Em 2009, as Guerras Populares dirigidas por partidos maoístas elevaram a luta de classes a patamares mais elevados nessa nova onda da revolução proletária mundial em curso. Particularmente na Índia e no Peru, onde respectivamente o PCI (maoísta) dá saltos sucessivos impulsionando a Guerra Popular, expandindo o “Corredor Vermelho”, mobilizando milhares de massas camponesas e povos originários e no Peru, apesar das poucas informações vindas de agências ou do próprio retumbar das novas ações empreendidas pelos guerrilheiros maoístas no VRAE (Vale dos rios Apurymac e Ene), chegam cada vez mais notícias de ataques, emboscadas e vitórias da Guerra Popular dirigida pelo PCP, tantas vezes declarada “finda”, tantas vezes renascida no fogo dos combates das selvas peruananas. Além dessas, se mantém acesa a chama da Guerra Popular nas Filipinas e Turquia, sobre as quais a falta de notícias se dá pela raríssima divulgação de algumas de suas ações através do monopólio da comunicação e às dificuldades de tradução, o que não quer dizer que não prossigam combatendo com heroísmo em seus países.
Maoístas nas florestas indianas
Índia
Na índia, atualmente, a Guerra Popular se desenvolve formidavelmente. O Partido Comunista da Índia Maoísta atua em 14 dos 28 estados da do país (Chhattisgarh, Jharkhand, Uttar Pradesh, Asma, Uttaranchal, Kerala, Tamil Nadu, Bengala Occidental, Gujarat, Andhra Pradesh, Madhya Pradesh, Orissa, Maharashtra e Bihar – ver mapa), o que, em números, significa que os maoístas controlam 182 dos 602 distritos do país. Sua progressão acelerada indica que começa a se estender para as cidades, especialmente as zonas operárias de Delhi, Mumbai, Raipur, Pune e Jammu, onde alternam as ações propagandísticas com as militares. O próprio governo indiano calculava em 2007 que de 30% a 35% do território estavam sob controle maoísta, porcentagem que deve ter crescido acentuadamente.
Apesar das tentativas do velho Estado de aniquilar seletivamente as lideranças maoístas, tendo inclusive prendido alguns dirigentes do PCI (maoísta), no campo a Guerra Popular segue derrotando as forças da reação. Uma grande mobilização entre os povos adivasi no estado de Bengala Ocidental amedronta todos os reacionários. O Estado indiano lançou uma campanha de criminalização contra o Partido Comunista da Índia (maoísta) e está em plenos preparativos para a “caçada verde”, que consiste em uma operação militar sem precedentes envolvendo mais de 100 mil soldados para combater a Guerra Popular nas zonas florestais do “Corredor Vermelho”, que é como o monopólio da imprensa designa os estados com trabalho dos maoístas. Uma parcela significativa da intelectualidade indiana recentemente se posicionou contra as atrocidades policiais e o plano de genocídio nas selvas indianas, lançando manifesto com centenas de assinaturas de personalidades democráticas da Índia e de outros países.
Após uma onda de perseguições, prisões e torturas de militantes democráticos e revolucionários, em outubro último, o Comitê de Luta Contra as Atrocidades Policiais, organização de caráter popular-revolucionário, se converteu em milícia popular, comandando a tomada de armas e ataques contra as forças de repressão do velho Estado, instituindo a auto-defesa armada das massas revolucionárias indianas.
Grande manifestação adivasi em Crissa
Os maoístas indianos, também chamados de naxalitas, e seu partido, o PCI (maoísta) conduzem uma heróica luta naquele país de um bilhão de habitantes, orientando como um farol a luta revolucionária naquele continente e em todo o mundo.
Reproduzimos um trecho, pela primeira vez em português, de uma carta aberta dirigida ao Partido Comunista do Nepal (Maoísta), hoje denominado Partido Comunista Unificado do Nepal (Maoísta) pelo Birô Político do Partido Comunista da Índia (maoísta), datada de 20 de maio de 2009. Nela os comunistas indianos expõem suas críticas e pontos de vista sobre a condução da atual direção do partido nepalês que o conduziu à capitulação da Guerra Popular, disputa e vitória nas eleições, dissolução do Exército Popular de Libertação, entre outras posições. Esta carta do PCI (m) ao PCUN(M) significa uma importante contribuição na atual luta ideológica no seio do Movimento Comunista Internacional sobre a sua linha geral.
“Uma vitória do maoísmo no Nepal, ou pelo menos a consolidação de uma base em vastas áreas no país, teria dado origem a uma nova situação no sul da Ásia, Nepal e um novo avanço rumo ao socialismo, teria se tornado um ponto focal, um ponto de inflexão, para as forças revolucionárias na região, bem como para todos os anti-imperialistas, nacionalistas e forças verdadeiramente democráticas. Teria também desempenhado um papel significativo na Frente Única contra o imperialismo, nas lutas de libertação nacional e lutas revolucionárias, reforçando assim a causa da revolução mundial.
Mas o governo liderado pelo PCN(M) sob a direção do camarada Prachanda, pelo contrário, nem sequer condenou a agressão sionista de Israel e brutal massacre de palestinos em Gaza. É realmente preocupante e alarmante ver esse nacionalismo estreito, uma política de apaziguamento para com o imperialismo e uma abordagem não-proletária, por parte do PCN(M).
