Ruptura e aprendizado após a Greve Nacional de Petroleiros
A greve nacional dos petroleiros, deflagrada de 23 a 27 de Março de 2009, trouxe importantes lições aos trabalhadores frente à prática oportunista de sua direção sindical majoritária, governista, encabeçada pela Federação Única dos Petroleiros — FUP/CUT, que a todo custo tentou impedir a greve, além da truculência da Petrobrás, que também tentou sob diversas formas impedir que o movimento obtivesse sucesso.
Os petroleiros aprenderam com essa greve que precisam demarcar a linha entre as classes opostas no processo de produção. Aprenderam que não é possível conciliar com o discurso dos oportunistas de que "com o governo de um metalúrgico, ex-sindicalista, a Petrobras passa a ser então uma empresa democrática". Entenderam que o patrão é aquele que busca garantir seu lucro mediante a exploração de seus empregados e dessa forma usa de todos os meios para garanti-lo. E foi isso que a Petrobras fez, exercendo todo tipo de pressão: intimidou trabalhadores, mandou seus gerentes terem ataques de ira no meio de assembléias, distribuindo baixarias e ameaças de demissão, impôs cárcere privado a vários trabalhadores, inventou uma série de mentiras e impetrou diversos Interditos Proibitórios na justiça contra os trabalhadores e os sindicatos.
Os trabalhadores reivindicavam melhorias das condições de segurança, exigindo uma nova política da Petrobras de modo a dar fim às mortes no local de trabalho, pagamento dobrado dos dias de trabalho em feriados tal como estabelece a CLT e o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) num valor compatível com o lucro recorde de 36 bilhões de reais da companhia em 2008, bem como fim das demissões de trabalhadores terceirizados pelas "gatas", ocorridas sob alegação dos efeitos da crise econômica.
A luta, encampada combativamente pelos trabalhadores, em todos os momentos teve que atropelar a resistência dos pelegos, que não organizam comandos de greve, não promovem preparação para as mobilizações e quando elas acontecem, promovem um verdadeiro plano de desmobilização para que a greve acabe no tempo previamente estabelecido, mesmo que isso custe aceitar qualquer proposta e até mesmo não haver garantias de não-punições.
Nas diversas unidades de trabalho pelo país, os petroleiros espontaneamente têm organizado reuniões e plenárias de base, para fazer o balanço geral e local da greve, tomando com isso lições para movimentos futuros. Em todas elas foi afirmada a disposição de luta contra os desmandos da Petrobras e a crítica contundente da ação oportunista "despreparada" dos dirigentes das FUP, bem como contra o golpe orquestrado ao fim do movimento.
Grupo de Luta dos Petroleiros
Norte Fluminense
Camelô amigo
Fim do fim do mês, naqueles dias em que o mês continua e o salário termina. Nada de mais, no dia seguinte receberia. Pago então a passagem com uma nota de cinco reais e mais duas moedas de dez pra facilitar. Três reais então é o que coloco no bolso. Ao olhar para a moeda de um real, logo penso na balinha do camelô e reparo que se comprar, meu dinheiro não será suficiente para a passagem do dia seguinte. Peguei um livro na mochila e me pus a ler. O camelô entra no ônibus e eu nem quis olhá-lo, aquela resignação de perder minha corriqueira distração nas duas horas de viagem de Copacabana ao Méier no tal horário de pico. E mesmo por isso não pude guardar na memória com precisão as primeiras palavras do vendedor amigo. Mas de repente o discurso muda e ganha a atenção de todos. Talvez só faltasse a minha.
— Todos os dias o camelô vem trazendo doces, bombons e balas, mas hoje o camelô não esta aqui para trabalhar, pois o prefeito do Rio, recém eleito, instaurou um regime de terror que tem por nome Choque de Ordem e vem causando uma desordem na vida do povo pobre. Um grupo de criminosos organizados com o nome de guarda municipal roubou minhas balas penduradas nesse gancho — nesse momento reparo o gancho vazio — por isso o camelô hoje não vem trabalhar, vem pedir a ajuda e a colaboração de todos para que amanhã eu possa novamente vender aquelas balinhas que alegram a sua viagem, porque agora parece que roubar virou lei e trabalhar virou crime.
Tocado por aquelas palavras, saquei a nota de dois reais que estava no meu bolso e sem pensar entreguei ao amigo camelô.
Severino Almeida
Rio de Janeiro
Conquistar a terra
É glorioso ver nas páginas do jornal AND as notícias provenientes do campo, que desmascaram a "reforma agrária" de Luiz Inácio com a crescente luta camponesa. São milhares de homens, mulheres e crianças, famílias inteiras unidas, lutando pelo direito a terra para plantar, para morar e criar seus filhos. E como temos acompanhado através das edições anteriores, esta luta é muito difícil, mas está condenada a vitória por sua organização, decisão e principalmente pela produção. Viva a luta combativa dos camponeses pobres e que suas bandeiras vermelhas tremulem cada vez mais por todas as áreas de campo do nosso país!
Atenciosamente,
Letícia Cruciol
São Paulo