O RDD e o fascismo
Uma das poucas alegrias neste Brasil delinquido tem sido A Nova Democracia. A cada número, mais orgânica e democrática. Trazendo para o leitor verdadeiros estudos sobre a vida do país.
No ar, projetos e ameaças sobre a liberdade de imprensa. A ditadura das burocracias é a mais cruel, independente do regime em que se instala. Ela foi sempre a arma invisível do poder. E toda burocracia se ancora no legal, na ordem e na dependência subserviente. Toda vigilância é pouca. Cuidemos! E dinheiro para a barbárie não falta.
Iniciamos o século das grandes corrupções. Corporativas, monopolizadas e fascistas. As do império.
O Brasil foi sempre, pela cultura, um país de superfície. A Nova Democracia rompe com isso. As matérias são tematizadas com clareza dialética; expondo, confrontando, analisando e criticando em profundidade. Nos sentimos a cada número mais contemplados. Como a “humanitas” de que falava Quincas Borba, consciente das patologias de um país que enlouquecia.
Bela matéria do Henrique Magalhães sobre o RDD, Regime Disciplinar Diferenciado. Pura excrescência, de recusa elementar. Qualquer cidadão, uma vez preso, político, criminoso comum ou qualquer outro, já perdeu tudo. Cabendo-lhe, na pior das hipóteses, respeito pela pior das condições: a perda da liberdade. O que uma prisão já deveria definir, sem outras sofisticações fascistas.
Ficamos prisioneiros de um estado que começa a ser, também, carrasco. Nunca se construiu e se falou tanto em prisões de segurança máxima. E tivemos um ministro do Supremo (Jobim) perigosíssimo. Fraudulento, estelionatário das próprias leis. Aonde chegamos! Estamos a um passo da tirania.
Parabéns e obrigado pela AND.
Sindoval Aguiar
Cineasta – Rio de Janeiro
Onde o povo estiver
Amigos d'A Nova Democracia
Estava viajando de ônibus e me sentei ao lado de uma professora. Íamos com destino a Vitória da Conquista. A professora lia o jornal A Nova Democracia e perguntei onde ela comprou. “Em Montes Claros”, disse ela.
Pedi o jornal emprestado, folheei as matérias e gostei muito. Consegui escrever somente o endereço. Procurei em algumas bancas da cidade e não o encontrei.
Escrevo para obter informação sobre aquisição de assinaturas.
Aguardo o contato da equipe.
Josedalva Farias dos Santos
Malhada, BA
SBPC quer isenção e respeito no julgamento de camponês em Rondônia
Em carta ao ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, o presidente da SBPC, Ennio Candotti, afirma que a reclusão do agricultor Wenderson Francisco dos Santos na penitenciária de Urso Branco, Porto Velho (RO), foi “medida de excessivo rigor, que fere o bom senso e agride os direitos humanos”. Candotti solicita presença de um observador da secretaria no julgamento do camponês, suspeito de envolvimento no assassinato de um capataz de fazenda
Segundo carta aberta divulgada em julho, um dos capatazes do latifundiário Antônio Martins dos Santos foi assassinado em 2003 e as autoridades de Rondônia acusaram Wenderson, conhecido como Ruço, e outros dois ativistas da Liga dos Camponeses Pobres. Como não era réu primário, por ter respondido a processo por briga, Ruço permaneceu preso. O camponês também está ameaçado de morte por jagunços de fazendeiros da região.
A carta aberta foi assinada por mais de 260 pessoas, entre eles o reitor da Universidade Federal de Rondônia, Ene Glória, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azedo, e o próprio Ennio Candotti. Para ele, trata-se de um caso penoso, pois tudo indica não haver provas nem razões para prender o jovem camponês, que nada tem a ver com o caso em questão.
Candotti visitou o agricultor na penitenciária Urso Branco no dia 4 de setembro. No mesmo dia, encontrou-se com o juiz Sérgio William Teixeira, responsável pelo sistema penitenciário de Porto Velho. Recebeu a confirmação de que a prisão preventiva de Wenderson deve-se ao fato de que ele havia sido anteriormente condenado por participação em outro conflito. Pena que já expirou e poderia ter sido cumprida em regime semi-aberto ou mesmo em liberdade condicional.
O presidente da SBPC decidiu, então, solicitar ao ministro Paulo Vannuchi a presença de um observador da Secretaria de Direitos Humanos a Jaru (RO), por temer que o julgamento do camponês “possa ocorrer sem obedecer a critérios de isenção e respeito aos direitos humanos”. O julgamento de Wenderson está previsto para acontecer ainda este mês.
Jornal da Ciência
15 de setembro de 2006
Data: 13 de outubro de 2006
Viveu e aprendeu com os povos
Caros amigos do AND,
Gostaria de compartilhar com vocês e com todos que se incluem no campo democrático e progressista minha tristeza pelo assassinato do jornalista estadunidense Brad Will.
Conheci Brad na luta por moradia da comunidade Sonho Real, em 2005, na cidade de Goiânia, GO. Eu fazia a cobertura para o AND, ele cobria como um ativista do Centro de Mídia Independente.
Brad foi assassinado por forças paramilitares, em Oaxaca, no México, no último 27 de outubro. Morreu com a câmera na mão, cumprindo seu papel de jornalista independente, democrático, internacionalista, servindo ao povo.
Tendo nascido no USA, apaixonou-se pela luta empreendida pelos povos da América Latina. Correu o continente com uma câmera na mão, um largo sorriso no rosto e com muita disposição de aprender com o nosso povo. Aprendeu rápido a falar português, queria se comunicar com os brasileiros. Conheceu a luta pela terra no nosso país, ficou acampado com os camponeses durante algum tempo.
Em uma de nossas conversas, perguntei-lhe porque havia deixado seu país, já que lá também havia uma grande luta contra o imperialismo. Ele me respondeu que a nossa luta era mais vigorosa e que, após passar pela Bolívia, Argentina e Brasil, não sabia se voltaria a seu país. Disse-me que estava a serviço da luta de todos os povos e que onde houvesse uma rebelião lá estaria ele segurando uma câmera.
Ana Lúcia Nunes
Goiânia, GO.