Notas internacionais

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Kirchners versus Clarín é briga deles

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Em meados de setembro os deputados argentinos aprovaram a nova Lei de Radiodifusão do país, enviada ao Congresso pela administração de Cristina Kirchner. Na prática, trata-se de uma ofensiva do grupo de poder que ocupa a Casa Rosada e domina o Parlamento contra o grupo Clarín, monopólio midiático que está para a Argentina mais ou menos como as Organizações Globo estão para o Brasil. A nova lei servirá não para democratizar o acesso à produção da informação na Argentina, como o casal Kirchner tenta fazer crer, mas sim para incrementar o braço argentino do monopólio internacional dos meios de comunicação, facilitando a entrada neste ramo de grupos empresariais mancomunados com Néstor e Cristina. Assim que a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou a tal lei, a gritaria contra os Kirchners ecoou aqui, no Brasil, com a Globo e congêneres se solidarizando com os proprietários do grupo Clarín, que não tardaram em sacudir a braços firmes a bandeira demagógica da "restrição à mídia". Como na briga entre a Globo e a Record, este é mais um caso em que as partes só se alinham mesmo no esmero antipovo.

AUC confessam milhares de assassinatos

Os paramilitares colombianos ligados a partidos de direita, apoiados pelas sucessivas gerências de Bogotá e financiados pelo USA, confessaram ter assassinado 24 mil pessoas nos últimos 22 anos, entre camponeses e ativistas, a título de combate ao tráfico de drogas. Na Colômbia, dezenas de  deputados da base de apoio do gerente Álvaro Uribe estão envolvidos com a chamada "parapolítica", por meio da qual grupos paramilitares sustentados pelos nobres parlamentares aterrorizam comunidades e impõem a variante colombiana do voto de cabresto em tempos de farsa eleitoral. O próprio irmão de Uribe, Santiago Uribe, chegou a integrar um grupo paramilitar chamado "Os Doze Apóstolos", que mais tarde veio a se integrar às Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC). Além das exatas 24.005 mortes que têm nas costas, reconheceram que recrutaram pelo menos 1.020 menores de idade para integrarem as AUC, e admitiram ter sido responsáveis pelo desaparecimento de mais de duas mil pessoas. Segundo relatório da unidade de Justiça e Paz da Procuradoria-Geral colombiana, até o dia 31 de julho deste ano nada menos do que 239.758 cidadãos colombianos haviam sido vítimas de algum tipo de violência perpetrada por esses esquadrões paramilitares, o que inclui ainda extorsões e estupros. Suas vítimas preferenciais são  crianças, mulheres, sindicalistas e indígenas. Esta é a verdadeira natureza da dobradinha entre as classes dominantes colombianas e o imperialismo ianque — parceria que continua com Obama. No dia 13 de setembro, o jornal colombiano El Tiempo publicou reportagem mostrando que 40 ex-integrantes de falanges paramilitares estão sendo treinados em uma fazenda localizada entre Medelim e Bogotá para atuarem em Honduras, a fim de fazer a "segurança" de latifúndios naquele país.


PV agora quer mago da literatice para palanque de Marina Silva

O Partido Verde, agremiação reacionária que anda se apresentando e sendo apresentada pelo monopólio dos meios de comunicação como uma alternativa "ética" e "não-institucional" visando o pleito de 2010, anunciou que está em busca de celebridades para incrementar sua colaboração com a farsa eleitoral que se avizinha. Depois de cooptar Augusto Cury, autor de livros de auto-ajuda que fazem sucesso entre a "classe média", e de aliciar o também autor de livros de auto-ajuda e vereador de São Paulo pelo PSDB, Gabriel Chalita, agora o PV vai atrás do "mago" Paulo Coelho, escritor de qualidade (muito) duvidosa — porém de marketing para lá de eficiente — que costuma dar as caras no Fórum Econômico Mundial, convescote da oligarquia de financistas e demagogos do mundo, realizado no início de cada ano nos Alpes suíços. O PV sequer faz questão de esconder sua estratégia eleitoreira, mais torpe ainda do que outras quaisquer: na ausência de quadros partidários que possam ao menos fingir que têm alguma consistência política para viabilizar fortes candidaturas estaduais — necessárias para dar alguma sustentação à candidatura nacional de Marina Silva — a idéia é catar rostos conhecidos para pedir votos, não importa que não tenham qualquer afinidade com o programa político do partido. É mais um episódio que desnuda o caráter farsesco, demagogo e oportunista dos sufrágios organizados pela burguesia e patrocinados pelo poder econômico, os realizados aqui ou em outras "democracias" quaisquer.

Trabalhadores da France Telecom: 23 suicídios

Nos últimos 18 meses, nada menos do que 23 funcionários da transnacional francesa de telecomunicações France Telecom puseram fim à própria vida. O período em que aconteceram as mortes coincide com o processo de "reestruturação" da companhia, privatizada em 1997, que vinha sendo levado a cabo por seus gerentes. Não é de hoje que os sindicatos denunciam os métodos draconianos de gestão empregados na France Telecom. Ultimamente, os trabalhadores da empresa vêm sendo submetidos a mudanças abruptas de função, remanejamentos sumários e pressões para forçar a aposentadoria precoce, em um coquetel de estresse que está diretamente ligado à onda de suicídios. Desde que foi privatizada e passou a ser cotada na bolsa de valores, a transnacional já cortou 70 mil postos de trabalho. A crise do capitalismo ora em curso vem servindo de pretexto para acelerar o processo ininterrupto de demissões e precarização das condições de trabalho. A tragédia dos 23 suicídios foi encarada pela direita que governa a França como um incêndio a ser apagado, e a administração de Nicolas Sarkozy interveio na sanha feroz da gerência da France Telecom (o Estado francês ainda é o maior acionista da empresa), pedindo aos seus capatazes que abrandem o ritmo das degolas e humilhações ao menos temporariamente.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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