O terror imperialista não pode deter o caminho dos povos

O terror imperialista não pode deter o caminho dos povos


Em 6 de agosto de 1945 os habitantes da cidade japonesa de Hiroshima se esforçavam por manter a rotina, apesar da burguesia monopolista japonesa prosseguir mantendo uma guerra praticamente perdida.

Subitamente soa o alarme antiaéreo e vários bombardeiros B-29 cruzam o céu, lançando a primeira bomba atômica — batizada como little boy (garotinho) — sobre uma cidade. Antes de tocar o chão uma detonação programada transformou-a em uma bola de fogo que destruiu tudo num raio de dois quilômetros. Cem mil pessoas morreram instantaneamente. Outras cem mil ficaram feridas. No perímetro da explosão, todos se desintegraram, não sendo encontrados cadáveres.

Os feridos, muitos com queimaduras gravíssimas, se jogavam no Rio Ota para aliviar a dor ou tentavam conseguir socorro, o que naquelas circunstâncias se resumia na contenção das hemorragias, já que a maioria dos hospitais fora destruída, tal como o pessoal médico.

Os efeitos da explosão e da radiação, entretanto, se espalharam por dezenas de quilômetros e os sobreviventes padeceram de doenças terríveis por muito tempo. Ainda hoje os descendentes apresentam sequelas. Seguiu-se o lançamento da segunda bomba — a fat man (homem gordo) — igualmente sobre a população civil, dessa vez, em Nagasaki, a 9 de agosto, vitimando 70 mil pessoas.

O alvo das bombas atômicas não era apenas a população civil do Japão.

Guerra contra o proletariado

A agressão nazista à União Soviética em julho de 1941 marcou a aplicação de um antigo e sinistro plano imperialista: varrer o socialismo da face da terra. Tudo apontava para isso, desde a preparação da guerra contra a primeira pátria socialista do planeta, o que só não ocorreu logo no início graças à habilidosa diplomacia soviética, pondo por terra os planos de uma frente imperialista de agressão à URSS.

Mesmo antes da anexação da Áustria e da invasão da Polônia, Hitler já havia declarado em Mein Kampf (título de seu livro: Minha Luta) que o interesse do imperialismo alemão era ocupar as terras ao leste, ou seja, a União Soviética, o que de bom grado foi acolhido pelos demais governos imperialistas .

O USA, a Inglaterra e a França, apoiaram os preparativos de guerra do Pacto anti-comunista de 19361 e tomaram parte das discussões sobre a nova partilha do mundo2, em particular, os desforços nazistas, proibidas pelo Tratado de Versalhes, imposto aos alemães ao final da I Guerra Mundial.

Só não contavam os demais países imperialistas, França e Inglaterra inclusive, que a insanidade nazi-fascista se dirigiria antes contra eles, para depois voltar sua blitzkrieg (guerra relâmpago) em direção ao leste. A fama de invencíveis precedia a chegada dos exércitos hitleristas. Mas isso não amedrontou os defensores soviéticos, sob a magistral direção do marechalíssimo Josef Stalin, executando conscienciosamente os planos de defesa da pátria socialista.

Superioridade socialista

O rápido avanço nazista foi detido ainda em 1941 nas proximidades de Moscou. A nova ofensiva da Wermacht se dirigiu ao Cáucaso — fonte estratégica de petróleo —, mas foi detida pela mais tenaz resistência já vista em uma guerra: a defesa de Stalingrado, às margens do Rio Volga. Dali partiria em janeiro de 1943 uma grande ofensiva soviética que impôs grandes perdas aos fascistas e os expulsou do território soviético. Em seguida o Exército Vermelho colaborou com os movimentos de libertação nacional da Polônia, Bulgária, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Albânia, etc.

Temendo que a União Soviética derrotasse o nazi-fascismo sozinha e apoiasse a libertação de todas os povos da Europa, o imperialismo capitaneado pelo USA decide jogar mais peso naquele continente. Apenas em junho de 1944 acontece o desembarque (várias vezes adiado) das tropas aliadas na Normandia, litoral da França.

Vendo Berlim sitiada pelo Exército Vermelho e sem nenhuma possibilidade de fuga, Hitler se suicidou com sua esposa, Eva Braun, no dia 30 de abril de 1945. A 8 de maio, o comando alemão assinava a ata de rendição na presença do alto-comando soviético e dos demais aliados.

