A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) está elaborando um novo conceito estratégico para substituir aquele atualmente em vigor, que data de 1999. O secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen, nomeou a ex-secretária de Estado ianque Madeleine Albright para presidir um "grupo de especialistas" para levar a cabo a empreitada. Atualmente, Albright está viajando pela Europa para acertar as novas diretrizes estratégicas da Otan com os chefes locais. Vem fazendo o mesmo no USA. Quando foi prestar contas ao Comitê de Política Externa do Senado ianque sobre o novo conceito estratégico em elaboração, Albright disse que uma das suas características seria que "os propósitos da Otan são de caráter defensivo. Os recursos da aliança não estão voltados contra nenhum país, e a organização não considera qualquer país inimigo".
Seria a extensão transatlântica da Doutrina Obama, a de mascarar com muita demagogia os empreendimentos de dominação? Certamente. Em seus mais de 60 anos de existência o poderio bélico da Otan jamais foi mobilizado em caráter defensivo. Já quanto ao caráter ofensivo, a história é completamente diferente. No final da década de 1990 a organização transatlântica moveu uma grande e violenta operação nos Bálcãs para atender aos interesses do imperialismo na região, iniciando uma ocupação que permanece até os dias atuais, a despeito do silêncio do monopólio internacional dos meios de comunicação quanto à presença ostensiva das tropas da Otan na região da antiga Iugoslávia. Pouco depois, em 2001, a organização atendeu ao chamado ianque para dar início a uma outra ocupação, desta vez no Afeganistão, que também perdura. Qual será a próxima?
Além disso, existe ainda o caráter intimidatório da Otan, não mencionado por Albright, mas declarado abertamente pelo antecessor de Rasmussen no comando da organização, o holandês Jaap de Hoop Scheffer, na cúpula da Otan realizada em Bucarest em abril de 2008, quando Scheffer já dizia que a finalidade da organização transatlântica era se tornar "provedora de segurança claramente mais eficaz em um mundo cada vez mais globalizado e perigoso", ou seja, polícia do mundo, com a autopermissão para empreender seus massacres além das fronteiras de sua área de influência tradicional, sendo que o primeiro passo já havia sido dado com a invasão do Afeganistão. Era uma clara ameaça aos povos insurgentes do mundo de que a Otan estava disposta a fazer valer sua vocação de braço militar do imperialismo.
Mais recentemente, no dia 1º de outubro de 2009, quando a Otan e a empresa de seguros Lloyd’s promoveram de forma conjunta, em Londres, uma conferência para promover o novo conceito estratégico, o presidente da companhia privada, Peter Levene, falou em "milhares de ameaças diretas e mortais" que requerem a intervenção da OTAN por todo o mundo. O próprio Rasmussen enumerou algumas destas "ameaças" sobre as quais a Otan irá se debruçar, e elas vão desde a produção de alimentos até a "pirataria" na costa da África, passando pelas migrações.
Naquele mesmo 1º de outubro de 2009, o empresário Levene e o senhor da guerra Rasmussen publicaram um artigo em vários jornais do mundo no qual tentaram justificar a oficialização da dobradinha aberta, sem pudores, entre a Otan e a elite empresarial européia para a elaboração do novo conceito estratégico. Além do protagonismo do presidente da Lloyd’s no processo, o vice-presidente do grupo de trabalho chefiado por Madeleine Albright é ninguém menos do que o ex-executivo-chefe da Shell, Jeroen van der Veer.
Outro grupo que está participando da elaboração das novas diretrizes da Otan é o dos sionistas invasores da Palestina. No dia 13 de janeiro, o jornal Jerusalem Post publicou uma reportagem dizendo que Israel está lançando una iniciativa diplomática para influir no resultado final do novo conceito estratégico da OTAN, e revelou que "um ex-diplomata israelense de alto escalão se reuniu há várias semanas a portas fechadas com Albright para discutir os interesses de Israel no conceito que se está revisando". Claramente, e não é de hoje, articula-se a adesão do Estado criminoso de Israel à criminosa Organização do Tratado do Atlântico Norte.