Manifestação de professores em greve na cidade de Redenção, Pará
Os educadores de Redenção e os demais de todo o estado do Pará, mesmo sofrendo ataques vindos das diferentes trincheiras dos poderes executivo, legislativo, judiciário e da grande imprensa, mais uma vez tiveram a coragem e o compromisso de expor os inúmeros problemas que persistem a anos dentro das escolas públicas desse estado.
Por isso suspenderam a greve de cabeça erguida. Deram mais uma vez uma intensa aula de cidadania, como está ocorrendo em todo mundo. Algum benefício desse sistema só vem se for com muita luta. A greve deve resgatar a auto-estima dos profissionais, pois apesar da opressão do Estado e seus agentes, a sociedade os apoiou e apoia, pois vê todo dia nos noticiários o quanto o Pará precisa melhorar a educação.
Aos olhos dos imediatistas a greve gera problema, mas felizmente eles são minoria.
A maioria sabe que a educação é um processo longo e precisa ser qualitativamente constante, por isso lutam. Os educadores alertam para o seguinte: na forma como a educação vem sendo tratada no Pará nos últimos vinte anos, ou se reage radicalmente agora, ou em breve teremos um “apagão” na rede de ensino estadual. Os professores, nos cinquenta e quatro dias de greve, não pouparam esforços para mostrar à sociedade quem são os verdadeiros culpados pelo quadro caótico que a escola pública vive nesse estado.
Quando os educadores e educadoras gritam ao governo: “chega de descaso”, estão cobertos de razão, os índices da educação do Pará são o flagrante das denúncias. De início veja o IDEB*, em uma escala de 0 a 6, o Pará apresenta os medíocres números: Ensino Fundamental Inicial: 3,6; Ensino Fundamental Final: 3,4; e Ensino Médio: 3,1. Apenas 31,6 % das pessoas têm Ensino Médio completo; 12,2% da população acima de 15 anos no Pará são analfabetos; a taxa de escolaridade entre as pessoas com mais de 25 anos de idade é de apenas 6,3 anos de estudo; 19,2 % dos estudantes de Ensino Médio abandonaram os estudos em 2010; a taxa de reprovação no Ensino Médio no Pará é de 11,9%.
Os dados mostram também o descaso do estado do Pará com a formação dos professores. O quadro dos professores que têm faculdade por nível de ensino é o seguinte: professores das creches: 18,1%; professores da pré-escola: 20,0%; professores do Ensino Fundamental Inicial: 33,7%; professores do Ensino Fundamental Final: 50,9%; e professores do Ensino Médio: 93,4%.
Toda essa tragédia aqui exposta é resultado dos sucessivos descumprimentos da legislação brasileira que determina a qualificação e remuneração condigna a todos os profissionais de educação desde 1996, quando foi aprovada a nova LDB e 1998, quando foi criado o antigo FUNDEF.
Os heroicos professores são vanguarda no Pará, e Redenção mostrou isso, na luta contra a destruição da Escola Pública. A greve faz parte de uma luta contra a política de destruição dos serviços públicos, adotada pelos governos neoliberais que se revezam no poder.
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*Fonte: SEDUC – Secretaria de Estado de Educação do Pará, 2009/2010