Direito de trabalhar e viver
Meu nome é Francisco Pereira da Silva, natural de Itaporanga-PB. Sou conhecido como Chico Catingueira, na ladeira Porto Geral com 25 de março. (…)estou sendo procurado pelos homens da GCM (Guarda Civil Metropolitana) conhecidos dos camelôs como: Sérgio, Cara-de-Cavalo, Bomba, Baixinho (CD). O GCM conhecido como Cara-de-Cavalo falou que minha vida valia R$ 300,00 (…). Qual é o meu crime? É ser mais um desempregado e líder dos camelôs da ladeira. (…) Tenho 38 anos, nunca tive passagem pela polícia, sou casado e tenho 3 filhos. Há 10 anos que trabalho de camelô na ladeira. A mercadoria que vendemos é fabricada por nós mesmos, compramos os materiais e montamos colares, brincos, pulseiras e artesanatos. Estamos sendo citados por CD e por Sérgio como “Gangue dos Paraíbas”. Os mesmos dizem que nós os ameaçamos. É mentira, somos apenas homens, mulheres e jovens desempregados, que lutamos para sobreviver e temos residência fixa. O confronto do dia 14/07/2004, não foi nada planejado e sim uma revolta de pais e mães de família que estão cansados de verem suas mercadorias tomadas e apreendidas pela prefeita Marta Suplicy, GCMs e fiscais (…). Quero que o GCM Cara-de- Cavalo saiba que nós não somos lixo, como ele afirmou ontem para um camelô, que lhe perguntou: “Por que eu estou sendo agredido?”
(…) Não são eles (CD e Sérgio) que correm risco de vida e sim muitos companheiros desempregados como eu, que querem apenas ter uma vida digna com seus familiares. Homens e mulheres dispostos a enfrentar os homens da GCM bem treinados e armados, com pedras e paus. Tudo o que eu estou falando tenho como provar: que todos os integrantes citados como “gangue dos paraíbas” são fabricantes de suas próprias mercadorias.
Convido qualquer entidade a me conhecer e comprovar a minha história, somos 80% da mesma cidade e estamos dispostos a lutar e morrer como homens desempregados ou, como preferir, camelôs, defendendo o nosso direito de trabalhar(…).
(…) se eu morrer hoje ou qualquer coisa acontecer comigo, os responsáveis serão: CD, Sérgio e seus capangas, pois nunca tive nenhum inimigo e que todos saibam que quem morreu foi um homem de bem (…).
Francisco Pereira da Silva.
São Paulo
Pensar diferente
Ao Jornal a Nova Democracia,
Descobri esse site ao navegar pela internet e já o coloquei entre os meus favoritos. Tenho lido muitos artigos, que me fizeram pensar de maneira diferente. Quando se tem acesso a informações privilegiadas, tipo as que só se encontra na internet, opiniões podem ser modificadas. Parabenizo os seus redatores.
Sem mais,
Um abraço.
Sérgio André Pons Prestes
Por e-mail
Luta de todos nós
A todos os responsáveis pelo jornal A Nova Democracia; Ontem me deparei com algo diferente dos costumeiros manipuladores de massas que se exibem todos os dias nas bancas e são chamados indevidamente de “jornais”: era A Nova Democracia. É muito gratificante e esperançoso saber que há ainda neste país publicações de caráter como AND que denuncia, conscientiza e esclarece a este povo tão enganado por seus cada vez mais ricos “governantes”. Governantes que massacram, exploram e humilham este povo que ainda não percebeu a sua verdadeira força e lugar… Às vezes me pergunto por que as pessoas não lutam mais por melhorias… é difícil saber, mas com certeza é preciso fazer algo.
Por favor continuem essa luta que é de todos nós.
Parabéns a todos e se eu puder ajudar em alguma coisa, por favor me digam.
André Luís S. Martins,
Barra Mansa – RJ
desempregado, mas que tem esperança de ainda poder ver uma revolução neste país que tem tudo para ser grande.
Sobre as palafitas de Recife
Teimosia1
Ribamar Guerra
À beira-lama
A céu aberto
o conquistado direito ao teto.
Amontoado mar suspenso
Equilibrista nas canelas finas
Retrato cru de uma gente
severina.
Do campo exilada
Da cidade negada
Restando-lhes as trilhas da rebeldia.
(…)
Heroísmo que livro não cita
Dissipa tempestade
Resiste palafita.
Arquitetura do possível
Muito, ante ao que vencem
Pouco, ante ao tudo que merecem…
Ribamar Guerra, escreve de Belém, PA.
1 A propósito da matéria “A digna teimosia dos severinos”, de Paulo Gonçalves, publicada em AND 18.