Anualmente, no dia 23 de setembro, o movimento revolucionário e o proletariado brasileiro celebram o nascimento do grande dirigente comunista Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar que, em 2017, completaria 104 anos. Principal e mais alta expressão da ideologia do proletariado (o marxismo-leninismo-maoismo) na história do Partido Comunista do Brasil (PCB), Pedro Pomar tem sua grandiosa vida lembrada em forma de homenagens vermelhas que ocorrem por todo o país, com destaque para uma celebração que comunistas realizaram na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 2013, quando do centenário de seu nascimento.
Pedro Pomar nasceu em Óbidos, no Pará, em 23/09/1913. Ingressou nas fileiras do PCB em 1932, três anos antes do PCB preparar o Levante Popular de 1935 e, ainda jovem, tomou a responsabilidade de reorganizar o Partido, que havia sido duramente golpeado pelo Estado Novo de Getúlio Vargas. Em 1962, vanguardeou a luta contra o revisionismo de Prestes e a ruptura que deu origem à reorganização do Partido, que continuou com a sigla PCdoB para diferenciar-se dos revisionistas.
Como revolucionário antirrevisionista que era, identificou no pensamento mao tsetung (como se designava o maoismo na época) a força revigorada do marxismo-leninismo e lutou para que o Partido encarnasse este pensamento. E foi exatamente na luta por assimilar o maoismo que o PCdoB se lançou na gloriosa tarefa de desencadear a luta armada em forma de Guerra Popular Prolongada, que resultou na Guerrilha do Araguaia, grande marco na luta de classes de nosso país em que os comunistas verteram seu precioso e generoso sangue, não só na luta contra o regime militar fascista, mas por uma Grande Revolução no Brasil.
Após a derrota da Guerrilha do Araguaia, Pomar sustentou uma luta no seio do Comitê Central do Partido, apontando que a derrota deu-se não por motivos militares, mas por problemas de assimilação da teoria militar da Guerra Popular, e sempre defendendo a bandeira de desfraldar a luta armada revolucionária. Foi o que Pomar apontou em seu texto Sobre a experiência do Araguaia.
“Apesar dessas constatações e da derrota sofrida, o camarada J [pseudônimo do dirigente comunista Ângelo Arroyo] dá como aceita a concepção que prevaleceu na luta do Araguaia. Pondera que devemos continuar trilhando-a. Sinceramente, discordo dessa opinião. Certamente, como já disse, a experiência do Araguaia tem aspectos de valor que devem ser sistematizados e aproveitados. O espírito de luta, heroísmo mesmo, o esforço para adaptar-se às condições do meio, a capacidade de resistência, precisam ser salientados e devidamente estimados; servem como exemplo. Nosso Partido sempre se orgulhará dessa luta; do sacrifício dos camaradas que lá tombaram, tentando abrir caminho para a vitória de nossa causa. Mas para determinar a validade de uma experiência isso apenas não basta. O fundamental, no caso concreto e como já ficou esclarecido em documentos relacionados com a guerra de guerrilhas, é a sobrevivência e o desenvolvimento da mesma. E isto depende antes de tudo da incorporação das massas à guerrilha, de estas fazerem sua a causa — a bandeira levantada pelos guerrilheiros”.
E fundamentava que: “1) a guerra popular é uma guerra de massas; 2) a guerrilha é uma forma de luta de massas; 3) para iniciá-la, ‘mesmo que a situação esteja madura, impõe-se que os combatentes tenham forjado sólidos vínculos com as massas’; 4) a preparação ‘pressupõe o trabalho político de massas’; 5) os três aspectos — trabalho político de massas, construção do Partido e luta armada — são inseparáveis na guerra popular; 6) o Partido, isto é, o político, é o predominante desses aspectos; 7) numa palavra, o trabalho militar é tarefa de todos os comunistas e não apenas de especialistas”.
Pomar foi assassinado pelo regime militar em dezembro de 1976 no episódio que ficou conhecido como a Chacina da Lapa, em São Paulo, e a direção do PCdoB foi assaltada pelo bando revisionista de João Amazonas, que transformou a sigla em mais um partido da velha ordem.