Relatório descreve casos de sistemática violência dirigida a jovens e crianças palestinas
No último dia 26 de agosto foi divulgado um novo relatório da organização Rompendo o Silêncio, formada por ex-militares israelenses que, cada qual com seus motivos, resolveram tornar públicos relatos sobre as atrocidades cometidas pelo exército sionista na Palestina ocupada, e ocupada com um amplo projeto de limpeza étnica do território invadido sob o patrocínio da ONU e do USA. Neste relatório, mais de 30 ex-soldados descrevem casos de sistemática violência dirigida especificamente a crianças e jovens palestinos na Cisjordânia em operações que aconteceram entre os anos de 2005 e 2011.
Consta no relatório, por exemplo, o episódio da invasão pelo exército de Israel, em uma madrugada no ano de 2009, de todas as casas de uma cidade palestina chamada Salfit, com a ordem de prender todos os homens com idades entre 15 e 50 anos e levá-los para uma escola transformada em centro sionista de detenção.
Já de dia, dizem os ex-soldados israelenses, os detidos foram vendados e imobilizados com algemas de plástico, permanecendo sete horas seguidas sentados e sem poderem se mexer, debaixo de sol e sem água e comida. Os relatos dizem que os presos ficaram com as mãos roxas por causa da falta de circulação sanguínea. Um rapaz foi espancado porque pediu para ir ao banheiro. Tudo isso com o objetivo de arrancar-lhes informações sobre protestos de palestinos com pedras atiradas contra veículos militares israelenses nos arredores da cidade de Salfit.
São muitos os relatos sobre crianças espancadas, feridas por balas de borracha, por balas de verdade, crianças humilhadas e apavoradas, descrições de intimidações, truculências, violências físicas e psicológicas, agressões gratuitas, prisões arbitrárias, enfim, atrocidades mil que expõem um planejado, sistemático, grande e infame projeto de terror imposto aos verdadeiros donos da Palestina invadida, a fim de tentar minar-lhes a força para a resistência que há décadas combate o sionismo e a criação do ilegítimo Estado de Israel.
Soldados livres para atirar
São descrições como:
“O garoto não foi mal-educado e nem tinha feito nada para irritar. Ele era árabe”, diz um antigo sargento do exército sionista sobre a agressão gratuita a um rapaz palestino.
“Muitos dizem que os palestinos devem ser espancados, porque esta é a única forma que podem aprender”, diz outro ex-militar israelense, referindo-se à intenção de “ensinar” os jovens palestinos que eles não podem participar de protestos contra o exército sionista.
“Ele sujou as calças, eu escutei, presenciei a humilhação. Eu também senti o cheiro. Mas, eu não me importava”, diz um outro ex-sargento ao relatar a detenção de uma criança palestina.
“O cara do meu lado atirou no chão para fazê-los correr e de repente, ele disse ‘Oops!’. Eu olho e vejo uma criança sangrando no chão. Quatro palestinos foram mortos naquela noite. Ninguém falou conosco sobre isso. Não houve nenhuma investigação”, lembra mais um oficial “arrependido”…
“Você nunca sabe os seus nomes, você nunca fala com eles, eles sempre choram, sujam suas próprias calças… Há aqueles momentos incômodos, quando você está em uma missão de prisão, e não há espaço na delegacia de polícia, então você pega a criança de volta, coloca uma venda nela, joga ela numa sala e espera a polícia para vir buscá-lo na parte da manhã. Ele fica ali como um cachorro”, descreve outro ex-militar.
O relatório da organização “Rompendo o Silêncio” mostra também que os soldados de Israel estão autorizados a atirar nos palestinos para conter uma manifestação ou impedi-los de fugir, e contém ainda relatos de episódios de provocação aos palestinos para, ante uma reação, desencadear-se a violência. São episódios como alguns que aconteceram na cidade de Hebron nos quais grupos de militares israelenses jogavam granadas dentro de mesquitas durante cerimônias, ou impediam por horas a saída das pessoas após as cerimônias, até que, revoltados, os palestinos começassem a atirar pedras e coquetéis molotov, no que começava de pronto a repressão sionista.