XIV Conferência de Educação de Cascavel
Oportunismo segue tentando minar fórum proletário
Sebastião Rodrigues Gonçalves*
Professor Fausto Arruda participou da XIV Conferência de Educação de Cascavel
Nos dias 24 e 25 de julho realizou-se na universidade particular UNIVEL, no município de Cascavel, estado do Paraná, a XIV Conferência de Educação, organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública do Estado do Paraná, Núcleo Regional de Cascavel, e marcada nas suas últimas edições pela conhecida conduta burocrática do oportunismo, visando minar a organização dos educadores e a emancipação do proletariado por via da discussão política e da inovação das práticas pedagógicas em um sentido revolucionário.
Nos anos que se passaram, desde a criação deste fórum em 1995, correntes conhecidas do mais lacaio revisionismo — como o PCdoB e o PSB — empenharam-se em distorcer as verdadeiras metas dos educadores, que se reuniram na Conferência de Educação visando unificar os profissionais da educação dos municípios, da universidade e os educadores da rede estadual para enfrentar os desafios que se apresentavam na época; aproximar os educadores dos demais trabalhadores inclusive os camponeses pobres, uma vez que havia — e ainda há preconceitos — da categoria em relação aos setores marginalizados da sociedade brasileira e parte significante dos educadores colocavam — e alguns ainda o fazem — sua inteligência para reforçar a discriminação contra esses setores.
Outra meta predefinida para a realização da primeira Conferência era uma metodologia que permitisse aos dirigentes e demais membros do Sindicato levar um conteúdo científico sobre a verdadeira história do proletariado mundial e como os trabalhadores da educação estão inseridos nessa luta de classe. Ao mesmo tempo, era preciso encontrar meios para a disseminação de uma nova concepção de educação, de sindicalismo e de sociedade.
E assim surgiu a proposta da I Conferência, distorcida pelo oportunismo que depois de insistentes intervenções no sentido de transformá-la em um fórum meramente sobre discussões acadêmicas, chegou ao ponto de defender a participação de representantes do MEC e da Secretaria Estadual de Educação para a Mesa da Conferência.
Mesmo assim, em algumas Conferências, como a 10ª, os trabalhadores conseguiram centralizar a linha do evento e retomar os objetivos originais com o tema "Escola Pública na Perspectiva dos Trabalhadores". Essa foi a Conferência com menor número de participantes — 115 educadores — mas com maior qualidade e decisões importantes nos rumos dessas atividades.
Em outras edições, como a 4ª, por mais que não conseguissem se esquivar do oportunismo, os trabalhadores tomavam as decisões finais, resgatando a origem da conferência e quais seriam os objetivos da mesma, entre eles, no plano interno, possibilitar meios para passar ao interior das escolas com conteúdos classistas; possibilitar espaço de formação permanente; ampliar os quadros dirigentes para não tornar o sindicalismo uma profissão, e no plano externo, construir a unidade entre os trabalhadores da educação para superar as contradições entre: educadores das séries iniciais, educadores do ensino fundamental e médio e os educadores do ensino superior e, por fim, buscar apoio e colaboração dos educadores do ensino superior que tem os mesmos objetivos dos trabalhadores do ensino médio.
A realização dessas conferências tem sido aprendizado constante para os educadores da região, inclusive para identificar profissionais que mantém seu compromisso com o projeto histórico de emancipação humana. Esses merecem ter registrado seus nomes nos anais do proletariado brasileiro, ao contrário daqueles que preferiram aliar-se aos governos e gerentes de plantão do Capital, do Banco Mundial, da OMC — Organização Mundial do Comércio, os quais terão seus nomes apagados pela história. Esse é um breve resumo da história das quatorze conferências que aconteceram na região de Cascavel, no oeste do Paraná.
_______________________
Sebastião Rodrigues Gonçalves, professor de filosofia da UNIOESTE — Campus de Foz do Iguaçu, é membro do Conselho Editorial de A Nova Democracia.