Na quinta-feira, 16 de outubro de 2008, faleceu o professor Pedro Domingo Quinteros Ayllón, fundador da Frente Classista Magisterial — FCM e, consequentemente, fiel expoente da linha classista no Peru.
Quando assumiu a linha de classe no magistério, soube expressar firmemente a defesa dos interesses do magistério e do povo em dura luta de duas linhas contra o aprismo (política derivada do APRA), o reformismo e o revisionismo.
Esteve junto com o professor Germán Caro Rios1, entre os fundadores da FCM, em 1966, como "organização de Frente Única que agrupa os professores de ensino primário, secundário e universitário" ligada ao pensamento de Mariátegui e considerando como princípio do sindicalismo classista "a luta de classes". A FCM que se transformou no baluarte ideológico do magistério para a luta por suas reivindicações diante das tendências mutualistas e economicistas do aprismo, do reformismo e do revisionismo, que pretendiam desviá-las. Frente a essas tendências, a FCM introduziu como demanda magisterial a supressão da quota Mutualista Magisterial, o não pagamento da Derrama Magisterial, e do pagamento da mutualidade2 por conta do Estado sem reduzir o salário dos professores, etc.
Nos anos do belaundismo3 —em que a democracia fariséia inicial no país, com a cumplicidade do aprismo, do reformismo e do revisionismo dos sindicatos de então, quando se congelava os salários dos professores dispostos pela Lei 15215 (Estatuto e Escalão Magisterial), disse "(a FCM) nega a maquiavélica atitude anti-povo e anti-trabalhadora dos poderes do Estado patronal de congelar os salários do povo trabalhador… Não são as reivindicações de melhorias salariais e de trabalho as causas de que o país se dirija a bancarrota econômica. O custo de vida sobe ininterruptamente como consequência direta da alienação das riquezas nacionais aos monopólios estrangeiros. Pretender que o congelamento dos salários seja o antídoto contra o mal é o mesmo que pretender apagar um incêndio pondo gasolina no fogo".
Igualmente em 1970, antes da fundação do Sindicato Unitário dos Trabalhadores da Educação do Peru — SUTEP, e quando existiam várias centrais de professores e em meio a fortes contradições com as referidas tendências divisionistas, Pedro Quinteros, então seu Secretário de Imprensa e Propaganda com o professor Germán Caro Rios, no Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Ensino do Peru — SINTEP expôs que "o reformismo manifesta seu desprezo a milhares de professores culpando-os pela desintegração do sindicato e qualificando-os de "ignorantes do sindicalismo" com a pretensão de ocultar mais de 20 anos de violações sistemáticas do sindicalismo classista e sucessivas traições as greves de 1960, 1961, 1965 e 1967".
Pedro Quinteros se recusou a permanecer ali e junto com uma geração de professores que soube aglutinar na FCM, da qual foi fundador, afirmou que o enfrentamento da unidade magisterial diante destas traições e desintegração sindical só aconteceria através de um processo de reconstituição com base ideológica classista: "A Reconstituição, acordada pelas bases, significa a unidade ideológica das massas em torno do pensamento de José Carlos Mariátegui e os princípios universais do sindicalismo classista".
A construção de uma nova organização baseada no centralismo democrático e na rigorosa seleção de seus dirigentes, levando em conta sua fidelidade à causa, sua iniciativa, sua disciplina consciente e sua ligação com as massas.
Articulou também a centralização sindical, o 28 de outubro de 1971 junto com Luis Carrera Morales, René del Aguila, Ina Socorro e outros na eleição do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Décimo Setor, do distrito de San Martin de Porres, em Lima — na qual sai eleito Secretário de Imprensa.
Prevendo o oportunismo do Patria Roja cujo antecedente era o "comunismo vermelho", expressão pequeno burguesa no magistério, Quinteros esteve entre os que concordaram em asseverar que a afirmação de que os SUTEs são "uma experiência sem precedentes" é dizer que a história começa com eles e nada mais além deles. É negar a luta heróica de várias gerações de professores, é traficar com o sacrifício de inúmeros professores que foram subjugados, enquadrados e massacrados pela patronal, especialmente nos anos 30. A organização sindical do magistério nacional tem aproximadamente 40 anos de existência e tem em sua essência três etapas: a constituição (entre as décadas de 30 e 40), o fracionamento (entre as décadas de 40 e 70) e a etapa de reconstituição (fase atual). Sua fundação se deu em 1930.
Os atuais SUTEs significam retomar o caminho classista dos primeiros tempos em condições políticas especiais.
Pedro Quinteros soube se colocar além de seu tempo. E quando se tratava de lutar pelas reivindicações do povo, esteve entre os que assumiram também a reconstituição do Partido Comunista do Peru, ao qual dedicou muitos anos de sua vida, especialmente desde 17 de maio de 1980, quando se inicia a luta armada, fato que lhe custou 10 anos de prisão no Complexo Penal Miguel Castro Castro desde 1998 e pelo qual morreu doente no Hospital Hipólito Unanue de Lima, para onde foi transferido.
Quinteros foi condenado pelo Foro Privativo Militar à pena perpétua por traição a pátria com o Expediente nº 012-TP-98. Sentença que o próprio Estado Peruano diante a condenação mundial e as aberrações jurídicas existentes anulou em 21 de março de 2003, pela Sala Nacional do Terrorismo do Poder Judicial, conforme a sentença do Tribunal Constitucional reincidida no Expediente nº 010-2002-AI/TC que anulou todas as sentenças da ditadura Fujimori/Montesinos. Ainda assim, posteriormente foi condenado a 33 anos de prisão em 13 de junho de 2006 por militar no PCP, "que foi acusado como uma organização ilícita executora de ações armadas, assassinatos e atentados a locais públicos e privados, destinados a destruir o velho Estado Peruano mediante o terrorismo".
Pedro Quinteros soube desempenhar bem suas tarefas de sindicalista e de militante convicto e confesso do PCP até o dia de sua morte em 16 de outubro de 2008, foi um expoente da linha vermelha não capitulacionista nem acordista. Sofria maus-tratos desde o primeiro dia de sua prisão em 20 de abril de 1998, resultante de uma operação montada pela ditadura Fujimori/Montesinos junto com um punhado de delatores.
Dele diremos, o mesmo que afirmamos sobre o professor Germán Caro Ríos em nome da FCM:
— A vida do professor Pedro Quinteros foi de um servidor do povo. Sua adesão à ideologia do proletariado, à filosofia da luta revolucionária e ao pensamento de Mariátegui faz dele um comunista cujo nome e exemplo está gravado no Partido, na classe, no magistério e em todo povo peruano".
* Coordenador Nacional del Movimento Magisterial Germán Caro Ríos.
1. Germán Caro Ríos (1905-1971), foi um consequente lutador e renovador social, dirigiu o início da reconstituição da frente classista dos professores peruanos impulsionando a formação dos SUTEs no país, foi enérgico difusor da Escola do Trabalho e um perseverante e destacado militante e seguidor de Mariátegui.
2. Associação em que cada membro, mediante quota mensal, adquire o direito de deixar, por sua morte, um subsídio à família, ou de ser subsidiado, em caso de invalidez.
3. Refere-se aos anos em que Fernando Balaunde Terry foi presidente da República do Peru de 1963-1968 e de 1980-1985.