O nordeste e o Brasil inteiro

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O nordeste e o Brasil inteiro

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Violonista, cantor e compositor, o alagoano Ibys Maceioh é dono de um repertório eclético repleto de xotes, sambas, choros, boleros, coco e tudo mais que conviveu por todo Brasil, sem perder a sua identidade nordestina. Amigo de Zé Ketti, chegou a morar uma temporada em sua casa no Rio e conviver com sambistas da velha guarda do samba carioca. Com quase quarenta anos de carreira e discos gravados, Ibys se apresenta pelo país e pensa novos projetos.  

– Nasci em Porto Calvo, um lugarejo no interior de Alagoas, em uma região onde se explorava a cana de açúcar, os engenhos. Ainda menino, comecei tocando violão nas serestas de lá. Depois fui para Maceió fazer o colegial, onde tive a oportunidade de estudar com o Luizinho 7 Cordas e o Zé Romero, e tocar em bailes e rádios de lá – lembra Ibys.

– Além do forró e da música do Luiz Gonzaga em especial, também tinha a influência daquela turma antiga do rádio: Nélson Gonçalves, Orlando Silva e outros. Depois vim para São Paulo morar com um irmão meu. Ele montou um bar e eu acertei de tomar conta do estabelecimento, em troca me pagaria os estudos de música – continua.

– Assim, ingressei na escola do Zimbo Trio, o Clam – Centro Livre de Aprendizagem Musical, e logo virei monitor. Enquanto isso, no bar do meu irmão ia conhecendo pessoas envolvidas com música e tendo contato com outros universos musicais: Nélson Cavaquinho, Zé Ketti, Elton Medeiros e Paulinho da Viola. Meu conhecimento foi enriquecendo – acrescenta.

Ibys diz que aprendeu mais sobre música nordestina depois que foi morar em São Paulo.

– Passei a estudar e conhecer melhor os compositores da minha terra. Foi aqui, por exemplo, que ouvi Dilermando Reis e João Pernambuco. E fui indo, tocando na noite paulistana do Bexiga, do Ibirapuera, e outros, conhecendo grandes compositores. Um deles, por exemplo, foi o sambista Zé Ketti, com quem morei por quase um ano – comenta.

– Quando o conheci ele morava aqui em São Paulo. Depois sua família o chamou para voltar para o Rio, porque ele já estava doente. Foi aí que me convidou: ‘Ah vou morar em uma casa sozinho, vamos lá’. E foi muito bom esse tempo – recorda. 

– Saindo com ele por bares cariocas, conheci pessoas como Wilson Moreira, Noca da Portela, Paulinho da Viola, esse pessoal todo. Morávamos próximo ao Centro, ali entre Estácio e Rio Comprido, e frequentávamos muito a Casa da Mãe Joana, com o Monarco. Inclusive fizemos duas composições juntos, que estão inéditas, porque ainda não conversei com a família dele para gravar, mas devo fazer isso – avisa.

Um pouco de tudo

– Nas minhas músicas aparecem muitas influências de tudo que vivi na minha terra e o que fui pegando por onde passei. Aparece um pouco de tudo que conheci, dos músicos que convivi, que fiz parceria, que toquei, que ouvi. Tenho sambas, choros, cocos, xotes, boleros, enfim, é um repertório bem diversificado – fala Ibys.

– Por isso não me defino como um artista de tal ou tal gênero, ou de tal estilo. Costumo dizer que convivi sempre com a boa música brasileira e guardei em mim tudo que chamou minha atenção, que me identifiquei de alguma forma. Hoje estou com 60 anos de idade e tudo que passei está incorporado no meu trabalho – continua.

Normalmente Ibys faz a música e dá para um parceiro fazer a letra. E são muitos.

– Tenho o Fernando Sérgio Lira, o Marcos de Farias Costa, com quem fiz um choro que ganhou um festival em Maringá/PR, chamado Tributo a Pixinguinha. O Geraldo do Norte, com quem fiz dois xotes, o Jorge Simão e o Renato Fialho. Inclusive morei em sua casa depois que saí da casa do Zé Ketti – conta.

– Mario Mammana, que com já fiz muitas coisas, xotes, boleros e samba. O Luiz Carlos Bahia, com o qual fiz a música Procê. Inclusive a Via Negromonte colocou voz nessa música e o Nélson Xavier a incluiu na peça Pedido de casamento, do Tchekhov. Cheguei a assistir esse espetáculo e ouvir o Nélson cantando – continua.

– O Sílvio Márcio, meu primeiro parceiro. Fizemos uma música que Luiz Gonzaga gostou e se propôs a gravar, chamada Espera sem fim. Porém, faleceu antes. E mais gente. E posso dizer que não só meu repertório é eclético como meus próprios parceiros, por exemplo, fiz um xote com o Marcello Laranja, que é presidente do Clube do Choro de Santos – acrescenta.

O primeiro disco de Ibys é uma produção independente de nome Suave.

– Depois refiz os arranjos, juntei com outras músicas e gravei o Cabeça de Milho. Agora recente fiz o 34 anos de música, uma coletânea do meu trabalho. Produzi também o CD Chorano, choro alagoano, com vários artistas de Alagoas ligados a essa linha do choro. O disco, que é dividido entre choro instrumental e cantado, tem quatro músicas minhas, uma delas eu canto e a outras são outros intérpretes – diz.

– E participei do disco de Rogério Nóia da Cruz, compositor e poeta alagoano, o Pequeno Ensaio de Um Poeta em Construção, que tem também as participações de Dominguinhos, Renato Teixeira e Carmem Queiroz. O CD abre com uma parceria nossa. Pretendo fazer um novo disco para 2013. Minha intenção é gravar lá em Maceió – conclui Ibys Maceioh.

http://ibysmaceioh.blogspot.com e [email protected] são os seus contatos.

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