Na tarde de 14 de maio, policiais militares (PMs) assassinaram o atleta e professor de jiu-jitsu Jean Rodrigo Aldrovande, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro. Ele dava aula em um projeto social e chegava para mais um dia de trabalho na localidade Relicário. Jean desembarcou de seu veículo no mesmo momento em que PMs entraram atirando no Complexo do Alemão. Baleado na cabeça, ele morreu na hora.
Banco de dados AND
Moradores protestam mais uma execução
— Assim que ele chegou para dar aula junto com um aluno, a polícia chegou atirando e ele foi baleado na cabeça e faleceu na hora. Na porta da escola. Isso não pode acontecer. A polícia chegou atirando e não deu tempo nem da gente reagir. Só tiro de fuzil. Eram quatro policiais. Eles nem desceram do carro. Já chegaram atirando com o carro em movimento — disse uma testemunha em uma transmissão ao vivo na página do Coletivo Papo Reto numa rede social.
A mãe de Jean Rodrigo, Sandra Mara, em entrevista à imprensa deu uma justa mostra de ódio e revolta contra mais um crime contra o povo. “Quando eles vão parar de matar!? Pergunta pro Witzel! Quando eles vão parar de matar trabalhador, pai de família!? Infelizes, todos eles! Governador, polícia, político! Todos eles, cambada de canalhas! Eles mandam e a polícia vem para a rua, para matar!”, disparou.
— Meu filho é morador do Complexo do Alemão desde pequeno. Dava aula de luta há sete anos. Estava chegando para dar aula. Estava na frente do projeto. Foi baleado com um tiro de fuzil na cabeça. Para mim, foi execução — disse o pai da vítima, Carlos Alberto Aldrovande, de 65 anos.
Jean foi morto no início da tarde e, às 16h, a delegacia de homicídios divulgava por nota distribuída à imprensa que “as investigações estão em andamento na Delegacia de Homicídios da capital. A perícia foi feita no local. O corpo de Jean Rodrigo da Silva Aldrovande foi encaminhado para o IML”. O monopólio dos meios de comunicação prontamente repassou a informação massivamente na internet. No entanto, como mostram imagens produzidas em tempo real por coletivos de comunicação do Complexo do Alemão, o corpo de Jean ficou até às 20h estirado no local do crime, hora em que de fato as “autoridades” chegaram ao local.
Banco de dados AND
Provas de disparos de fuzil da PM
Revoltados, moradores bloquearam as vias de acesso ao Complexo e ergueram barricadas. Policiais reprimiram manifestantes com tiros de bala de borracha e bombas de gás. Moradores que chegavam do trabalho também foram atacados por policiais.
O crime aconteceu no mesmo dia em que o instituto de segurança pública divulgou dados assustadores sobre a letalidade da polícia nesse início do governo Witzel, quando nada mais nada menos que 434 pessoas foram assassinadas. um recorde na série estatística, que teve início há 21 anos.