Polícia mineira executa jovens trabalhadores

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Polícia mineira executa jovens trabalhadores

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Centenas protestaram contra assassinato de moradores

O Aglomerado da Serra, um conjunto de vilas e favelas localizado na zona Centro-Sul de Belo Horizonte, possui aproximadamente 50 mil moradores. No dia 19 de fevereiro, a sua população explodiu em revolta após o assassinato de dois moradores por policiais militares.

A população do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, não têm dúvidas: A polícia militar assassinou friamente o jovem Jeferson Coelho da Silva, 17, e seu tio Renilson Veriano da Silva, 39. Na madrugada do dia 19 de fevereiro, a polícia subia a rua Bandonion, na Vila Marcola, quando as vítimas estavam entrando em casa. Jeferson e seu tio foram abordados e imobilizados. Os dois explicavam que eram trabalhadores, mas não adiantou, Jeferson e Renilson foram executados ali mesmo. Renilson levou um disparo nas costas e Jeferson levou mais um tiro na barriga. Um morador da vila, que pediu para não ser identificado, afirmou que os militares estavam lá para tratarem de negócios ligados ao tráfico de drogas: “receber propina”, afirmou.

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Após esses dois assassinatos, a população respondeu aos crimes incendiando dois ônibus no local, um na Praça Cardoso, principal praça do aglomerado, e outro na Rua N. S. do Carmo. Na noite do dia seguinte, os moradores organizaram um protesto na Praça Cardoso e a polícia militar tentou reprimir com balas de borracha e bombas de efeito moral, mas os moradores responderam com paus e pedras. Durante esse conflito, mais um ônibus foi incendiado e a população revoltada expulsou os policiais do local. O batalhão de choque da PM foi enviado para reprimir os protestos e ocupar o Aglomerado da Serra. Todo o país assistiu as imagens da truculência dos policiais que abriram fogo e lançaram bombas contra a população que protestava com faixas e palavras de ordem. Como única e legítima forma de defesa, os manifestantes responderam às bombas e balas de borracha com pedras. Uma criança e um jovem foram feridos por balas de borracha durante o confronto.

Durante o protesto a rede elétrica de uma escola ficou danificada, impossibilitando as aulas no dia 20 de fevereiro.

Na segunda-feira após os crime, cerca de 300 moradores das vilas foram em manifestação até a Assembleia Legislativa para cobrarem dos deputados alguma atitude. Pressionados, os deputados montaram uma plenária em frente à Assembleia e fizeram discursos prometendo “intervenções enérgicas” diante dos assassinatos. A pressão obrigou a polícia militar a divulgar os nomes dos policiais responsáveis pelos assassinatos: os soldados Jonas David Rosa e Jason Ferreira Paschoalino e o cabo Fábio de Oliveira.

As “provas” contra os trabalhadores já apareceram: armas com número de série raspadas e fardas da PM que os dois “estariam usando”, o que inúmeras testemunhas afirmam categoricamente ser uma manipulação para acobertar a execução.

A corregedoria da PM afirma que irá “apurar o fato” e apenas “afastou os policiais diretamente envolvidos”. Mas aqueles que cometeram um crime contra o povo continuam armados, reprimindo as vítimas.

Após as notícias sobre os acontecimentos no Aglomerado da Serra  repercutirem por todo o país, os quatro policiais envolvidos no assassinato de Jeferson e Renilson foram detidos. No dia 25 de fevereiro, um deles, o cabo Fábio Oliveira, foi “encontrado morto” com um cordão de sapato preso ao pescoço numa cela do 1º Batalhão da Polícia Militar de Belo Horizonte.

Esse fato trouxe à tona o que todos os moradores das vilas sabem, mas que o monopólio de imprensa insiste em interpretar como ‘fatos isolados’.

— A polícia militar atua no Aglomerado, assim como em diversas outras vilas da capital mineira, de forma mafiosa, com truculência, extorquindo moradores em troca de garantia de proteção contra supostos criminosos e cobrando propinas de traficantes. Nos assassinatos de Jeferson e Renilson, os policiais não tiveram como esconder o que faziam na vila e uma série de contradições reveladas por boletins de ocorrências, versões de moradores e diferentes versões dos próprios policiais expuseram com que fim atuam os policiais no Aglomerado da Serra. O povo exige a punição dos policiais assassinos e o fim do terro policial no Aglomerado da Serra — pronunciou Maria Auxiliadora, ativista da Frente de Defesa dos Direitos do Povo, que esteve no local do assassinato de Jeferson e Renilson.

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