No último dia 29 de agosto, o Chile viveu o segundo dia consecutivo de protestos por mudanças no sistema educacional. Milhares de manifestantes encapuzados ocuparam as avenidas Villa Francia, La Pincoya e Florida, as principais da capital Santiago.
Os carabineros (policiais) atacaram a multidão com bombas de gás lacrimogênio e jatos d’água. Nas ruas, centenas de pessoas que não participavam do protesto reclamaram do excesso de violência por parte da polícia. Mais de 200 pessoas foram presas e pelo menos 13 policiais ficaram feridos.
Devido à péssima repercussão que as ações policiais vêm tendo no Chile, e junto a isso as denúncias de abuso sexual de policiais contra estudantes, o gerente federal Sebastián Piñera, em entrevista à emissora estatal de televisão, disse que “Não vamos tolerar nenhum excesso policial… Não vamos tolerar excessos nem abusos por parte dos policiais”. Uma declaração no mínimo estranha vinda de quem ao longo dos últimos meses vem criminalizando e ordenando a repressão contra as justas manifestações dos estudantes chilenos.
Cinco dias antes, em 24 de agosto, organizações de luta pelos direitos da mulher e a porta-voz da Assembleia Coordenadora dos Estudantes Secundaristas, Eloísa González, afirmaram ter recebido cerca de 25 denúncias de casos de violência sexual de carabineiros contra estudantes detidas em protestos em defesa da educação. Ativistas e movimentos populares cobram atitudes por parte das “autoridades”.
A advogada do grupo Corporação Humanas, Patricia Rada, informou as denúncias aos membros da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Educação da Câmara, que incluem atos de nudez forçada e revistas vexatórias com toques nas partes íntimas. Os fatos lamentáveis teriam ocorrido em delegacias e nos veículos da polícia. Em 20 de agosto, algumas estudantes secundaristas vítimas dos abusos apresentaram seus depoimentos diante de um grupo de parlamentares.
“Temos recebido um conjunto de denúncias de distintas regiões distintas … Isso é uma grave violação dos direitos das mulheres… Estamos encontrando um padrão de violência sexual, não são casos isolados”, disse a presidenta da Corporación Humanas, Carolina Carrera.