PM do Rio é flagrada torturando homem preso
Policial atira na perna de suspeito rendido
Policiais Militares do Rio de Janeiro foram flagrados mais uma vez torturando um homem preso. No dia 31 de julho, a PM recebeu a denúncia de que um sequestro relâmpago estava em andamento na Barra da Tijuca, zona Oeste da capital. Os policiais abordaram e prenderam os quatro suspeitos — um deles baleado na perna — e libertaram as vítimas. Os suspeitos foram presos ao lado do condomínio Golden Green, um dos mais caros da cidade.
Na porta da delegacia, os policiais afirmaram que o suspeito ferido teria sido atingido em uma troca de tiros. Porém, horas depois do fato, um cinegrafista amador publicou imagens na internet que mostram um policial dando quatro tiros contra um muro e, em seguida, um outro policial atirando na perna de um dos suspeitos já preso. O homem, em seguida, cai no chão e grita de dor. Algemado, ele é colocado de pé e arrastado até a viatura policial. As imagens foram exibidas no dia seguinte pelo monopólio dos meios de comunicação e está disponível no blog de AND.
O suspeito baleado foi levado ao hospital Lourenço Jorge e, por ser menor de 18 anos, em seguida foi encaminhado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolecente, a DPCA.
Caminhoneiros em greve param estradas
Protesto de caminhoneiros fechou a rodovia Dutra no fim de julho
No dia 25 de julho, caminhoneiros iniciaram uma onda de protestos em ao menos quatro estados — Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina —, bloqueando estradas e exigindo o cumprimento de uma extensa pauta de reivindicações.
A categoria protesta contra os baixos valores dos fretes, a falta de segurança nas estradas, o preço do combustível e dos pedágios, a falta de regulamentação da profissão e, principalmente, contra uma série de medidas adotadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), previstas na recém aprovada Lei 12.619.
Entre essas medidas está a fiscalização pela Polícia Rodoviária Federal dos novos horários de trabalho dos caminhoneiros fixados pela ANTT. Desde o dia 30 de julho, a PRF está multando os trabalhadores que não descansarem 11 horas a cada 24 horas e pararem meia hora a cada quatro horas ao longo de todo o itinerário. Com isso, os baixos valores pagos pelas empresas aos trabalhadores pelo frete ficariam mais baixos ainda, já que as viagens, com a medida da ANTT, exigiriam mais tempo. Em alguns casos, o dobro do tempo.
— O trabalhador paga para rodar. É obrigado a aceitar os fretes baixos, senão não tem dinheiro nem para o diesel. Essa medida acabou de vez com a categoria — diz o representante do Movimento União Brasil Caminhoneiro de Minas, José Acácio Carneiro.
Os trabalhadores bloquearam as rodovias BR 282, BR 158, BR 163, BR 480, BR 262, BR 101, BR 277, BR 376, BR 467, BR 277, BR 376, BR 487 e BR 290. No dia 31 de julho, o representante do gerenciamento Roussef, presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, após se reunir com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, disse que só negociaria com a categoria se as rodovias fossem liberadas. Os caminhoneiros aceitaram liberar as rodovias em troca de uma prorrogação de 30 dias para o começo da fiscalização.
Mesmo sem o apoio da maioria das entidades que dizem representar a categoria, até o fechamento dessa edição, o movimento continuava com força total.
São José dos Campos
GM ameaça fechar fábrica e demitir em massa
No final de julho, a General Motors – GM anunciou o fechamento da fábrica em São José dos Campos, no vale do Paraíba – SP, e a demissão de cerca de dois mil trabalhadores.
Uma greve de 24 horas foi deflagrada contra o iminente fechamento, mas a mobilização não foi levada adiante.
Na madrugada de 24 de julho, após aplicar o segundo programa de demissão voluntária, a transnacional fechou e isolou o acesso a fábrica. Às 5 horas da manhã, operários se aglomeravam na porta da fábrica e foram impedidos de entrar pela polícia que cercava o local.
A GM já anunciou “licença remunerada” e trancou os portões postando seguranças em todos os acessos. Desde o ano passado a montadora vem sinalizando seus planos de demissão em massa: 356 trabalhadores foram postos para fora por meio do primeiro programa de demissão voluntária.
Centenas de operários, temerosos em perder seus empregos, mantém-se alertas e mobilizados e a GM declarou ter fechado os portões da fábrica temendo a ocupação de suas instalações, o que não ocorreu (não por falta de disposição dos trabalhadores).
No dia 25, em negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a GM “se comprometeu a não tomar nenhuma decisão sobre o provável fechamento do setor de Montagem de Veículos Automotores até o dia 4 de agosto”, quando acontecerá uma nova reunião, o que não quer dizer muita coisa.
A GM é uma entre tantas fábricas montadoras que se beneficiaram (e muito) dos acordos com o gerenciamento oportunista do PT e os cortes do Imposto sobre Produto Industrializado – IPI. Venderam como nunca, lucraram como nunca e, diga-se de passagem, pouco ou quase nada de seus lucros ficaram no Brasil.
À classe operária resta organizar-se, resistir e lutar.
Cativeiro é estourado em latifúndio
Com informações de Guilherme Zocchio, reporterbrasil.org.br
Quatro trabalhadores em situação análoga à de escravos foram libertados no município de Nova Monte Verde – MT, a 950 km da capital Cuiabá, aplicando veneno em pastagens de uma fazenda de gado de corte. Apesar de exercerem atividade considerada de risco à saúde, pela possibilidade de intoxicação, eles não tinham equipamentos de proteção individual necessários ou treinamento para a aplicação de agrotóxicos. Além disso, o grupo vivia em condições degradantes, sem instalações sanitárias ou acesso à água tratada.
A ação aconteceu em 13 de junho e, além do Grupo Especial de Fiscalização Móvel da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, contou com a participação do Ministério Público do Trabalho – MPT e apoio de policiais do Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil local.
Os trabalhadores resgatados eram obrigados a lavar as roupas sujas de veneno em um córrego local, onde também tomavam banho. A água para beber ou preparar refeições era retirada de um poço próximo a esse mesmo riacho, sem qualquer tipo de tratamento. Além disso, não havia instalações sanitárias no local, os quatro utilizavam o mato como banheiro. O alojamento era de madeira, rústico e impróprio. Eles também não recebiam alimentos, o que os obrigava a conseguir as refeições por conta própria.
O latifúndio, cujos proprietários não tiveram seus nomes divulgados, possui 14 mil hectares e presença de cerca de 5 mil cabeças de gado.
Os quatro trabalhadores também não tinham carteira assinada e recebiam o pagamento apenas quando os trabalhos eram terminados.
Eles foram contratados em um escritório em Alta Floresta – MT, e não sabiam, de antemão, o quanto receberiam.
Uma audiência administrativa realizada no MPT estabeleceu que os latifundiários pagassem R$ 5 mil a cada trabalhador por danos morais além de verbas rescisórias que totalizaram R$ 11.300.