Os primeiros cinco anos da atual década no Peru foram uma sequência de revelações de casos de corrupção e crimes perpetrados pela máfia encabeçada por Fujimori e seu nefasto assessor Vladimiro Montesinos, estes obscuros personagens demonstraram uma voracidade insaciável de dinheiro e poder sem medir escrúpulos.
Nos tempos atuais, poucos anos depois dessa emergência da podridão do velho Estado peruano, alguns ventos trouxeram rumores de ascensão da economia peruana, da renovação da política neste país sul-americano ao ponto de serem ouvidas declarações a respeito de um possível "milagre econômico". Ainda assim, não tardou muito e apareceu novamente o pus que emana deste Estado podre, quando foi descoberto uma asquerosa negociação petroleira em que estavam envolvidos altos dirigentes do partido do governo: APRA (Aliança Popular Revolucionária Americana) e uma empresa petroleira norueguesa, nada menos que um operador político importante do APRA, como Rómulo León Alegría, atualmente foragido da justiça, sob a cumplicidade de seus correligionários.
Diante da gravidade do assunto, o presidente peruano Alan García Pérez obrigou todo seu gabinete de ministros a renunciar, o que fizeram imediatamente para se afastar deste novo escândalo de corrupção que demonstra que o monturo da política peruana se mantém intocado.
Aproximadamente metade do gabinete foi ratificado. García Pérez se desfez de alguns de seus correligionários, pois já era conhecida a ambição e podridão que infestara as fileiras do APRA. Em seu renovado gabinete, como novidade, incluiu Yehude Simon Munaro, velho militante da Izquierda Unida (Esquerda Unida), que por algum tempo esteve preso por ter se vinculado com o grupo armado "Movimento Revolucionário Túpac Amaru" (MRTA), grupo caracterizado por inclinar-se ao mercenarismo político e por ter protagonizado espetaculares sequestros que beneficiaram somente seus líderes.
Yehude Simon vinha exercendo o cargo de Presidente da Região Lambayeque e ao mesmo tempo vinha estabelecendo uma série de alianças com outros presidentes de regiões do Peru, principalmente do sul do país para pressionar o governo aprista e preparar sua futura candidatura presidencial para o ano de 2011.
Desta maneira, o autodenominado esquerdista se apresenta muito prestativo para esta grosseira maquiagem ao corrupto governo aprista, com a missão clara de conter as manifestações sociais que vêm crescendo em diversas regiões do Peru, país caracterizado por seu asfixiante centralismo. Ela deixa de lado, momentaneamente e de forma inexplicável, suas iniciais intenções presidenciais.
Por outro lado, restabelecendo da forma mais repugnante um pacto com Alan García e este remanescente do MRTA, como já haviam realizado no ano de 1985, quando o MRTA deu trégua ao governo aprista, assim como a troca de favores no ano de 1990, quando o governo aprista permitiu a fuga de 50 membros do MRTA do presídio de segurança máxima "Miguel Castro Castro", na cidade de Canto Grande. Era suspeita a aliança entre o APRA e o MRTA, pois sob nenhum conceito representou um apoio às forças revolucionárias, uma vez que Alan García e o primeiro ministro aprista em 1986 foram os que perpetraram um dos mais terríveis genocídios da história peruana ao assassinar, a queima roupa, centenas de presos políticos e prisioneiros de guerra nos presídios de Lurigancho, El Frónton e Santa Bárbara, membros do Partido Comunista do Peru.
As intenções de García eram não só de maquiar a decadência de sua gestão governamental, mas também de não perder a oportunidade para neutralizar futuros conflitos sociais nas diversas regiões do país, apoiado nas alianças com gente como Simon Munaro. Parece que são essas suas intenções, porque as crescentes manifestações sociais nas regiões da Sierra Sur (Serra Sul) peruana, assim como outras regiões amazônicas, vêm mostrando sua preparação, resistência diante do evidente desequilíbrio do crescimento econômico peruano que favorece as classes dominantes de Lima, mantendo a extrema pobreza a vasta população, em particular as da Sierra Sur do Peru.
Duros golpes no Exército fascista peruano
Da redação
No momento em que se evidenciam escândalos como esse no velho Estado peruano, as lutas populares seguem se ampliando. São greves de professores e estudantes, muitos protestos nas ruas e, sobretudo, várias ações armadas principalmente nas selvas peruanas que infligiram pesadas baixas ao fascista exército peruano.
Segundo a própria imprensa peruana, em 9 de outubro, uma coluna de veículos militares da base de Cochabamba Grande que circulava na estrada de Tintaypunco foi emboscada por guerrilheiros do Exército Popular de Libertação, dirigido pelo Partido Comunista do Peru. O combate resultou em 17 soldados e oficiais mortos e 11 feridos. Os soldados do EPL apreenderam 18 fuzis Galil, de fabricação israelense e não sofreram nenhuma baixa. Entre 13 e 15 de outubro outras duas ações resultaram em baixas no exército peruano na região de Vizcatan. Nessa mesma região o exército havia executado 4 camponeses, inclusive uma mulher grávida, sendo seus cadáveres encontrados por volta do dia 6 de outubro.
Essa região, compreendida pelo Vale dos Rios Apurímac e Ene (VRAE) está sob constantes operativos militares de cerco e aniquilamento do EPL. O crescimento das ações revolucionárias, no entanto, joga por terra os esforços do podre Estado peruano que constantemente tem declarado o fim da Guerra Popular no país. Há ainda a presença de 300 marines ianques em uma base militar em Ayacucho, berço da Guerra Popular dirigida pelo Partido Comunista do Peru.