Salário Mínimo
Segundo informações, o país pagou de juros da dívida externa de 2000 a 2003 a importância de 424 bilhões de reais. No ano de 2003 entregou 145 bilhões. Usa o governo Lula e seus acólitos do mesmo cinismo e desfaçatez dos tempos de FHC para justificar a não concessão de um salário mínimo um pouco melhor para os quase 22 milhões de brasileiros que dele dependem. A mesma alegação de sempre: não têm de onde tirar os recursos, que a Previdência quebra (Previdência que segundo os auditores fiscais da mesma é superavitária em mais de 90 bilhões anuais), que o famigerado superávit primário irá para as cucuias etc, etc. Causa engulhos ver os Arlindos Chináglia, professores Luizinho, Mercadantes e seus aliados Calheiros, Hélio Costa, o ex-PCdoB Aldo Rabelo e outros menos votados usarem estes argumentos.
Marcio Pochman, da Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo, diz que se o salário mínimo for reajustado para 300 reais (25%), o impacto na folha salarial para a União e os Estados ficaria entre 0,01% e 0,14%, e para os municípios um pouco mais, 1,08%. Este impacto financeiro quebraria algum deles? Seriedade na argumentação do governo e seus pupilos ou obediência incondicional às determinações do FMI? Fonte onde encontrar o dinheiro necessário existe, basta iniciar a auditoria da Dívida Externa, que já foi solicitada pela OAB.
Num salário de 560 reais, o custo anual, segundo dizem os algozes do trabalhador, seria de 32 bilhões de reais. Dos 145 bilhões, retirando os 32 bi, sobrariam 118 bi que seriam empregados em escolas, onde as crianças permaneceriam durante todo o dia, com aulas, estudo, esporte etc. Os hospitais teriam mais equipamentos e medicamentos, e salários profissionais dignos. Idem para a educação e segurança. A Reforma Agrária seria feita. Mais ainda, poderiam consertar e construir estradas de rodagem e ferrovias, eliminando os pedágios, e construir milhões de casas populares.
Blasco Miranda de Ourofino
Médico aposentado
Caldas Novas-GO
Manter o que já conquistamos
A diretoria do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro gostaria de manifestar sua opinião em relação a alguns pontos da reforma sindical proposta pelo governo: o fim da unicidade e da contribuição compulsória.
Preocupanos o modelo de pluralidade, pois a existência de mais de um sindicato por base enfraquecerá o poder representativo dos trabalhadores. Não podemos aceitar que nossa categoria seja desmembrada. Caso isto ocorra, não será possível resolver seus problemas e reivindicações. Estaremos resumidos a minúsculos grupos sem forças nem recursos para lutar pela melhoria das condições de trabalho dos profissionais.
Quanto à contribuição compulsória, somos a favor de sua manutenção, pois acreditamos que em uma realidade como a brasileira é imprescindível que os sindicatos consigam manter sua independência financeira, fator fundamental para a defesa dos interesses de toda a categoria. Estamos certos de que os únicos favorecidos por esta proposta de reforma serão os grandes sindicatos, as Centrais Trabalhistas de grande porte e as entidades do setor patronal. Acreditamos que entidades de pequeno porte como o SindMusi/RJ acabarão ficando vulneráveis financeiramente. Esta preocupação toma proporções ainda maiores em nosso caso, pois a classe musical é composta, em sua maioria, por profissionais contratados em caráter eventual, o que dificulta a arrecadação da contribuição anual.
Para que não sejamos aniquilados pelos empregadores, precisamos que a nossa realidade seja avaliada de perto por quem entende a batalha que travamos dia após dia para atuarmos com dignidade. Estamos lutando pela manutenção dos direitos trabalhistas, os quais demoramos muitos anos para conquistar e que não devemos abrir mão.
A Diretoria do SindMusi/RJ
Bush e o pedido de desculpas
O “presidente do planeta”, George W. Bush adicionou uma palavra a mais em seu pobre dicionário, até então desconhecida e impronunciável por ele: desculpa.
Diante de imagens veiculadas pela mídia internacional de norte-americanos torturando e submetendo à humilhação soldados e civis iraquianos em Bagdá, Bush e seu secretário de Defesa, Rumsfeld, se viram na condição de se dirigir ao povo iraquiano para pedir “desculpas” pelas atrocidades cometidas por soldados norte-americanos.
Já que o “presidente do planeta” vive, por assim dizer, em um “momento de pura reflexão”— coisa rara desde que se instalou na Casa Branca — seria aconselhável que pensasse também em outras situações que seu país ou cidadãos de seu país fizeram ao mundo, para aproveitar e pedir desculpas, em nome dos EUA e, principalmente, em nome dos que governaram os EUA.
Bush deveria pedir desculpas aos familiares dos soldados e civis iraquianos mortos nessa Guerra estúpida que seu governo inventou, com o pretexto de localizar e destruir as supostas armas de destruição em massa.
Pedir desculpas ao meio ambiente por ter se recusado a assinar o Protocolo de Kyoto, contribuindo assim para que todos nós tenhamos um meio ambiente e um clima ainda mais deplorável.
Seria o caso de Bush pedir desculpas aos brasileiros por seu país ter ajudado a implantar a ditadura militar em nosso país.
Ao povo chileno pelo fato dos EUA terem dado todo o apoio necessário, em 1973, ao general Pinochet para assumir o poder, depondo à bala o marxista Allende, num dos mais brutais episódios político-militares da América Latina.
Ao povo colombiano por ter seu país, em 1903, incentivado a separação do Panamá, a fim de construir, para benefício único e exclusivo dos EUA, um canal inter-oceânico.
Aos mexicanos, por ter seu país invadido e confiscado o Texas e a Califórnia do México, ainda no século XIX.
Bush deveria pedir desculpas ao povo da Nicarágua pela invasão norte-americana a esse país em 1907, bem como pelo apoio explicito dado ao ditador Anastácio Somoza.
Ao povo do Haiti pela ocupação feita pelos EUA em 1915.
Deveria pedir desculpas pelas mais de 50 mil vítimas das duas bombas atômicas jogadas pelos EUA sobre Hiroshima e Nagasaki.
Deveria se lembrar ainda (e pedir desculpas) de que, em 1965, os EUA apoiaram o golpe de Estado na Indonésia, que fez centenas de milhares de mortes.
Pedir desculpas também ao povo da República Dominicana pela invasão em 1965.
Ao povo de Granada pela invasão a esse pequeno país em 1983.
Todos do atual governo norte-americano, devem desculpas pelos 200 mil mortos da guerra do Golfo, protagonizada pelo senhor seu pai.
Desculpas pelos 2 milhões de mortos ocorridos na estúpida guerra do Vietnã.
Bush deveria, por fim, pedir desculpas ao povo norte-americano e renunciar ao cargo.
Marcus Eduardo de Oliveira
Economista e professor universitário
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