Desde o dia 5 de abril, as famílias camponesas da Área José Ricardo, situada na zona rural do município de Lagoa dos Gatos (PE) decidiram conformar o seu Comitê Sanitário de Defesa Popular de Riachão de Dentro para combater a pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Os organizadores, em nota enviada à Redação, afirmam que “os objetivos deste Comitê são:
1) Organizar as reivindicações por água e acompanhamento médico;
2) Criar as condições para prevenir e tratar os possíveis casos do novo coronavírus;
3) Impulsionar a produção e organizar novas estratégias para sua comercialização dentro da pandemia”.
“Ao invés de reunirmos dezenas de pessoas numa Assembleia Popular para apresentar o Comitê e seus objetivos para os camponeses, decidimos organizar várias pequenas reuniões de no máximo dez pessoas cada, com o objetivo de fazer o mesmo trabalho. Não paramos nossas atividades, apenas as adaptamos para realidade na qual vivemos hoje”, afirmam.
Na manhã de 12 de abril, os ativistas do Comitê iniciaram a confecção de máscaras caseiras de tecido TNT para serem utilizadas nas atividades e, na tarde do mesmo dia, iniciaram a coleta de assinaturas para um abaixo-assinado exigindo que a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) libere o abastecimento de água para toda a população lagoagatense, em especial para a população das comunidades camponesas.
Entre os dias 20 e 26 de abril, para impulsionar a produção, será iniciado o Roçado Coletivo de milho e feijão, no qual o Comitê organizará as famílias camponesas num trabalho coletivo para garantir o abastecimento de grande quantidade de grãos para três meses.
Entre os dias 27 de abril e 3 de maio, o Comitê organizará, dependendo da quantidade de produções camponesas encalhadas, vendas em domicílio, feiras itinerantes e o transporte de produtos para a Central de Abastecimento (Ceasa). “Unidos e organizados derrotaremos todos os inimigos do povo”!
Essa iniciativa dos camponeses repercutiu em todo o país. Em Sumé (PB) ocorreu uma outra iniciativa, de estudantes e professores da Universidade Federal de Campina Grande, para fundar o Comitê Sanitário de Defesa Popular. Eles exigirão alimentação, transporte e os meios para o povo se defender da Covid-19.