De prostitutas e jornalistas
Do jornalista israelense Uri Avnery, comentando a cobertura da segunda invasão do Iraque: "Nos tempos de César, os exércitos levavam com eles prostitutas para a frente de batalha, ao passo que os exércitos de Bush levam jornalistas. Claro que salvando raras e honrosas exceções."
Enquanto as prostitutas são reconhecidas por venderem o corpo, esses jornalistas (os chamados embedded – incorporados às tropas) vendem mais que seu trabalho. Vendem também sua dignidade pelo simples fato de concordarem com as regras de manipulação dos fatos pré-estabelecidos pelo Pentágono. Nesse sentido, não parece exagero dizer que a mentalidade imperialista dos governantes do USA criou, nas linhas de frente, um instrumento que está sendo largamente utilizado para entorpecer a opinião pública mundial diante das atrocidades que são cometidas nas guerras de hoje: o jornalista prostituído, que trabalha para as grandes empresas de comunicação – ou cafetinas midiáticas.
Fazendo média
Niterói-RJ
A pedido de quem?
Segundo os registros históricos, em 1966, Castelo Branco mandou a tropa de choque da Polícia Militar do Distrito Federal invadir o Congresso, mas a ordem partiu do Executivo (da ditadura), nunca do Legislativo.
Pela primeira vez, o Congresso é invadido a pedido do presidente de uma das casas congressuais (Octávio Paz diz que uma nação se degrada quando sua própria linguagem começa a se corromper).
Quero dizer: subestimam a nossa inteligência quando tentam legitimar fatos tão desonrosos e deprimentes. Qualifico tal postura de "semântica da enganação" ou "dialética da traição". Os defensores da truculenta medida dizem que não houve invasão: que a tropa de choque entrou no Congresso para cortar caminho… Chega a ser risível – e se no trajeto havia manifestantes, porque não aproveitar e dar umas bordoadas e prender alguns para não perder a viagem? Um rapaz foi preso no subsolo do Anexo I da Câmara dos Deputados.
É uma retórica facilitária, um truque mental para criação de um auto-engano, elaborado sem qualquer convicção interna. Não convence ninguém. Nem aos seus autores. O Partido dos Trabalhadores (?) necessita de um álibi para acalmar a (má) consciência?
A invasão (a pedido…) é fato gravíssimo. Sua justificação também: quando lideranças de vários partidos minimizam tal fato, parece que elas internalizaram o arbítrio como fato corriqueiro. Ou não? Sim: uma guerra não termina com o armistício. Ficam as muletas, as sequelas, as viúvas, e os órfãos.
Escrevo isso porque parece que a ideologia da Ditadura Militar penetrou em muitos corações e mentes. E ficou lá.
Eu sou testemunha do fato. Não me contaram: eu vi: nem na época do arbítrio mais extremo, quando Brasília viveu sob medidas de emergência, eu assistira a espetáculo tão desonroso e deprimente.
Dirigentes de uma casa dita do povo impedem a efetivação de um direito legítimo (o de manifestação), já prescrito na Revolução Francesa do século XVIII.
Mas tal fato é exceção ou se enquadra num contexto maior?
Está inserido em outros comportamentos do Governo do PT: neoliberalismo agudizado, submissão ao "Consenso de Washington", extrema subalternidade ao FMI e ao "deus do Capitalismo" (o mercado), apoio da mídia mais reacionária (a mesma que satanizou o Lula em 89, lembram?), demonização do servidor público, favorecimento do sistema financeiro e à sua cupidez vampirizadora, ligação com o que há de mais espúrio na política brasileira (suas oligarquias).
O núcleo hegemônico do governo não consegue conviver com a divergência: pune delitos de opinião, seus capangas agridem manifestantes no ABC.
A violência verbal contra opositores à esquerda está sendo gestada para se transformar em violência física? A base aliada do Governo trocou parlamentares na Comissão Especial da Reforma da Previdência que se posicionavam contra a mesma.
E a troca arbitrária ocorreu quando a reunião já começara e a matéria estava em discussão. Não seria esse o PT que o General Golbery almejava para dividir a esquerda brasileira?
Diz um provérbio chinês: "Podemos escolher o que semear, mas vamos colher aquilo que plantamos."
Emanuel Medeiros Vieira
Escritor e jornalista
Brasília-DF
Stalingrado: o suicídio alemão
Não ha dúvidas sobre a força russa. Todos previam um fracasso frente ao poderio individual e bélico alemão, mas, de fato, prevaleceu a garra russa e uma incrível estratégia criada por Stálin. Talvez o desfecho para o mundo seria outro e não poderíamos calcular as perdas culturais, raciais (…) caso fosse efetivado o seu desfecho selvático pela fúria descontrolada dos alemães e sua ânsia por conseguir aplicar o ódio racial, anti-semita.
Fábio Ernany
[email protected]
Justiça social
Oi, pessoal
Tive uma grata surpresa ao ver que vocês escolheram a música Justiça Social – parceria minha e de Téo Azevedo – para ilustrar o artigo com o Téo. O meu amigo e parceiro é um dos maiores batalhadores pela cultura autêntica de nossa Minas Gerais e pela melhora nas relações de desigualdade que existem, não apenas em nosso país, mas em todo o mundo.
Abraços do Valente
Antonio Carlos Valente
Poços de Caldas-MG