O serviçal Luiz Inácio: “Esse é o cara”

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O serviçal Luiz Inácio: “Esse é o cara”

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A troca de amabilidades entre Luiz Inácio, Obama, Sarkozy, Brown e Merkel na recente reunião do G-20 (3 e 4 de abril passados) — com destaque para os elogios burlescos do novo chefe do imperialismo ianque ao representante do Brasil e sua recíproca gaiatice — é a caricatura ridícula do real papel destinado aos oportunistas: o de lacaios do imperialismo.

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/https://anovademocracia.com.br/52/3.jpgO imperialismo, como fase superior e em decomposição do capitalismo, é um sistema que ao surgir no final do século XIX — segundo uma das leis do capitalismo: a do desenvolvimento desigual — dividiu definitivamente o mundo entre um punhado de nações opressoras possuidoras de colônias de um lado e uma imensa maioria de nações coloniais oprimidas do outro. Situação que só se modificará com o fim completo do sistema imperialista. Estas nações exploradoras, após o tormentoso transcurso do século XX feito de crises, duas grandes guerras mundiais e várias outras regionais, muitas revoluções e contra-revoluções, constituíram o G-7 como expressão do conluio e pugna que caracteriza as relações entre as potências nesse sistema decrépito. Seu colapso se verificou com as seguidas crises desde o início dos anos de 1970, quando esgotou seu novo ciclo de expansão no pós-guerra e impôs a necessidade de alargar o restrito clube com os lacaios de maior porte, denominados por "emergentes" no sentido de pavimentar o incremento de mais exploração sobre os povos e o saque das nações oprimidas. Daí o círculo chamado G-20 com incorporação dos chamados países "emergentes" como círculo mundial supostamente decisório.

A reunião do G-20, na qual os interesses das corporações financeiras atravessaram incólumes e olimpicamente, é a demonstração cabal da impossibilidade da autotransformação do sistema capitalista tão apregoada — ingenuamente por uns e de má fé por outros tantos — , como sua humanização e mesmo como verdadeira salvação do mundo. Ou seja, foi uma daquelas reuniões nas quais são decididas mudanças aparentes para deixar as coisas do jeito que estão. Frente à crise as potências se utilizam do aval dos países dominados para justificar o aumento da exploração sobre os povos e do saque incontido das nações oprimidas. A principal decisão foi a do simples aumento das cotas de reserva do FMI em US$ 1,1 trilhões. No entanto, não se revelou de onde viria o dinheiro, exceção feita aos gracejos do serviçal brasileiro, que não se bastando em sancionar a doação de mais de US$ 100 bilhões anualmente a título de pagamento de juros de dívida e das indecentes remessas de lucros das transnacionais que operam no país a suas matrizes no exterior, apresentou-se para empréstimos à usurária agência.

A figura do "companheiro" Luiz Inácio é emblemática desta situação. Como ele mesmo disse "estamos todos no mesmo barco e se está entrando água, temos que, juntos, jogarmos a água fora". Esta figura do "barco", por sinal, não é original de Luiz Inácio, é a utilizada por todos os lacaios com pretensões de tomar assento na corte, tal como a figura bufa de Menen, que ofereceu os "poderosos" vasos de guerra da Argentina para ajudar Bush pai a invadir o Iraque.

E não é preciso ter nenhuma acurada visão crítica para ver que o paparico feito por representantes de países ricos a um preposto de terceiro mundo não tem propósito algum a não ser o de promover o mais domesticado frente aos demais de sua triste laia. Somente o nosso ilustre presidente, mesmo posto sentado ao lado de uma figura de museu feito a Rainha da Inglaterra, no papel de bobo da corte, não perde oportunidade de jactar-se. Para gáudio, é claro, de sua pequena corte de bajuladores.

Luiz Inácio, o pelego-mor, cumprindo a sina histórica do oportunismo, tem saracoteado dentro e fora do Brasil, lançando bravatas e esbanjando demagogia para engabelar os trabalhadores e o nosso povo. Ao dizer que Obama tem a nossa cara, projeta para nosso sofrido e honrado povo toda sua mesquinhez e mediocridade, frente à odiosa relação de exploração que o imperialismo ianque mantém com os países dominados, no desempenho de sua sórdida função de serviçal e estafeta no intuito de arrefecer o espírito de combatividade de nossa gente contra seus exploradores.

Internamente, na busca de ajudar o capitalismo a se recuperar, vai usando o imposto pago pelo povo para cevar os banqueiros, os monopólios nacionais e transnacionais e o "agronegócio" (latifúndio de novo tipo).

