Mais de 800 camponeses celebraram no último 26 de abril o corte do antigo latifúndio Riachão, no município de Lagoa dos Gatos – PE.
Camponeses celebram fim do latifúndio
Quem chegava à área passava pelo caminho marcado com dezenas de bandeiras vermelhas da Liga dos Camponeses Pobres que conduziam os convidados para a festa da Revolução Agrária. A conquista das terras do Riachão é fruto de seis anos de lutas. A entrega dos títulos de posse dos lotes foi feita durante a Assembléia do Poder Popular, sob uma saraivada de fogos de artifício. 67 famílias camponesas receberam suas parcelas de terra e outras três recebem a autorização da Assembléia do Poder Popular e do Comitê de Defesa da Revolução Agrária para cultivarem na área coletiva.
Os jovens do acampamento apresentam a peça de teatro: "A vida de Ricardo", em homenagem ao líder camponês José Ricardo Rodrigues, falecido em um acidente de motocicleta em agosto do ano passado.
Camponeses estragam festa do latifúndio em Catende
No último mês de março o Ministério Público do Trabalho determinou que a Usina Catende pagasse os salários atrasados de seus 2.700 trabalhadores, que há mais de um ano vêm sendo vítimas de calotes e enrolações. A Vara do Trabalho de Catende estipulou uma multa de R$ 50 mil para cada dia de atraso nos pagamentos caso a determinação não fosse cumprida. Provas coletadas durante a inspeção do Ministério Público na usina indicaram que a "Cooperativa Harmonia" entregava uma cesta básica de R$ 105,35 (menos de ¼ do salário mínimo) aos trabalhadores a cada 15 dias.
Bandeiras vermelhas marcavam o trajeto para a festa do corte
No dia 14 de abril, o Ministério Público compareceu novamente à Usina para cobrar o cumprimento da determinação que vinha sendo desrespeitada pela cooperativa. Oferecer cestas básicas ao invés do salário é apenas uma das várias irregularidades cometidas pela Usina Catende. Além desse desrespeito, os trabalhadores denunciam que a Usina "demite funcionários sem fazer o acerto, enquanto diretores da Cooperativa enriquecem de maneira ilícita, comprando fazendas, ônibus e carros de luxo", conforme anunciou nota da Liga dos Camponeses Pobres veiculada durante a incursão do Ministério Público em abril último.
Na ocasião da visita dos representantes do MP, a LCP organizou um protesto e denunciou os crimes da Usina contra os trabalhadores convocando o povo de Catende a lutar contra a exploração e a miséria. Durante o protesto, enquanto os camponeses agitavam suas bandeiras e palavras de ordem, eram respondidos pelos operários da Usina de punhos erguidos.
Enquanto operários e camponeses confraternizavam-se em aliança e luta, representantes do MST e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco – FETAPE (organizações que dirigem a cooperativa capitalista Harmonia), com seus advogados à tiracolo tentavam explicar o calote no pagamento dos direitos dos trabalhadores.
A LCP ainda denunciou que mais de 3 mil pessoas, beneficiários do Projeto de Assentamento Miguel Arraes, também foram lesados pela cooperativa, tendo sido obrigadas a assinar um projeto de investimento e fomento. Dessa forma eles se comprometeram a dar dinheiro do próprio bolso para a cooperativa Harmonia. No frigir dos ovos, as dívidas que a Usina Catende vinha acumulando ao longo dos anos passaram a figurar no nome dos trabalhadores e o dinheiro que a Usina amealhou dos "cooperados" (algo próximo dos R$ 60 milhões) foi para os bolsos dos gestores da cooperativa.
Assim a aliança operário-camponesa estragou os planos de calote da cooperativa capitalista.