Tocando o legítimo forró nordestino, o Trio Dona Zefa se apresenta de norte a sul do país, e também Europa. Com composições próprias, geralmente contando casos verídicos e engraçados que acontecem nos salões das casas de forró por todo o Brasil, e também resgatando forrozeiros antigos, muitos desconhecidos do povo, dois irmãos, e um amigo sanfoneiro, põem o pé na estrada divulgando a cultura popular.
– Nossos pais e todos os parentes são nordestinos. Um de nossos tios é sanfoneiro ativo lá na Paraíba, nosso avô, já bem velhinho, não deixa sua sanfona parada (risos). Começamos na música acompanhando meu tio, e em 2002 montamos nosso trio – conta Danilo Ramalho, um dos integrantes.
– O nome é uma homenagem a nossa mãe, a Dona Zefa, uma forrozeira maravilhosa. No princípio éramos os três irmãos: eu, Murilo e Marcelo. Nosso irmão sanfoneiro acabou saindo, mas o nome continuou. Atualmente, além de mim, fazem parte do trio o Murilo e o Erivaldinho, um experiente sanfoneiro de Aracajú, SE – continua.
– Tocamos o legítimo forró nordestino, conhecido como ‘forró-pé-de-serra’. E primamos muito em usar os três instrumentos principais, dos quais o mestre Luis Gonzaga fazia questão: triângulo, zabumba e sanfona. Claro que tocamos outros instrumentos, caso venha a precisar, mas procuramos não sair da nossa linha tradicional dos trios – acrescenta.
Segundo Danilo, os trios de forró foram criados e imortalizados por Luis Gonzaga.
– Ele tocava sua sanfona com um pequeno acompanhamento, mas sentia necessidade de um instrumento mais agudo e outro mais grave para acompanhá-lo, e que fosse fácil de viajar no carro com ele. Então teve a ideia do triângulo e a zabumba, que é um instrumento que parece com um fundo de bateria – fala Danilo.
– A ideia deu certo. Ele ensinou o ‘pessoal’ a tocar para poder acompanhá-lo, e assim nasceu o primeiro trio de forró, viajando de ônibus, de carro, até andando a pé por toda a parte para divulgar a música brasileira, a música nordestina. Luís Gonzaga deu realmente uma grande contribuição para a nossa música – elogia.
E seguindo esse exemplo, o Trio Dona Zefa viaja pelo Brasil inteiro, cumprindo uma agenda diversificada de norte a sul do país.
– Tocamos na Bahia, em Brasília, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no sul do país. E voltamos. Sinal de que o público aprecia. Isso sem ajuda praticamente sem divulgação na imprensa. Participamos somente do ‘Senhor Brasil’, da TV Cultura, com o Rolando Boldrin, o que é claro, é muito. Trata-se de uma programa espetacular, que valoriza a cultura brasileira – diz.
– Fora isso, divulgamos e vendemos nossos CD em shows, e usamos a internet como meio de divulgação. Também somos beneficiados pela propaganda que é feita pelo povo ‘de boca em boca’, essa tem um grande poder e sempre nos rende muito trabalho – comenta com alegria.
Turnê na Europa
No ano passado o Trio Dona Zefa passou trinta dias tocando na Europa, onde foi lançar o segundo CD do grupo.
– Por incrível que pareça, lá tivemos apoio de rádios, emissoras de televisão e jornais, que muito nos divulgaram. Tem muitos brasileiros que moram por lá, e assim, casas brasileiras em toda a parte, sempre cheias de povo, tanto brasileiros quanto o pessoal de lá – conta.
– Alguém levou o nosso disco para lá, e toda essa turma conheceu, gostou, e resultou em sermos procurados por uma produtora, que por nos considerar um trio autêntico de forró, fez o convite para as apresentações. Então essa é uma das boas coisas que nos aconteceu por conta dessa propaganda de ‘boca em boca’ – acrescenta.
No trio, Danilo faz a voz principal e também composições que falam dos bailes de forró e de coisas engraçadas que lá acontecem.
– Sempre procuramos colocar pelo menos quatro composições próprias em nossos discos, além dos clássicos que tanto gostamos. Gosto de resgatar as músicas que foram esquecidas, de forrozeiros que muita gente não sabe nem que existiram. Como pesquisamos bastante, podemos mesclar nossas músicas com essas raridades maravilhosas. Temos até agora dois discos gravados – expõe.
– Nas nossas músicas procuramos falar daquilo que conhecemos: as noites de forró. Somos filhos de nordestinos, mas sempre vivemos em São Paulo, por isso falamos de sertão e das coisas de lá quando cantamos as composições dos outros. As nossas geralmente falam dos amores, encontros e desencontros que acontecem nos salões – acrescenta.
O grupo gosta muito de cantar as coisas engraçadas que acontecem entre os forrozeiro.
– A música ‘Forro do Talarico’, por exemplo, do nosso primeiro disco, fala de pessoas abusadas que não respeitam a mulher dos outros. Talarico é um termo que define exatamente esse tipo de pessoa, que volta e meia aparece nos salões – comenta.
– Em certa ocasião o Talarico agiu (risos) e acabou gerando música. Nós tínhamos um grupo de amigos desse tipo, e fiz a música inspirado neles. Não consigo fazer música contando causos, até porque tem sempre um ‘causo’ verídico acontecendo bem do nosso lado, na pista. Então pego o tema real e partir dele, escrevo a música – continua.
– E o pessoal gosta e nos faz conhecidos em todo lugar. É um povo forrozeiro de verdade, que sempre sabe onde vamos nos apresentar, e vão até lá nos prestigiar e cair no forró. E praticamente toda cidade, seja grande ou pequena, tem uma ou mais casas de forró, que vivem sempre lotadas de povo. Se nos chamarem, não paramos um só dia em casa – conclui Danilo Ramalho.
Para entrar em contato com o trio, o site é: www.triodonazefa.com e o telefone: (19) 7808-2546.