Batalha
Milhares de chilenos foram às ruas nos últimos dias 9, 10, 11 e 12 de setembro em manifestações que lembraram o 39° aniversário do golpe militar no país, em 11 de setembro de 1973. Ainda no dia 9, oito pessoas foram presas. No dia 12, mais violentos confrontos entre manifestantes e a polícia foram registrados. Nos protestos, dez manifestantes ficaram feridos, entre eles um adolescente de 16 anos por disparo de arma de fogo, e pelo menos 255 detidos.
Os enfrentamentos ocorreram em diversos pontos da capital Santiago, locais que viraram verdadeiros campos de batalha. Bombas e jatos d’água da tropa de choque contra paus, pedras, bombas caseiras e barricadas dos manifestantes.
Um ônibus e quatro automóveis foram incendiados. Um carabinero (policial) foi morto após ser atingido por arma de fogo no norte de Santiago e, segundo o general do corpo policial, Luis Valdés, mais 26 membros de sua corporação também ficaram feridos, três deles baleados em estado grave.
Tradicionalmente, todos os anos a população chilena vai às ruas em todo o país lembrar os anos de chumbo e homenagear os filhos e filhas do povo assassinados durante esse período sangrento de sua história.
USA: tão torturador quanto Khadafi
Hugo R C Souza
Preso líbio mostra as marcas da tortura sofrida em prisão secreta
No dia 5 de setembro a organização “humanitária” Human Rights Watch (HRW) divulgou um relatório intitulado “Entregues às mãos inimigas: como o USA liderou o abuso e a entrega de opositores à Líbia de Kadafi”, sobre o sequestro, prisão e tortura de 14 líbios inimigos do regime da velha raposa do deserto em prisões secretas da CIA no Afeganistão na sequência dos acontecimentos de 11 de setembro de 2001 no USA.
O relatório, produzido com base nos depoimentos dos próprios sequestrados, diz que eles foram acorrentados a paredes, algumas vezes nus ou apenas com fraldas, em celas completamente escuras e sem janelas durante “semanas ou meses”; ou golpeados e jogados com força contra a parede, e submetidos a uma clausura durante quase cinco meses sem poder tomar banho. Eles Foram também obrigados a se manter em posições muito dolorosas durante longos períodos, em condições de aglomeração e privados do sono mediante o uso de “música ocidental de alto volume”.
O relatório é mais uma prova documentada da hipocrisia como estratagema do imperialismo, tendo em vista que um dos principais álibis para a invasão da Líbia pelas potências capitalistas, USA incluído, foi a perseguição política sistemática de Khadafi aos seus opositores.
Paquistão: 300 operários mortos em incêndio
Incêndio expôs a situação precária em que trabalham os operários
Correu o mundo a notícia da morte de cerca de 300 trabalhadores de uma fábrica têxtil localizada na cidade de Karachi, no sul do Paquistão, na madrugada do último dia 12 de setembro.
Segundo a agência Correovermello a fábrica era um autêntico cárcere onde os trabalhadores realizavam seus serviços em condições precárias, além de carecer dos devidos equipamentos de segurança e anti-incêndio. No momento do incêndio, cerca de 450 funcionários estavam trabalhando.
Karachi é uma megalópole com cerca de 17 milhões de habitantes e centro do setor industrial paquistanês, onde milhões de pessoas trabalham em condições subumanas.
Esse incêndio foi o segundo acidente grave em menos de 24 horas no país. Horas antes, uma fábrica de sapatos da cidade oriental de Lahore causou a morte de 20 pessoas.
Peru: professores em greve
Em 7 de setembro, a agência Correovermello informou sobre a continuidade da greve dos docentes peruanos e as mobilizações em diversas partes do país. Mais de 10 mil professores, conduzidos pelo Sindicato Unitário de Trabalhadores do Peru (Sutep), protestaram pelas ruas da capital, Lima, exigindo melhores salários e condições de trabalho.
Em Huancayo, milhares de professores se dirigiram até a frente da Direção Regional de Educação de Junín e bloquearam o aceso ao edifício por mais de uma hora. A radicalização do movimento é levada a cabo por uma ala radical do Sutep dirigida por Robert Huaynalaya.
A gerência Ollanta Humala criminaliza a greve e a ministra da educação, Patricia Salas, afirmou que, desde que a greve foi declarada ilegal, os professores em greve terão descontos no pagamento.
Além das reivindicações econômicas, a categoria levanta a bandeira em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade, e a destinação de seis por cento do PIB para a área.
Inglaterra: preço em alta e educação em baixa
Paulo Prudêncio, de Londres
A partir desse segundo semestre de 2012 os estudantes universitários da Inglaterra vão precisar pagar até 9 mil libras (aproximadamente 29.700 reais) por ano para estudar. O governo inglês aumentou as tarifas e está prejudicando a vida de 384 mil estudantes.
Comparando com os outros países britânicos, o ensino inglês é disparado o mais caro. No País de Gales e na Irlanda do Norte as tarifas podem chegar a 3.500 libras e na Escócia o ensino superior continua gratuito. Os preços para estudar na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte são os mais caros de toda a Europa e é exatamente por isso que nesse semestre houve uma queda de 8,8% no número de estudantes matriculados na Inglaterra.
Dívida
O sistema de ensino superior inglês tem atingido contornos insuportáveis para quem precisa formar e adquirir um emprego para pagar os estudos. A estimativa é que, com esse reajuste, os estudantes formem com uma enorme dívida de até 59 mil libras (equivalente a 195 mil reais).
Em 2012 a qualidade do ensino secundário no Reino Unido registrou a primeira queda desde que foi implementado um sistema de avaliação geral, há 24 anos atrás. Essa queda agudizou o debate sobre a postura do governo diante da educação no país, sendo que ao mesmo tempo que a qualidade do ensino secundário sofre queda, o preço do ensino superior atinge níveis nunca vistos antes.
Pior também para estrangeiros
No dia 29 de agosto o governo inglês retirou a licença para estudantes internacionais (estudantes de fora da Europa) da London Metropolitan University.
A decisão foi tomada sob o argumento de que o desempenho dos estudantes estava abaixo do esperado. Cerca de 2.600 alunos estão sem saber o que fazer e temem ter que voltar pra casa sem a conclusão dos estudos. A imigração britânica declarou que os estudantes terão 60 dias, contando a partir do dia 1o de outubro, para encontrarem outro lugar para estudar, ou então terão que deixar o país.
A organização estudantil National Union of Students repudiou a decisão e divulgou pesquisa informando que 40% dos estudantes estrangeiros não recomendam o Reino Unido como um destino para estudos e declaram que é grande o sentimento de não serem bem-vindos ao país.
Revolta iminente
Há pouco mais de um ano a Inglaterra foi palco de gigantesca revolta popular, com milhares de jovens nas ruas protestando contra a piora da qualidade de vida e também da educação. Apesar disso, o governo segue tomando decisões que pioram ainda mais a vida dos jovens e a bolha de paciência dos estudantes está prestes a estourar novamente. O verão de festas olímpicas já acabou e os reflexos da crise econômica voltam a ter mais relevo na vida dos britânicos. Na imprensa, nos metrôs e nas esquinas de Londres, a sensação é que algo está para acontecer muito em breve.