Notícias da Revolução Agrária

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Minas Gerais

300 famílias tomam o latifúndio Santa Elóia

As famílias organizadas pelo MST tomaram, em14 de agosto último, o latifúndio Santa Elóia, no município de Engenheiro Navarro, Norte de Minas Gerais.

A área de 1.400 hectares era controlada pelo latifundiário Clarindo Ribeiro Veciane, que segundo os camponeses, mora no Rio de Janeiro e raramente visitava a área. 

As famílias reivindicam a desapropriação imediata do latifúndio e a vistoria de outras áreas para assentamento de mais famílias.


Camponeses surpreendem Copam e desmontam plano de expulsão 

Com informações de resistênciacamponesa.com

No dia 10 de agosto, os camponeses do Acampamento Trevo – Porto Agrário, município de Juvenília, no extremo Norte de Minas Gerais chegaram de surpresa à 63ª reunião ordinária do Conselho Estadual de Meio Ambiente – Copam, realizada na Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes,  e cobraram explicações daqueles que indeferiram a licença ambiental para implantação do projeto de assentamento.

AND publicou a saga dos camponeses do Trevo em sua última edição (ver nº68). Pela primeira vez as famílias camponesas ficaram frente a frente com os conselheiros do órgão.

A questão do Trevo não estava em pauta, mas os camponeses que viajaram 400km até Montes Claros fizeram-se ouvir.

Após expor detalhadamente a situação das famílias do acampamento Trevo e da população de Porto Agrário, um camponês salientou:

Sei que os senhores votaram sem saber destes detalhes, mas que agora estão esclarecidos, nós não viemos aqui antes porque nunca ficamos sabendo, pois decidem e depois é que somos sabedores, mas agora vocês podem saber também que lá, em Porto Agrário, tem um povo, seres humanos, que não somos contra a natureza, que defendemos onde  moramos e que ninguém  queira que nós viremos bicho! Não viemos aqui hoje para brigar, e faço um apelo para que os senhores reflitam melhor sobre esta decisão e que no futuro os senhores não se arrependam, pois nós não vamos sair da terra!

Desconcertados, os conselheiros do Copam encerraram o debate e no encerramento da reunião, os camponeses foram cumprimentados por alguns dos conselheiros que deram compromisso de voto favorável às famílias do acampamento Trevo.

São Paulo

Camponeses exigem terras do Estado

No dia 9 de agosto, cerca de setenta famílias organizadas pelo MST tomaram parte do latifúndio Mamedina, em Borebi, a aproximadamente 45 quilômetros de Bauru, interior de São Paulo.

O latifúndio Mamedina pertence ao Núcleo Colonial Monção. Uma parte dessas terras foi adquirida pela União e outra parte foi recebida como forma de pagamento de dívidas da Companhia de Colonização São Paulo/Paraná e deveriam ser destinadas para fins de reforma agrária. Este núcleo colonial é constituído por um grupo de fazendas que totalizam 40 mil hectares, estendendo-se pelos municípios de Agudos, Lençóis Paulista, Borebi, Iaras e Águas de Santa Bárbara.

A área tomada possui cerca de 500 hectares e é objeto de disputa entre especuladores, porém os camponeses afirmam que são terras da União. O latifúndio possui no total mil hectares, sendo que a outra metade ainda não tomada das terras é reclamada pela Lutepel, de Lençóis Paulista.

Pará

Pistoleiros atacam famílias próximo ao latifúndio Marambaia

No início do mês de agosto, centenas de camponeses acamparam na altura do km 48 da PA-275, em frente ao latifúndio Marambaia, município de Curionópolis – PA.

Os camponeses denunciam que nos dias 5 e 6 de agosto bandos de pistoleiros dirigidos por latifundiários atacou os acampados.

A página do MST – Pará publicou no dia 13 de agosto uma declaração do Sargento Marco Antonio, da Tropa de Choque da PM, afirmando que “os fazendeiros estavam fortemente armados, atirando contra o pessoal do movimento, foram eles que fecharam a rodovia, mas infelizmente não conseguimos autuá-los em fragrante e agora precisamos de um mandato de busca e apreensão do delegado da policia civil da região para procurarmos as armas”.

Dezenas de policiais dos batalhões táticos de Marabá, Parauapebas, Xinguara, Redenção e Belém, bem como do Comando de Operações Especiais – COE e do Batalhão de Choque de Belém foram mobilizados para reprimir as famílias.

A página do MST – Pará na internet ainda noticiou que os latifundiários e pistoleiros interromperam o trânsito para impedir o deslocamento dos camponeses e que durante todo o tempo os policiais foram “abastecidos pelos fazendeiros com água e lanches em intervalos de uma hora”.

Mato Grosso do Sul

Povos indígenas seguem sendo dizimados

Com informações do Cimi

O Relatório de Violências Contra Povos Indígenas 2009, publicado no mês de agosto pelo Conselho Indigenista Missionário – Cimi) revela a dizimação do povo Guarani Kaiowá. Dos 60 assassinatos de indígenas registrados em todo o país no ano de 2009, 33 ocorreram no Mato Grosso do Sul.

No ano de 2009, também ocorreram 18 suicídios para uma população estimada em 40 mil Guarani Kaiowá. Proporcionalmente, estes números superam em 10 vezes a média nacional de mortes por suicídio.

A antropóloga Lúcia Helena Rangel, coordenadora do processo de elaboração do relatório, denuncia que a matança dos Guarani Kaiowá são um problema histórico. Ela afirma que este quadro se arrasta desde os anos de 1950, quando o extinto Serviço de Proteção ao Índio pretendeu alocar toda população dos Guarani Kaiowá em áreas restritas abrindo espaço para a penetração do latifúndio.

Ela denuncia que “algumas áreas indígenas estão dentro de fazendas e os índios não conseguem viver do seu modo. Isso gera muitas tensões e conflitos até entre os próprios índios” e acrescenta que “nos últimos dez anos, houve um aumento na área do agronegócio. Com a cana e a produção do etanol, há uma fome de produção do etanol que não admite respeitar os direitos dessas unidades sociais. Eles querem que os índios acabem, fiquem confinados. Nós consideramos que o caso do Mato Grosso do Sul é de genocídio”.

Lúcia Helena Rangel ainda relata que “as lideranças que estão na frente desta luta pela demarcação são perseguidas e incriminadas como se fossem bandidos” e que “quando uma aldeia é atacada por policiais à paisana, que entram atirando, e os índios se defendem, eles acabam presos e não os agressores”.

Índios assassinatos em todo o Brasil

A Bahia aparece em segundo lugar entre os estados em que mais índios foram assassinados no Brasil, com sete casos. Maranhão, Pernambuco e Rio Grande do Sul tiveram três casos cada. No Paraná, em Santa Catarina e no Acre ocorreram dois assassinatos em cada estado. Um indígena foi assassinado em cada um dos seguintes estados: Mato Grosso, Rondônia, Roraima, São Paulo e Tocantins. A maioria desses casos de assassinatos se deram em confrontos contra bandos de pistoleiros a mando do latifúndio que estende suas garras sobre as já restritas áreas indígenas.

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