O povo diz não ao The Globe

O povo diz não ao The Globe

O povo brasileiro, organizado ou não, emite claros sinais de que já não tolera a programação da Rede Globo e sua afinidade ideológica com o imperialismo.

O último ranking da campanha “Quem financia a baixaria é contra a cidadania” deixou bastante evidente que o brasileiro já não aceita o lixo cultural veiculado pela TV Globo. As novelas Cobras & Lagartos e Páginas da Vida ficaram nas primeiras posições após denúncias de 2.175 telespectadores. A maioria das reclamações foram motivadas pela quantidade excessiva de cenas de promiscuidade sexual, incitação ao erotismo precoce, obscenidades, apologia da violência sem causa, da intriga e da difamação, cenas de injustificadas grosseirias e blasfêmias, discriminação social etc., etc.

A campanha é uma iniciativa da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Depu tados. Seu objetivo é acompanhar permanentemente a programação televisiva para indicar os programas que desrespeitam sistematicamente convenções internacionais assinadas pelo Brasil, princípios constitucionais e a própria legislação em vigor, afinal, legislação de autoria das grandes corporações que operam em nosso país – entre elas, o monopólio privado dos meios de comunicação.

Além de colher denúncias pelo telefone 0800-619619, a comissão, costuma-se afirmar, é composta por profissionais dotados de credibilidade e conhecimentos técnico-jurídicos.

De fato, o lucro máximo, que os privilegiados moralistas do legislativo sempre estão afeitos a tolerar, é tão avassalador que as restrições à Rede Globo não param por aí. No plano político, é cada vez mais notória a indecente defesa de The Globe (denominação dada pela a esquerda autêntica, há décadas, a essa rede imperialista) ao modelo fascista que o USA vem impondo ao mundo e que fariam os chefes nazistas ficarem arrepiados de vergonha. Um exemplo, a forma como suas “reportagens” tratam o governo iraquiano. Na tela da Globo, é como se o Iraque não fosse um país ocupado, dia e noite saqueado, como se aquela quadrilha (a quem chamam de governo iraquiano) não passasse de uma administração fantoche, assassina e traidora, adestrada a atender o que as instituições controladas pelo Pentágono exigem, enquanto que a memória do patriota presidente Saddam é enxovalhada com o estigma de ditador.

Em função da sua política francamente imperialista, é cada vez maior o número de brasileiros organizados que direcionam seus protestos contra a mais poderosa e terrível representante estrangeira dos meios de comunicação em nosso país, a Globo.

O prestígio ianque

Sexta-feira, final da tarde do dia 19 de janeiro, 18 horas. Primeiro chegam os jornalistas – tanto aqueles pertencentes ao monopólio da imprensa quanto os populares ou independentes. Somos alocados aos pés do púlpito, enquanto o povo toma o plenário e galerias. São aproximadamente quatrocentas pessoas, algumas pertencentes a grupos organizados como o coletivo Lutarmada, Ocupação Zumbi dos Palmares, Círculo Bolivariano Leonel Brizola etc. As camisas vermelhas se multiplicam e conquistam ares revolucionários, entre bandeiras de Che Guevara e faixas exigindo a nacionalização das riquezas nacionais. Estamos dentro da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Com cerca de uma hora de atraso tem início a solenidade de entrega da Medalha Tiradentes – a mais alta comenda do estado do RJ – ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que estava na cidade participando da reunião de Cúpula do Mercosul. A proposta é do deputado estadual Paulo Ramos (PDT-RJ), cujo discurso abre a noite e, com força e clareza, resgata uma parte da história que foi intensamente distorcida pelo monopólio da imprensa:

– É preciso dizer que as forças do imperialismo interferem constantemente nas eleições do nosso país. Assim, elegeram, contra a vontade do povo brasileiro, Fernando Collor. E o elegeram com apoio irrestrito do maior grupo de comunicação do país, que é a Rede Globo.

A partir daí, não houve mais condições para a repórter da TV Globo gravar sua matéria. Todas as vezes em que levava o microfone à boca, o povo ali presente, em coro, cantava em alto e bom som, interrompendo inclusive o andamento da homenagem: “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo!”. E não era um canto prosaico, ou fanático. Nas expressões de cada um, percebia-se a indignação profunda. A plenos pulmões, era um canto entoado com o mais sincero ódio e incontida fúria, por tudo que The Globe representa de agressão ao povo brasileiro.

Foram dez, quinze tentativas até que a repórter percebeu que ninguém conseguiria isolar o “incômodo” protesto das massas. Então, teve que se retirar e gravar sua reportagem nas escadarias da Alerj. Faltou pouco, muito pouco, para o povo reeditar os protestos de 1982 que viraram carros de reportagem da Globo em repúdio à tentativa de golpe eleitoral contra o Dr. Leonel Brizola. Na ocasião, seus funcionários foram obri gados a trabalhar sem credencial, sob o risco de serem hostilizados nas ruas do Rio de Janeiro.

Pela primeira vez na história do Brasil, um presidente de outro país veio aqui e, em público, acusou uma empresa de comunicação de

– … ser inimiga do povo brasileiro, inimiga da integração latino-americana e inimiga do povo latino-americano.

Além dessa corporação imperialista existem mais duas similares na América Latina: a Televisa (México) e Cisneros, na própria Venezuela.

Antes disso, porém, o Hugo Chávez, engenheiro, formado em ciências e artes militares – reeleito em dezembro último presidente da Venezuela por mais seis anos ao obter 61 por cento dos votos contra 38 do principal oponente Manuel Rosales -, levantou um exemplar de O Globo. Antes que pudesse iniciar sua fala, o povo vaiou o jornal. Vaiou muito.

E o presidente da Venezuela ainda discursou por mais três horas, prolongando a angústia da rede ianque de jornal e TV.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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