Mais serviçal do imperialismo

Não é de hoje que Luiz Inácio bajula o patronato transnacional. Em tempo não muito distante ele já afirmava sua preferência pelo patrão estrangeiro em detrimento do nacional. Especialmente nos fóruns marcados pela presença dos executivos dos monopólios ele se esmera em mandar recados aos trabalhadores, concitando-os ao "bom comportamento" e à conciliação. Em um destes últimos eventos ele, literalmente, afirmou que "em tempos de crise o trabalhador não deve brigar por aumento". A luta econômica — naturalmente obrigatória para os trabalhadores que são explorados pelo burguês, o qual se apropria de parte do seu trabalho — só não se transforma em grandes batalhas massivas e radicalizadas devido a ação repressora do velho Estado burocrático-latifundiário, de seus aparelhos policial-repressivos, do judiciário venal, da contra-propaganda do monopólio de imprensa e da ação deletéria da canalha sindical oportunista, principalmente daquela encastelada nas centrais sindicais, hoje compradas por Luiz Inácio com 60 milhões de reais do imposto sindical. Esta mensagem, entre outras costumeiras do operário padrão do imperialismo num momento como o atual, é o serviço que presta em suas tentativas de deprimir o ânimo da classe operária. Prontamente entendida pelas centrais pelegas que costuram os mais espúrios acordos com o patronato, elas tentam encobrir tanta vilania e traição e salvar sua imagem iludindo os trabalhadores com encenações, correm em uníssono a fazer demonstrações públicas contra o desemprego, pela redução da jornada e blá, blá, blá…

O discurso do Estado forte é outra bravata de Luiz Inácio. Como o Estado tem caráter de classe, ele será sempre forte contra os oprimidos, sendo o instrumento especial das classes dominantes para exercer sua dominação. Assim, por exemplo, o velho Estado brasileiro, enquanto Estado burguês-latifundiário serviçal do imperialismo, nunca deixou de ser forte, ou seja, uma ditadura, contra a classe operária, o campesinato e a pequena burguesia, cujas reivindicações e lutas sempre foram tratadas como caso de polícia. Além de ir contra os interesses de amplos setores da média burguesia ao assegurar por todos os meios os interesses da grande burguesia monopolista, dos latifundiários e do imperialismo. Por consequência, as instituições políticas, jurídicas e militares do Estado são para a defesa e proteção de ditas classes dominantes, ademais de assegurar a subjugação da Nação ao imperialismo. O fato de haver maior ou menor regulamentação ou de ter maior ou menor intervenção do Estado na economia é algo que não define a sua qualidade, esta já está a priori definida pelo caráter das classes no poder.

A proposta de disciplinar o sistema financeiro é, também, pura demagogia. Quando afirmamos aqui que os interesses das corporações financeiras passaram ilesas por uma reunião mundial para a qual foram criadas mil expectativas de punições e regulamentações contra os "causadores" da crise global, é porque tanto Obama quanto Brown, como representantes do USA e da Inglaterra, dois dos maiores Estados rentistas do mundo, chegaram ao G-20 com a missão de não permitir que fossem alterados quaisquer fundamentos da delinquência financeira internacional. E, na verdade, o que se viu foram medidas cosméticas voltadas exclusivamente a dar satisfação aos clamores de iludidos, reformistas e demais oportunistas. Pelo contrário, enquanto estava reunido o G-20, o governo ianque flexibilizava as regras, segundo as quais os bancos tinham que colocar nos seus balanços o valor de mercado dos papéis podres (ou seja: zero), dando-lhes permissão para arbitrarem eles mesmos algum valor que contribuísse para, aparentemente, diminuir os prejuízos em seus balanços. Isto é, espaço para mais fraude.

Aqui mesmo no Brasil, quando da liberação dos depósitos compulsórios com vistas a dar maior liquidez ao mercado de crédito, o que aconteceu? Simplesmente os banqueiros desconheceram a demagógica tentativa de Luiz Inácio de disciplinar o sistema financeiro e usaram o dinheiro para comprar títulos do governo remunerados pelas maiores taxas de juros do mundo.

Denunciar o oportunismo e preparar a Revolução 

Antes mesmo da crise do imperialismo tomar as páginas do monopólio de imprensa do mundo inteiro AND já alertava para a situação revolucionária que se desenvolve de forma desigual em todo mundo, especialmente nos países sob domínio colonial e semicolonial, como os da América Latina e o Brasil.

A crise geral do capitalismo  aumentou estupidamente a superexploração das massas trabalhadoras, através da elevação da taxa de extração de mais-valia. Na inútil tentativa de alcançar a reversão da tendência decrescente das taxas de lucro desencadeou-se uma avassaladora onda de quebra de direitos, criando situações de fato semelhantes à dos primórdios da Revolução Industrial. Assim, os países da Ásia, puxados pela China e pela Índia, do Leste europeu, da América Latina e África, levaram a tal ponto a escravidão assalariada aos limites da própria sobrevivência da classe operária, negando-lhe as mínimas condições de vida e reduzindo ao extremo seu poder de compra.

Diante do arrocho geral dos salários e para compensar a superprodução relativa de mercadorias, decorrentes do aumento da composição orgânica do capital, apostaram na ampliação desmesurada do crédito. Isto aconteceu de forma escancarada no USA, o que culminou com a "bolha" imobiliária, mas também no Brasil com a venda de eletrodomésticos em 36 meses e de carros em 90 meses.  Isso revela que, na verdade, com tais medidas os monopólios e as corporações financeiras só tem jogado para frente o insolúvel problema do capital.

Agora, a crise do imperialismo surge de corpo inteiro e, mais uma vez, os Estados seguirão injetando sangue contaminado no corpo putrefato e em decomposição do capitalismo-imperialista para uma nova, próxima e inevitável crise. Assim será até que a classe operária e as massas populares, através das guerras revolucionárias, o varrerão, país por país, da face da terra.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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