Honrando o compromisso assumido na Conferência de Ialta (cidade da Criméia, URSS, fevereiro de 1945), a União Soviética declara guerra ao Japão, que ainda não se rendera, após ter invadido a China, a Indochina, Malásia, Cingapura, Hong Kong (China, colônia inglesa), Filipinas, Indonésia, além de diversas ilhas no Oceano Pacífico. Em julho e agosto de 1939, na batalha de Khalkhin Gol, na Mongólia, os japoneses já haviam sido repelidos pelo povo daquele país e parte do exército soviético, o que os obrigou a assinar um pacto de não agressão com a União Soviética.

Ao fim da Guerra na Europa, a União Soviética era o país que arcou com o maior número de perdas. Foram 20 milhões de mortos — entre eles os mais abnegados militantes e dirigentes comunistas — com grande parcela de território devastado.

Esta era a situação no fim da II Grande Guerra Imperialista. A correlação de forças pendia favoravelmente para o socialismo, os movimentos de libertação nacional da Europa estavam em ascensão; o povo chinês estava às vésperas de expulsar os japoneses e voltar suas baterias contra as tropas pró-ianques de Chiang Kai-shek; as colônias francesas e inglesas, principalmente, empreendiam o caminho da independência.

A expansão das guerras revolucionárias era o maior fantasma que atormentava as potências imperialistas que buscavam detê-la recorrendo ao mais moderno e destruidor mecanismo de morte criado até então.

Projeto de destruição

A primeira fissão de um núcleo atômico — princípio de funcionamento da bomba atômica — foi conseguida em 1934, pelo italiano Enrico Fermi. Em 1938, os alemães Otto Hahn e Fritz Strassmann realizaram a fissão do núcleo do urânio e tem início a pesquisa nuclear com fins militares pelos nazi fascistas.

O projeto Manhattan, complexo científico-industrial-militar do imperialismo ianque, encarregado de produzir a bomba, foi criado em 1941. Os nazi-fascistas alemães não conseguiram os materiais especiais necessários à sua confecção.

O primeiro teste com uma arma nuclear foi realizado no deserto do Novo México (no USA), em 16 de julho de 1945. Os ianques tinham “ganho a corrida”. Já no fim da guerra, com o fascismo praticamente na lona, ainda era necessária uma demonstração de força do imperialismo. Ela viria em Hiroshima e Nagasaki.

Os ianques rejeitaram sucessivas tentativas de negociar a rendição dos japoneses, exigindo a capitulação incondicional, em condições humilhantes. Essa tática visava dar tempo para a fabricação das bombas atômicas e sua utilização.

É importante destacar que Hiroshima não foi o primeiro alvo civil da aviação ianque. Desde meados de 1944 a estratégia era bombardear continuamente as cidades japonesas, onde pereceram 260 mil pessoas, quase a mesma quantidade das que foram assassinadas durante a explosão dos artefatos nucleares.

Os principais objetivos militares se localizavam na Manchúria tomada à China e no território que hoje corresponde à Coréia, onde o exército japonês se abastecia. A idéia era preservar a parte do exército imperial fascista — que ocupava a China — buscando enfraquecer o exército vermelho soviético quando este empreendesse sua ofensiva.

Em 8 de agosto de 1945 — entre o lançamento das duas bombas — o Exército Vermelho da União Soviética abre sua frente leste na guerra contra o Japão e começa a libertação da Manchúria. Em apenas 8 dias percorre mais de 400 km e estabelece ligação com o Exército Popular de Libertação do Povo Chinês, liderado pelo Presidente Mao tsetung — que nunca abdicara da luta contra os japoneses e já havia libertado 850 mil km² do território chinês. Juntos, soviéticos e chineses, empurram os fascistas japoneses do continente a 2 de setembro (data da rendição).

A mensagem era clara: “somos o primeiro país a possuir armas nucleares e não titubearemos em usá-las”. O destinatário da mensagem: o proletariado internacional, com a União Soviética à frente.

Chantagem nuclear

Mas a classe mais revolucionária da história não se intimidou. Seguiu seu caminho de libertação nos diferentes países e uma onda de movimentos pela independência nacional varreu principalmente a África.

Em 1949 a União Soviética produz também a sua bomba, que nunca foi usada para chantagear os povos, mas para garantir a própria defesa.