A mesma abordagem do PCN(M) é vista nas relações com a Índia também. Com Prachanda, logo após a vitória eleitoral, passou-se a louvar o papel desempenhado pelas classes dominantes indianas na formação da aliança entre os maoístas e Estado indiano para uma “suave transição pacífica” da monarquia para a democracia parlamentar no Nepal. E quando Prachanda visitou a Índia em setembro, ele deu um passo para entabular relações com os piores líderes reacionários do chauvinista partido BJP hindu como LK Advani, Murali Manohar Joshi e Singh Rajnath. A quais interesses de classe que todos eles servem? Essas não são manifestações graves de oportunismo por parte do PCUN (M) e abdicação de todas as normas do proletariado em relações fraternas? Apelamos a toda as fileiras do PCUN (M) para abandonar essas posições nacionalistas burguesas (se é que estes se qualificam assim), avessas à política do proletariado, que se desviam totalmente do marxismo-leninismo-maoísmo e do internacionalismo proletário.
Nosso Comitê Central tem observado e estudado as deliberações da conferência nacional do PCN(M) realizada em novembro de 2008. Estudou os dois documentos apresentados pelos camaradas Prachanda e Mohan Baidya e os vários escritos de seus líderes do Partido nas suas revistas e jornais. Enquanto a luta interna do Partido é um sinal encorajador e um desenvolvimento positivo na vida do partido, é muito importante garantir que ela seja realizada de uma forma mais profunda, destemida e sincera para o estabelecimento de uma linha correta revolucionária através da participação coletiva de todo o Partido.
Agora que o governo liderado pelo companheiro Prachanda entrou em colapso após a retirada do apoio por parte da UML e outros a mando das classes dominantes indianas, imperialistas americanos e os reacionários locais, a direção do Partido deve ser bem mais clara, de forma que todos compreendam como os reacionários gerenciaram o show nas linhas internas e externas para impedir a demissão do chefe do Exército pelo primeiro-ministro. Este é um aviso claro para os maoístas no Nepal, que eles não podem fazer o que quiserem através do seu governo eleito que seja contra a vontade dos imperialistas e expansionistas indianos. Pelo menos agora eles devem perceber a imprestabilidade de entrar no jogo eleitoral ao invés de concentrar-se na luta de classes construindo e avançando a guerra popular no campo.
Eles devem retirar o Exército Popular de Libertação das áreas de supervisão da ONU que servem como prisões para os lutadores do povo, reconstruir os órgãos do poder popular revolucionário em seus vários níveis, retomar e consolidar as bases de apoio, e expandir a guerra de guerrilha, a luta de classes e as lutas de massas por todo o país. Não há nenhum atalho para alcançar o poder real para o povo. Se a liderança do Partido hesita em continuar a Guerra Popular neste momento crítico da história e persistir na atual linha de direita oportunista, então a História vai registrar sua atual direção como responsável pelo aborto de uma revolução no Nepal.
Peru
Luiz Inácio aperta as mãos sujas de sangue de Alan García
Luiz Inácio e Garcia tramam repressão
O governo do Peru deseja adquirir aviões de combate EMB-314, o “Super Tucano” produzidos pela Embraer, para combater a Guerra Popular no Peru.
Esta informação parte de uma declaração do Ministro da Defesa peruano, Rafael Rey, durante visita oficial do gerente Luiz Inácio a Lima, em 10 de dezembro último.
Este e outros acordos entre os dois gerenciamentos submissos ao imperialismo têm em vista aumentar a repressão sobre o povo em luta naquele país.
Já em seu primeiro gerenciamento (1985-1990) Alan García destacou-se perante seus amos do império como serviçal e genocida. Em 18 e 19 de junho de 1986, Cerca de 250 prisioneiros de guerra, combatentes revolucionários e filhos das massas exploradas e oprimidas — são assassinados pelas forças armadas e policiais sob suas ordens. A maioria era composta de militantes do Parido Comunista do Peru — PCP e tombaram em combate nos presídios de Lurigancho , El Callao e na ilha de El Frontón. Homens e mulheres que não se renderam à prisão e à tortura nas masmorras do velho Estado reacionário.
No atual gerenciamento, García continua sua fúria sanguinária assassinando indígenas e camponeses, como foi o caso do massacre de Bagua, em 05 de junho de 2009. Contando ainda com as bases militares ianques, tem patrocinado assassinatos na região do VRAE.
Confrontos entre camponeses e polícia terminam em morte no norte do Peru
Enfrentamento entre camponeses e a polícia, em Cajas Canchaque, norte do Peru, no dia 2 de dezembro, deixou dois mortos e 11 feridos. É crescente o descontentamento das massas camponesas nas áreas rurais onde atua a companhia mineradora Rio Blanco.
Três agentes da polícia também foram feridos durante o enfrentamento.
Na mesma data foi divulgado outro confronto relacionado com mineradoras no Peru que também resultou em duas mortes. Dessa vez foi na mina de cobre chineza Zijin. Oito pessoas ficaram feridas e outras duas foram detidas.
Cresce a revolta da população camponesa que se levanta em explosões de massa e enfrentamentos com a polícia. Os fatos mais graves ocorreram na Amazônia peruana, província de Bagua, quando mais de 250 camponeses foram mortos e mais de 150 ficaram feridos durante os enfrentamentos entre os povos Aguaruna-Huambisa, em pé de guerra contra o Estado peruano e o Tratado de Livre Comércio com o USA e se opõem à exploração petrolífera por empresas estrangeiras na selva.