Chama-se "Táticas em contra-insurgência" um documento lançado em abril último sob o nome de código FM 3-24-2, elaborado pelo general da reserva, Dennis J. Reimer, e que constitui nada menos do que o novo manual do Pentágono para orientar os oficiais e soldados rasos do USA sobre como melhor enfrentar as insubjugáveis guerras de libertação nacional movidas pelos povos do mundo contra as ocupações ianques.
Quadro do novo manual do Pentágono – tradução de AND
Em mais um esforço fadado ao fracasso do imperialismo em crise, o novo manual foi editado para atualizar os preceitos, táticas e estratagemas anti-povo do exército ianque, em um esmero natimorto para superar as dificuldades que as guerras de libertação mundo afora lhes impõem, seguindo a orientação da nova administração do USA de inventar métodos "heterodoxos" para tentar fazer suas invasões e agressões darem certo, inclusive com a valorização de pontos que se identificam com a linha-mestra da Doutrina Obama, a de maquiar a natureza criminosa e truculenta das ofensivas econômico-militares do imperialismo.
Neste contexto, as novidades do documento não ficam por conta dos já conhecidos usos e abusos de raptos, torturas, execuções e bombardeamentos covardes com artilharia pesada dos quais as tropas ianques costumeiramente lançam mão, mas remetem a dois enfoques que também não são novos, mas aparecem especialmente reforçados: a perspectiva de intensificação de guerras urbanas e, como desdobramento disso, a orientação para o exército tentar comprar o apoio da população dos diferentes países, tendo em vista que as maiores dificuldades para o imperialismo no Iraque e no Afeganistão vêm exatamente do apoio que as massas dessas duas nações invadidas garantem à resistência surgida no seio do povo.
Sendo assim, o manual determina que os esforços de contra-insurgência devem se dar de maneira "completa", orientando para "todas as ações políticas, econômicas, paramilitares, psicológicas e cívicas que possam ser tomadas por um governo para alcançar seu objetivo".
Tremem ante a idéia do levante das massas
A referência a "um governo" diz respeito ao que o Pentágono chama de "Nações Anfitriãs", eufemismo político-militar usado nos documentos oficiais do USA para denominar as gerências títeres das semicolônias, sejam aquelas que aparelharam os Estados semifeudais por meio da permanente pugna e conluio das classes reacionárias locais, sejam aquelas diretamente estabelecidas pelos ianques como verdadeiros entrepostos que respondem diretamente e tão somente a Washington.
Por um lado, o Pentágono ressalta que as guerras populares e de libertação nacional — chamadas genericamente de "insurgências" — tendem a deixar de se limitar a regiões ou países específicos para se espalharem pelo mundo de maneira integrada, com apoio mais claro e efetivo entre as resistências, umas às outras, cada vez mais ganhando as ruas das cidades e mobilizando a população urbana. É o USA colocando no papel e reconhecendo, ainda que por vias tortas, que o enfrentamento popular às suas ofensivas de morte está ganhando corpo e se delineando na forma de um processo revolucionário de larga escala, com a perspectiva cada vez maior de um levante organizado das massas do mundo.
Por outro lado, o novo manual do Pentágono delineia uma estratégia contra-revolucionária urbana da qual sobressai a pregação do USA pela união de esforços com os governos títeres locais para realizar ações civis com objetivos contra-insurgentes (ver box).
Entre a enorme variedade de ações neste sentido, o documento cita, por exemplo, o anúncio de obras de saneamento ou uma missão médica de vacinação de crianças em áreas urbanas. Em ambos os casos o objetivo é buscar enganar a população, distraí-la, ludibriá-la, para que as missões de ocupação, sequestro e assassinato possam ser levadas a cabo. O manual diz claramente que a contra-insurgência pode mesmo estar por trás da mensagem de um locutor que informa sobre uma reunião comunitária.
As infames orientações de como tentar subornar os povos do mundoO manual FM 3-24-2, vulgo "Táticas em Contra-Insurgência", traz uma parte especialmente dedicada a um passo-a-passo sobre como o exército ianque pode tentar comprar a simpatia e o apoio das pessoas oprimidas pelo próprio USA. Além de demonstrar o desespero dos agressores, que julgam poder subornar as massas, o texto explicita ainda o grau de sordidez dos seus métodos, como o incentivo à delação premiada de membros das resistências e ao "pagamento de condolências" às famílias das vítimas de seus bombardeios assassinos. Especial destaque para o ato falho do Pentágono ao enumerar as estruturas e instituições "caras" ao Estado de Direito: "prisões, tribunais e delegacias"… "Use o dinheiro como arma Experiências recentes têm mostrado a eficácia do uso de dinheiro para ganhar o apoio popular e promover os interesses e objetivos das unidades que conduzem operações de contra-insurgência. O dinheiro deve ser utilizado com cuidado. Na maioria dos casos, as autoridades superiores serão bastante rigorosas no controle dos fundos para garantir que o dinheiro seja bem utilizado. Quando usado de forma eficaz e com uma finalidade em mente, o dinheiro poder ser um meio eficaz para mobilizar o apoio público em prol da causa contra-insurgente e para afastar os insurgentes da população. Uma força contra-insurgente pode usar dinheiro para:
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