Após o falecimetno do marechalíssimo Stalin, e a subida de Kruchov traidor ao poder, a política soviética com relação à guerra e à paz muda radicalmente.

Conduzindo a restauração capitalista na URSS, Kruchov alardeia o perigo iminente de uma guerra nuclear que “aniquilaria a humanidade” e se aproxima cada vez mais dos imperialistas ianques, enquanto minava todas as conquistas dos trabalhadores soviéticos e isolava a China revolucionária.

O Partido Comunista da China, ainda sob a direção do Presidente Mao, sempre se colocou na linha de frente da crítica à restauração capitalista, desde o XX Congresso do PCUS (1956), quando Kruchov deu a luz a seu “relatório secreto”, difamando Stalin e o Poder do proletariado.

Particularmente no que diz respeito à bomba atômica, os comunistas chineses eram categóricos em denunciar a capitulação do revisionismo soviético. Traidores como Kruschov aliavam-se à chantagem nuclear ianque, a pretexto de que qualquer confronto armado, incluindo as revoluções, poderia ser o estopim de uma guerra termo-nuclear que destruiria o mundo.

Em suas críticas, os chineses contestavam a coexistência pacífica com o imperialismo ianque ressaltando a principalidade do homem na guerra, e não a do equipamento ou do armamento. Em qualquer guerra, o objetivo não se reduz à conquista de território, mas também a escravização de seu povo. De outra forma, como se daria a exploração do homem pelo homem sem pessoas a serem exploradas?

Prova dessa principalidade é a grande derrota sofrida pelo USA nesta última agressão contra o povo iraquiano. Apesar de toda superioridade em armamento e do embargo econômico que praticamente sufocou o Iraque por mais de dez anos, a resistência iraquiana — que reúne vários grupos nacionais e religiosos — inflige diariamente pesadas perdas aos agressores.

O maior terrorismo

Na arena da luta de classes internacional, o imperialismo sobrevive às custas de inúmeros atentados terroristas contra os povos do mundo todo. A moral imperialista ianque, diante da cômoda situação em que não há um único país livre capaz de lhe opor, política e militarmente — interpreta à sua maneira as convenções internacionais de guerra, justificando as mais graves transgressões nas agressões de conquista, inclusive o terrorismo. Porém apenas na suja e massacrante propaganda fascista ianque sobre as Torres Gêmeas ele está livre das experiências de Nagasaki e Iroshima como maior atentado terrorista do mundo.

Entre outros, figuram os sucessivos golpes militares que acometeram a América Latina nas décadas de sessenta e setenta, tramados diretamente pela CIA e o Departamento de Estado ianque; as guerras civis genocidas em quase todos os países africanos; as atrocidades cometidas pelo exército ianque no Vietnã, de onde saiu escorraçado, etc.

Aliás, a história tem mostrado que a tendência é que os movimentos revolucionários e de libertação nacional cada vez mais triunfem contra os agressores imperialistas.

Assim, mesmo com toda tecnologia e armamentos moderníssimos e destruidores, o imperialismo segue seu caminho para o túmulo, de onde, antes de fechar os olhos, assistirá um novo mundo, com novos homens, emergir de todas as cinzas.


1 Pacto Antikomintern, assinado em 25 de novembro de 1936, em Berlim, entre Alemanha e Japão, oficialmente uma cooperação terrorista contra a III Internacional e os partidos comunistas de uma maneira geral. Completava o pacto um acordo secreto, principalmente contra a URSS e uma violenta ação contra os movimentos socialistas e democráticos, até mesmo entre os países signatários. Em 1937, a Itália (além de um sem número de países) ingressou no Pacto que, em 1939-40 se transformou numa aliança militar.
2 Acordos de Munique: Procurando canalizar a agressão para Leste, contra a URSS, os meios dirigentes do USA, da Grã-Bretanha e da França praticaram uma política de “apaziguamento” com a Alemanha hitleriana. Em 1938, os governos britânico e francês assinaram com aquela e a Itália os vergonhosos acordos de Munique, cujo resultado foi a ocupação da Tchecoslováquia pelos hitlerianos. Em seguida, a Itália invadiu a Albânia. Em 1 de setembro de 1939 a Alemanha fascista invadiu a Polônia, pondo fim às partilhas pacíficas, desencadeando portanto a luta armada mundial.
Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: