Opiniões – 39

Opiniões – 39

Cadeia de Nova Lima é uma masmorra

Nós, operários e sindicalistas presos em uma obra da Odebrecht durante a greve da construção fomos enviados para da 47ª Delegacia, em Nova Lima. Lá, constatamos que essa cadeia é uma verdadeira masmorra, onde os presos sofrem maus tratos e torturas.

Os presos estão encarcerados em um porão fétido, úmido, sem ventilação e infestado de ratos. Há vários presos doentes, dois estão com sangramentos, e sem nenhuma assistência médica. Os presos sofrem com a constante falta de água e não têm direito a banho de sol. E mais um problema grave: uma presa grávida de dois meses que também não recebe atendimento médico. Retiraram até o balde onde os presos lavam suas roupas.

Estas denúncias foram gritadas das celas aos advogados do Sindicato que foram nos assistir presos. Os advogados ouviram protestos contra a superlotação e aos maus tratos. Masmorras como estas devem ser fechadas e seus mantenedores punidos.

Operários da Construção Civil
Belo Horizonte, MG

Nota da Redação — Ver matéria a respeito na página 12


Repúdio à traição na China

Caros amigos:

Foi uma agradabilíssima surpresa conhecer o jornal A Nova Democracia. Primeiro pelo artigo Grandes Êxitos da Revolução Cultural (AND 38). Já tinha quase perdido a esperança de encontrar uma publicação progressista que denunciasse a traição dos atuais dirigentes chineses pela restauração capitalista que estão impondo ao seu país. Sugiro que continuem assim. Outra razão foi o artigo Estado Indiano Viola Direitos do Povo, sobre a guerrilha naxalita. Esse é um dos assuntos que mais me interessam atualmente. Acompanho-o diariamente pelo sítio da resistência indiana www.maoistresistance.bl ogspot.com e não entendo porque nenhuma outra publicação progressista dá atenção ao fato: o próprio primeiro-ministro indiano definiu o movimento naxalita como “a maior ameaça isolada à segurança interna desde a independência.” Tenho o prazer de informá-los que vocês ganharam mais um leitor. Assim que me for possível, farei uma assinatura de apoio.

Saudações revolucionárias,

Marcelo Barros


Ingleses também querem petróleo

Senhor Redator,

Estou convencido de que foi ordem direta da British Gás Group (BG) aos seus agentes conscientes no governo Lula da Silva o anúncio, em tom de factóide e triunfalismo, da “descoberta” da maior reserva de petróleo e gás da história do país, na Bacia de Santos. A BG é a responsável direta pela crise do gás no Brasil. Os ingleses comandam, de fato, a exploração de gás na Bolívia do índio Evo Moralles. Além disso, partiu da City de Londres a pressão para que o governo FHC construísse o gasoduto Brasil-Bolívia, para abastecer o mercado de São Paulo, controlado pela Comgás — outra empresa controlada pela BG.

Também controladas pelos banqueiros ingleses, as bolsas de valores internacionais faturaram alto com a notícia do campo de Tupi, anunciada pela superpoderosa ministra-chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, Dilma Rousseff — a candidata preferida de Lula para sucedê-lo em 2010, mesmo não conseguindo decolar nas pesquisas. Só na Bovespa, a Petrobras ON subiu 14,45%, valorizando a empresa em R$ 40 bilhões. Atualmente, o total de reservas da Petrobras chega a 13 bilhões de barris. A nova descoberta pode representar um aumento de 50% nas reservas atuais.

Outro factóide econômico também foi lançado junto com o anúncio do novo campo gigante. O Conselho Nacional de Política Energética (CN PE) aprovou uma resolução que excluiu 41 blocos petrolíferos da área de influência da nova fronteira exploratória. Os blocos seriam leiloados na 9ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo, no fim do mês.

Lançou-se a contra-informação de que a medida desagradou ao Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás Natural (IBP), presidido por João Carlos De Luca, que reúne as empresas privadas de petróleo que atuam no Brasil. Mas no mundo do petróleo não existem “novidades” — e sim negócios com carta marcada. A potencialidade do campo de Tupi (BM S-11) — capaz de produzir de 4 a 8 bilhões de barris de óleo só numa jazida — já era conhecida dos parceiros ingleses da Petrobrás desde 2005.

Avaliada em US$ 48 bilhões, tendo a metade de todas as reservas brasileiras dos últimos 50 anos, a área de Tupi é operada pela Petrobras (com 65% do capital), em parceria com a britânica BG Group, que detém 25%, e a portuguesa Petrogal/Galp, com 10%.

A BG é uma empresa de gás e energia controlada pela oligarquia financeira da City de Londres. Apenas por coincidência, o super aspone do chefão Lula para assuntos internacionais aleatórios, Marco Aurélio Garcia, lá esteve a pretexto de participar de um seminário sobre exclusão social na América Latina, e tratar de “assuntos estratégicos” para os interesse dos parceiros ingleses dos aliados do Foro de São Paulo. Dilma Rousseff, potencial candidata à sucessão presidencial, apenas fez o anúncio festivo da grande “descoberta” que colocaria o Brasil entre os 10 grandes produtores mundiais de óleo e gás.

Paulo Fernandes
Advogado — Rio de Janeiro


Os gerentes da mídia

Senhores,

Não posso deixar de manifestar minha perplexidade com a reportagem publicada em 23 de novembro pelo jornal O Estado de São Paulo, informando que, dos 81 senadores, 23 —quase um terço do total — figuram como sócios ou proprietários de empresas de comunicação. Destes 23 parlamentares, segundo a pesquisa do jornal no Sistema de Acompanhamento de Controle Societário (Siacco) do Ministério das Comunicações, pelo menos 17 têm parentes na sociedade e na direção de rádios e TVs — filhos, irmãos, mulheres ou ex-mulheres, etc. Estou certo de que AND difundirá esta informação entre seus leitores, que, pela linha editorial, não costumam manejar as folhas do Estadão. A proximidade do julgamento do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), licenciado da presidência do Senado e com chance de cassação por usar laranjas na compra de duas rádios em Alagoas coloca o debate proposto pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP): “até que ponto Calheiros pode ser punido por algo que boa parte dos parlamentares também faz?” Conceder a parentes e agregados o comando das emissoras, tal como fez Renan, mesmo quando se trata de formalidade, é a maneira como os políticos evitam de se enquadrar no artigo 54 da Constituição e no 4º do Código de Ética do Senado, segundo o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio de Mello. No caso Renan, o presidente licenciado do Senado entregou o Sistema Costa Dourada de Radiodifusão Ltda. ao seu filho José Renan Vasconcelos Calheiros Filho.

Antônio Vasconcelos
por e-mail — Goiania, GO

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