Operários da siderúrgica Tonghua se revoltam ao receber a notícia de que 30 mil deles perderiam o emprego
Como culpar trabalhadores por justiçar a corja que oprime e humilha sua classe, e em meio às dificuldades que a burguesia enfrenta, o faz de maneira redobrada? Como se opor a este nível de radicalização no momento em que os poderosos mergulhados na crise incrementam as formas de exploração das massas, o que significa mais miséria e mortes para o povo?
No dia 24 de julho, uma sexta-feira, um manda-chuva da empresa chinesa de siderurgia Tonghua Iron, localizada na província de Jilin, no noroeste do país, foi linchado até a morte pelos operários quando anunciou, com a empáfia e a truculência própria de quem participa dos arranjos e rearranjos do capital, que até 30 mil deles poderiam ir parar no olho da rua por causa de um processo de aquisição da companhia por um dos maiores monopólios do aço na China.
Cerca de três mil trabalhadores paralisaram a produção e detiveram o gerente Chen Guojun, que estava há pouco tempo no cargo, logo depois dele anunciar a compra da fábrica pelo grupo privado Jianlong. Uma fonte ouvida por um jornal chinês relatou como tudo aconteceu: "Chen decepcionou e provocou os operários ao anunciar que a maioria deles ficaria desempregada em um prazo de três dias. A multidão se enfureceu quando Chen informou que o número total de trabalhadores se reduziria a cinco mil".
Depois de atacarem o gerente, os trabalhadores enfurecidos enfrentaram a polícia e impediram que uma ambulância entrasse na fábrica para prestar socorro ao ferido, que acabou morrendo mais tarde no hospital. Após o acontecido, a Comissão de Administração e Supervisão do governo chinês revisionista suspendeu o processo de privatização da Tonghua. Os burocratas e os capitalistas, que ora comandam e se esmeram no agravamento do imenso sistema de opressão das massas da China, tremeram ante a fúria demonstrada pela classe operária.
Horrorizado, o oligopólio internacional das agências de notícias reportou o acontecido no melhor estilo da hipocrisia liberal, como se a crônica da morte em questão pudesse ser balizada, orientada, guiada pelos parâmetros da moralidade burguesa e dos falsos "direitos humanos", hipocrisia que é apregoada em repetição justo em um regime desumano de exploração, como se a vida do gerente chinês não tivesse chegado ao fim enquanto consequência direta de um momento de agudização violenta da luta de classes.
Operários da siderúrgica Tonghua se revoltam ao receber a notícia de que 30 mil deles perderiam o emprego
As classes reacionárias mundo afora se mostraram escandalizadas com a morte de Chen Guojun, como se os poderosos não encomendassem defuntos a torto e a direito. Ensaiaram uma desajeitada tentativa de desqualificar a legítima revolta da massa trabalhadora que teria seu ganha pão sacrificado em nome de mais uma privatização e subsequente "reestruturação" que o capital monopolista em parceria com a China revisionista pretendia empreender. O tom escandalizado foi prontamente reproduzido pelos jornalões daqui, como parte da artimanha que é para fazer de Chen Guojun uma espécie de mártir do ferrenho ódio de classe nutrido pela imprensa burguesa contra o povo, principalmente contra o povo em luta.
Solidarizar-se com sua própria gente
Este oligopólio da imprensa que espuma de raiva do povo pouco fez ecoar, por exemplo, a morte de doze trabalhadores de uma mina de carvão na província de Xinqiao, no sudoeste do país, que sufocaram embaixo da terra porque o patrão demorou para chamar socorro. Isto foi apenas uma semana antes do linchamento do gerente da siderúrgica de Jilin. Este oligopólio, aliás, passa ao largo das oito mortes de mineiros por dia, em média, que acontecem na China aparelhada pelo revisionismo, escancarada à exploração capitalista mais agressiva e letal.
Os órgãos de contra-informação do capital espalhados pelo mundo também não se importaram muito quando, há poucos meses, em maio, dezenas de chineses deficientes mentais foram encontrados em condições de semi-escravidão e com sinais de espancamento em uma olaria. Semi-escravizar deficientes mentais é uma das, digamos, políticas de recrutamento à qual os capitalistas que atuam na China frequentemente lançam mão. Pouco antes, em abril, uma rapaz de 17 anos chamado Pan Liu teve a cabeça esmagada quando a máquina que ele operava para produzir mercadorias para a Disney não funcionou da maneira que deveria. Pan Liu trabalhava demais, sem qualquer segurança, e recebia de menos, tudo para que seu patrão pudesse ter lucros maiores.
Um ano e meio após o regime revisionista aprovar uma lei trabalhista apresentada à "comunidade internacional" como um marco para os direitos dos operários, a crise mundial do capital acelerou o desmascaramento de mais este engodo, deixando à mostra que a tal lei serve apenas para maquiar a cada vez mais ferrenha exploração nas fábricas.
Na sequência da morte do gerente da Tonghua Iron, a administração revisionista da China colocou novamente na rua o bloco da contra-informação mentirosa. A imprensa oficial não tardou a, mais um vez, se referir a uma revolta operária como "incidente de massa", expressão pejorativa da qual os burocratas de Pequim há muito se valem para tentar diminuir a grandeza das lutas populares, dizendo que as insurgências e manifestações originadas no seio das classes populares chinesas não passam de coisa de "gente ignorante enganada e usada por alguns poucos ovos podres".
O estratagema soa familiar. Lembra as tentativas de difamação dirigidas pela imprensa oficialesca destas bandas do mundo aos trabalhadores pobres das periferias das grandes cidades quando eles se organizam para mostrar seu repúdio à polícia assassina. Como se sabe, a injúria de sempre tenta associá-los às ordens do banditismo do tráfico de drogas. Isto significa que a reação não está aí para brincadeira e que enquanto as elites se sensibilizam com a morte violenta de um dos gerentes do monstruoso capitalismo chinês, os trabalhadores brasileiros devem se solidarizar é com sua gente, como o companheiro Luiz Lopes, líder camponês covardemente assassinado pelo latifúndio no Pará. Como AND vem mostrando, quem anda matando como nunca é o Estado fascista, em crise e irmanado com os maiores criminosos da praça.