Enquanto o sangue do povo palestino é derramado em Gaza, Abbas e Netanyahu cumprimentam-se diante de Obama
É sempre a mesma novela: após mais um massacre na Faixa de Gaza levado a cabo pelo Estado delinquente de Israel e mais um sangrento capítulo do projeto fascista-sionista de limpeza étnica da Palestina invadida, a “comunidade internacional” começa a se derreter em adulos e afagos ao povo palestino, como quem nada faz para impedir uma chacina e depois, muito distinto, enche de flores os túmulos dos mortos.
No último 3 de outubro, o primeiro-ministro da Suécia, Stefan Lofven, em seu discurso de posse no cargo proferido no parlamento daquele país, adiantou que seu “governo” vai reconhecer o Estado da Palestina, como se ao povo palestino a Suécia estivesse fazendo um grande favor. Porém — e sempre há um, e sempre o mesmo — a Suécia reconhece também o Estado de Israel, porque, para Lofvren, a “solução do conflito israelo-palestino passa pela criação de dois Estados”.
Poucos dias depois, em 11 de outubro, foi a vez dos deputados britânicos, em votação de 274 a favor e 12 contra, aprovarem uma moção pedindo ao governo da Grã-Bretanha que reconheça o Estado palestino, mas… “ao lado do Estado de Israel”, visando “assegurar uma solução negociada consagrando dois Estados”.
A aprovação da moção apresentada pelo deputado “trabalhista” Grahame Morris, pedindo o reconhecimento de um Estado palestino por parte de Londres uniu “democratas”, “conservadores”, “liberais-democratas” e tudo quanto é força político-eleitoreira que disputa espaço na administração imperialista britânica. Tamanho engajamento em uma causa comum só foi possível graças à inutilidade da causa, seja por causa do previsível rechaço à ideia por parte da administração de David Cameron, que deu de ombros e apenas balbuciou que sua posição “é muito clara e não vai mudar”, seja pela picardia que é a tal “solução dos dois Estados” — a velha “solução” que certas potências até admitem mencionar, ou seja, um Estado armado até os dentes e ditando as fronteiras que bem entender e o outro desarmado, vigiado, cercado e submisso até a medula.
Para colocar o bloco da demagogia nas ruas, esperaram o banho de sangue amainar e a fumaça dos bombardeios dissipar. Seguem falando em “conflito”, como o novo primeiro-ministro sueco, como se sucessivos massacres promovidos por um poderoso exército a uma massa confinada pudessem ser classificados assim.
No fim de 2012, os oportunistas e certa “esquerda” propensa a cair nas armadilhas dos donos do mundo soltou rojões quando a Assembleia Geral da ONU mudou o status da Palestina de “entidade observadora” para “Estado observador não-membro”.
O autor da moção, o traidor Mahmoud Abbas, “presidente” da Autoridade Palestina, em seu discurso antes da votação, fez sua profissão de fé capitulacionista ao dizer que 65 anos antes a Assembleia Geral da ONU emitira a “certidão de nascimento” de Israel com a resolução 181, e pediu que naquele momento a mesma ONU emitisse a “certidão de nascimento do Estado palestino”.
Menos de dois anos depois, em meados de 2014, em um mês de covardes e genocidas bombardeios à Faixa de Gaza, Israel deixou um saldo de mais de dois mil palestinos mortos e outros tantos mutilados — sem contar os estragos à já precária infraestrutura de Gaza —, sem que um membro da ONU sequer movesse uma palha para tentar de fato impedir mais um massacre levado a cabo pelo sionismo em seu recém-declarado “Estado observador não-membro”.
O povo palestino e a resistência que o representa rechaçam e rejeitam os engendros hipócritas da “comunidade internacional”, e rechaçam e rejeitam a ideia de que a solução para sua contenda histórica com o sionismo possa ser sugerida, ditada ou intermediada pelas potências aliadas e cúmplices justamente do colonialismo genocida de Israel. Honrando o seu povo e o sangue de seus mártires, obrigou a besta-fera a se retirar do sagrado território quando este ousou botar lá suas botas e impôs mais uma derrota à tentativa de aplastar a heroica resistência.
A solução para a “questão palestina”, a única solução possível, é a destruição do Estado de Israel, a emissão da certidão de óbito deste Estado criminoso, invasor e fascista, a devolução da Palestina invadida aos seus donos de direito e a responsabilização dos chefes do sionismo e o imperialismo, principalmente o ianque, pelos crimes atrozes cometidos contra o povo palestino ao longo das décadas.