Período de trevas na USP sob Rodas

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Período de trevas na USP sob Rodas

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Os últimos acontecimentos na maior universidade do país indicam que este ano deverá ser bastante conturbado. Desde que João Grandino Rodas, nomeado que foi por José Serra, então gerente estadual, assumiu o cargo de reitor da USP em 2009,  a revolta e a indignação de estudantes, funcionários e professores se acumula. Rodas desencadeou uma série  de ações que visam privatizar a universidade, vigiar e perseguir militantes e ativistas, demitir funcionários, cobrar mensalidades de cursos da graduação, etc.. Aí se inclui, também, o maior sonho do senhor Rodas de varrer o sindicato dos trabalhadores (Sintusp) para fora do enorme espaço da cidade universitária. O plano de Rodas, já em execução, visa conter e debilitar a resistência do sindicato às arbitrariedades cometidas contra os que fazem aquela instituição, comprando a briga com a reitoria para a construção de uma universidade verdadeiramente democrática.

Debates na calourada

Na calourada deste ano, o Sintusp, o DCE e a Adusp se uniram para abrir o calendário acadêmico com alguns debates acerca da atual situação da universidade.

Os alunos ingressantes na universidade que participaram das semanas de debates ficaram surpresos ao escutar o que seus novos colegas e professores lhes informavam: todas a repressão sofrida desde a fascista presença da PM no campus em 2009 (algo que não acontecia desde a época do regime militar), os atuais processos e ameaça de expulsão dos vinte estudantes em luta por assistência estudantil e todo o desmantelamento e sucateamento da universidade.

 No caso dos estudantes, hoje processados, impressionou bastante aos novos alunos a ousadia e determinação daqueles que conseguiram desmascarar o sistema fascista de vigilância e perseguição ao ocupar o espaço administrativo da Coseas (coordenadoria de assistência social) e descobrir documentos que relatavam a vida pessoal e íntima dos moradores do conjunto residencial da USP (Crusp) e relatórios das reuniões de grupos e da associação de moradores com detalhes mínimos de cada movimentação feita por cada morador. Diante de tamanhas irregularidades e da enorme repercussão deste episódio, a então diretora da Coseas, Rosa Godoy, acabou derrubada.

Foi destacado também o ataque mais recente, que se constituiu numa verdadeira afronta à qualidade da universidade e ao direito dos trabalhadores: no período de férias, o reitor demitiu 270 funcionários arbitrariamente (ver matéria na edição 74 de AND). Segundo os promotores do evento, tal medida ainda está por receber uma resposta à altura da sua arrogância.

Perseguição ao Sindicato

 Segundo Pablito, funcionário da USP e integrante da gestão atual do Sintusp, alguns casos de demissões já estão sendo revistas judicialmente e no dia 28 de março haveria uma audiência pública para avaliar os desmandos da reitoria, havendo paralisação dos funcionários. Para a reportagem de AND, Pablito acrescentou que permanecem os antigos processos e novos ainda surgem contra todos os diretores do sindicato e demais trabalhadores em luta, como a recente ameaça de demissão política de Rosana Bullara, ativa militante que vem sofrendo há mais de dois anos assédio por parte da diretoria do setor onde trabalha, no MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia). O dirigente do Sintusp denunciou, também, a possível demolição do espaço dos “barracões”, onde funcionam o Sintusp e o Núcleo de Consciência Negra, entre outras entidades, sob o alardeado pretexto de construir novos prédios da burocracia universitária, com investimento de 60 milhões de reais.

Conivência do oportunismo

Para a parcela mais combativa dos estudantes da USP, todas essas façanhas do reitor tem atiçado a revolta nos que sempre lutaram por uma USP que sirva aos interesses do povo. Porém, a mobilização e uma maior discussão sobre tais arbitrariedades têm sido arrefecidas pelos os mesmos oportunistas de sempre (PT, Psol, Pstu pecedobê,) que no meio estudantil usam as entidades como o DCE e centros acadêmicos para frear o movimento: não convocam assembleias, não formulam um calendário de lutas, desarticulam e esvaziam os debates com assuntos secundários, calando-se diante das ofensivas do reitor contra o movimento e sendo coniventes com o sucateamento do ensino público.

Tudo indica, portanto, que em 2011 as contradições se acirrarão bastante não só na USP como em todas as universidades públicas estaduais.

Repressão também na Unicamp

A reitoria da Unicamp acionou a tropa de choque e a força tática para reprimir os estudantes que realizaram ato de protesto para reivindicar melhorias na assistência estudantil, aumento do número de vagas na moradia universitária e contra o despejo de alunos.

Sem ter onde residir, vários alunos ocuparam um apartamento no prédio da moradia estudantil no dia 2 de março. A reitoria acionou a justiça e um oficial de justiça chegou com a ordem de despejo. Desde uma última grande mobilização e luta por  assistência e moradias em 1987 não há reformas e nem aumento no número de vagas, que atualmente é de 950 para um total de 32.772 alunos matriculados.

Os estudantes, em assembleia, decidiram, portanto, no dia 3 de março, ocupar o espaço da administração e lá permanecerem se organizando e resistindo para que haja de fato uma real assistência aos alunos que precisam estudar e são barrados pela burocracia e falta de apoio.

Este é mais um caso em que a polícia invade a universidade pública para reprimir, intimidar e criminalizar o movimento estudantil.

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