Por que, em meio a uma profunda crise geral dos monopólios, crise esta que, por exemplo, obriga o chefe do imperialismo ianque a adotar medidas internas de arrocho em pleno ano eleitoral, por que, então, Obama solicitaria ao Congresso do USA a liberação de nada menos do que US$ 51 bilhões para “ajuda internacional” em 2013, um aumento em cerca de US$ 10 bilhões no valor do montante na comparação com o que foi liberado para o ano fiscal de 2012? Certamente não é porque os ianques, digamos, podem perder as calças mas não podem perder a compaixão…
O real motivo desta fartura de recursos em tempos de crise é que toda esta caridade e apoio ao “desenvolvimento sustentável” nas semicolônias do mundo é fachada para a CIA e para as grandes corporações ianques, para a ingerência, a sabotagem, a espionagem e a pavimentação de caminhos para a exploração por parte dos grandes monopólios, ou seja, tudo o que ora é especialmente necessário para ajudar o imperialismo a respirar, a ganhar alguma sobrevida justamente em meio à crise geral.
A maior parte dos bilionários recursos reservados pelo imperialismo ianque para a “ajuda internacional” é gerido pela assim chamada “Agência do USA para o Desenvolvimento Internacional” (Usaid), cujo real propósito não é nem nunca foi prestar solidariedade “do povo americano”, como diz seu slogan, às nações pobres da América Central e da América do Sul.
Quando o USA atua na América Latina, seja diretamente, seja por meio dos organismos internacionais do imperialismo, há poucas coisas que são feitas por aqui sem a participação da Usaid.
Senão, vejamos, só para ficar em dois exemplos mais recentes:
No final de fevereiro uma delegação do governo de Honduras encabeçada pela vice-presidente María Antonieta Guillén viajou para o covil do imperialismo ianque, Washington, a fim de se reunir com representantes do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, do Departamento de Estado do USA, entre outros, em um encontro cujo objetivo último foi mesmo acertar as bases de um acordo com o FMI lesivo ao povo hondurenho. Na mesa estava também Mark Feierstein, diretor assistente da Usaid para a América Latina.
Usaid no Brasil: o império requisita a floresta
O USA requisitou, a gerência de El Salvador atendeu, e em novembro do ano passado foi anunciado, com pompa e circunstância em uma cerimônia em San Salvador com a participação do próprio Obama, um “acordo” entre a potência e a semicolônia da América Central batizado de “Parceria Para o Crescimento”. O próprio nome remete à “Aliança para o Progresso”, famigerado programa anticomunista ianque para a América Latina levado a cabo nos anos de Guerra Fria com o qual o USA qual aprofundou sua dominação semicolonial sobre a região através de golpes militares, intervenções e estabelecimento de regimes militares fascistas. No caso da “Parceria Para o Crescimento” USA-El Salvador, coube à Usaid gerir projetos que vão desde a implementação de um centro de desenvolvimento de pequenas empresas especializado em comércio internacional (para azeitar a exploração dos monopólios no país) ao treinamento de mão de obra barata para uma cadeia transnacional de fast-food.
O próprio website da Usaid não faz questão de esconder que uma de suas razões de ser é treinar também gerentes obedientes à matriz:
“Ao longo dos últimos anos, o governo do USA tem se focado na negociação de tratados de livre comércio na região, e a Usaid tem ajudado os países participantes a se prepararem para negociações de comércio, implementarem comitês de comércio e a fazerem a transição para o livre comércio”.
Ora, não se trata, digamos, de uma organização independente orientando governos idem sobre como negociarem melhores condições para os povos latinos na hora do trato com a potência do norte, mas sim de uma agência oficial do imperialismo ianque “ensinando” os gerentes das semicolônias a como se portarem diante dos seus verdadeiros patrões.
No Brasil, a Usaid atua com especial esmero na região Norte, na floresta amazônica, onde seu grande objetivo por trás das boas intenções alegadas em declarações de propósitos como ajudar a “promover e aprimorar a gestão sustentável dos recursos naturais florestais” parece ser mesmo o de intermediar a requisição da floresta tropical pelos monopólios internacionais de energia, de fármacos e de outros setores da economia capitalista.