Rebelião popular em Tailândia, Pará
Em apenas um ano, quatro revoltas populares explodiram no Pará. A força desorganizada das massas é a manifestação incontida de um ódio e opressão seculares impostos pelo velho Estado. O povo pobre do estado do Pará não suporta mais as velhas amarras da semifeudalidade e dá vazão à sua revolta. É a justa rebelião das massas retribuindo a violência da reação.
Tailândia, cidade em protesto
Em fevereiro de 2008, mais de 10 mil pessoas entre pequenos madeireiros, camponeses e população pobre do município de Tailândia — PA ocuparam as serrarias, incendiaram pneus e ameaçaram fazer o mesmo com os caminhões contratados pelo governo do estado para levar a madeira apreendida durante a "Operação Arco de Fogo" no Pará. Sob o pretexto de "combate aos desmatamentos na Amazônia", a Polícia Federal e IBAMA organizaram a operação que perseguiu e apreendeu ferramentas de pequenos madeireiros, o que provocou a grande revolta popular.
Durante o protesto, os manifestantes fecharam estradas, cercaram a prefeitura e enfrentaram as forças de repressão do velho Estado. A Força Nacional e a Polícia Militar mobilizaram mais de 600 soldados para reprimir os manifestantes. Os enfrentamentos entre a população e a polícia se estenderam por toda a cidade e se prolongaram durante dias.
Viseu: o povo põe a polícia para correr
Em 5 de agosto de 2008, o juiz e o promotor do município de Viseu, no nordeste do Pará, tiveram que fugir de helicóptero após um violento protesto popular, só assim escaparam da justiça do povo. A população, revoltada com o assassinato de um adolescente pela Polícia Militar, incendiou o fórum, invadiu a delegacia da cidade e libertou presos. Os policiais fugiram enquanto a delegacia ardia em chamas.
Paragominas, fogo na frota do IBAMA
Em 23 de novembro último, mais de 3 mil pessoas, a maioria camponeses, insurgiram contra o escritório do Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis — IBAMA de Paragominas — PA em protesto contra as ações abusivas e apreensões das cargas de carvão vegetal no Pará.
A população revoltada ateou fogo nos carros do IBAMA e recuperou cargas apreendidas. O protesto prosseguiu pelas ruas da cidade. Os populares tomaram tratores e pás carregadeiras e investiram contra o hotel onde estavam hospedados fiscais responsáveis pelas apreensões.
Igarapé-miri, velho Estado em chamas
Após uma série de crimes não apurados e do assassinato do empresário Augusto Miranda no último 13 de dezembro, a população de Igarapé-miri — PA se levantou em uma grande onda de revolta. A população foi às ruas e incendiou o fórum. O protesto tomou conta das ruas da cidade.
Moto-taxistas e trabalhadores interditaram as ruas e fecharam pontes. Após o sepultamento do empresário, centenas de pessoas foram as ruas e paralisaram a rodovia PA 151.
Grande efetivo policial foi mobilizado para reprimir os manifestantes, utilizando a costumeira brutalidade, e confrontos se reproduziram nas ruas da cidade, que por dois dias desafiou o poder do velho Estado.