Clinton e o trabalho escravo (1)
O Judiciário brasileiro acaba de livrar a cara do ex-gerente geral dos USA, Bill Clinton e de seus sócios magnatas da Usina Brenco, acusados de manter trabalhadores escravos em duas cidades de Goiás.
Há poucas semanas, a empresa de produção de álcool obteve um mandado de segurança proibindo o governo federal de incluí-la na lista negra do Ministério do Trabalho.
Além de Clinton, a Brenco (Brazil Renewable Energy Company — Companhia Brasileira de Energia Renovável, em português) pertence ao ex-presidente da Petrobrás, Henri Phillipe Reischtul; ao ex-presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn; ao ex-dirigente da America On Line (AOL)-Time Warner, Steve Case e a Vinod Khosla, milionário indiano radicado no USA que criou a Sun Microsystems.
Com esse "favor" da justiça, a usina dos gringos já pode outra vez conseguir financiamento e outras benesses de instituições públicas. A lista negra possui hoje 205 nomes de empresas infratoras. Mas o número real deve ser bem maior, pois conforme a OIT a grande maioria do trabalho escravo no Brasil não é conhecido e nem punido.
O flagrante na Brenco foi dado em fevereiro e março de 2008, quando 133 trabalhadores foram encontrados em condições degradantes em acampamentos da empresa, nas cidades goianas de Campo Alegre de Goiás e Mineiros.
Clinton e o trabalho escravo (2)
A situação em que estavam os 133 operários mostra bem a verdadeira face dos capitalistas e desmascara seus discursos de "direitos humanos" e de "defesa da ecologia".
Nas duas cidades, a Brenco usou o velho sistema dos "gatos" (contratadores de mão de obra) para enganar e humilhar os trabalhadores.
Em Mineiros, os homens, que prestavam serviço em duas usinas da empresa no município, foram "hospedados" em locais superlotados e em péssimas condições. Comida ruim, todas as instalações sanitárias inadequadas. Numa das casas, 15 pessoas dormiam num mesmo quarto. Em outra, a chuva havia molhado todos os colchões.
Em Campo Alegre de Goiás, as pessoas, além de estarem pessimamente alojadas, ainda eram obrigadas a pagar aluguel ao "gato". Segundo os fiscais que deram o flagrante, o alojamento era sujo, com ratos e baratas. O chuveiro estava quebrado e com risco de choque. Os quartos não tinham armário e tudo estava pelo chão: lixo, roupas e pertences dos operários. Um dos quartos, com 11 metros quadrados, era dividido por sete trabalhadores.
A empresa de Clinton e seus sócios magnatas foi criada em 2007, possuindo cinco usinas de etanol. Está construindo outras cinco, todas na região de fronteira entre Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No seu sítio na internet, anuncia que será uma das maiores do mundo no ramo até 2015. Com o tratamento que dá a seus operários e com os financiamentos públicos (bancados pelo povo brasileiro), agora liberados pela justiça, provavelmente conseguirá.
Unibanco condenado
No final de julho, o Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso determinou que o Unibanco indenizasse uma ex-funcionária em R$ 80 mil por danos morais. O banco obrigava a trabalhadora a se insinuar com roupas curtas para os clientes para cumprir metas de produção. Além disso, era obrigada a participar de festinhas fora do horário de serviço. "Os atos giravam à beira da prostituição", disse o advogado. O monopólio da imprensa fingiu que não viu.
Fascismo mal disfarçado
Choque de ordem no Rio, Tolerância Zero em São Paulo e que outros nomes possam inventar para criminalizar a pobreza e reprimir o povo, não passam de leis fascistas em um arremedo de democracia gerenciado pelo oportunismo.
O município de Assis, no interior de São Paulo, assumiu posto de destaque na fascistização do Estado Brasileiro com a aplicação da lei ‘contra a vadiagem’, que andava meio esquecida desde o gerenciamento militar. O prefeito não deve porém se gabar de sua posição de vanguarda, pois seus colegas da burocracia estatal são muito criativos no que se refere a espezinhar o povo e logo sua "atitude pioneira" será superada e tratada de branda.
A tal lei anti-vadiagem está no artigo 59 da Lei de Contravenções Penais. ‘Ficar sem fazer nada, sendo apto para o trabalho’, é considerado vadiagem. A pena para esse tipo de ‘contravenção’ é prisão de 15 dias a três meses. Logicamente ela não se aplicaria a Jorginho Guinle que recebeu sua herança ainda novinho e levou toda sua vida na gandaia sem nunca bater um prego em uma barra de sabão.
Além de o conceito de ficar sem fazer nada também se aplicar a camelôs, visto que são reprimidos por tal atividade, o problema da desocupação se resolve com direito ao trabalho, como ocorreu nos países socialistas e não com sua criminalização.
Trabalhadores resistem à truculência policial
População enfrenta a truculência da Tropa de Choque
No dia 24 de julho, cerca de 300 famílias que tomaram uma área no bairro do Curió Utinga em Belém, resistiram, bravamente, a ação truculenta da polícia, que tentava expulsá-las do local.
Batalhão de choque, bombas de gás, spray de pimenta e covardia são a resposta do Estado àqueles que tentam construir suas casas para viver com um mínimo de dignidade e criar seus filhos, em uma área que ninguém sabe a quem pertence, se à COHAB ou à Cosanpa.
União, paus, pedras e muita bravura foi o que encontraram no acampamento Maria Brasil.
Povo dá surra na polícia
No dia 5 de agosto, na "Ponta do Abunã", que integra os distritos de Nova Califórnia, fortaleza do Abunã e Extrema, mil moradores da região, que reivindicam a criação de um município que integre distritos hoje divididos entre os Estados do Acre e de Rondônia, bloquearam a BR 364, no quilômetro 1040.
As polícias do Acre e Rondônia, subestimando a força do povo, se prepararam para fazer mais uma desocupação "pacífica" com balas de borracha, gás lacrimogênio e de pimenta.
A massa revoltada por seu lado, armadas com paus, pedras e coquetéis molotov, como se viu na TV e, segundo as famosas "fontes não oficiais", com armas de fogo que não foram usadas. Se metade das armas que essas "fontes" afirmam estar nas mãos do povo realmente existissem o país estaria conflagrado e os opressores não teriam vida fácil.
Após um renhido enfrentamento, as munições da polícia se esgotaram, e a massa fechou o cerco.
O resultado do confronto foi de um policial ferido, aliás muito bem tratado e medicado pelo povo, e vários outros correndo com o rabo entre as pernas. E como conseqüência houve a quadruplicação do número de ocupantes da rodovia.