Uma criança morreu após ser baleada na comunidade do Caju, Zona Portuária do Rio de Janeiro, na tarde do dia 23 de setembro. Os moradores da região acusam a Polícia Militar pelo assassinato de Herinaldo Vinícius da Santana, 11 anos. Ele chegou a ser levado para a Unidade de Pronto Atendimento, mas não resistiu.
Fontes afirmam que o menino estava brincando perto de casa com um amigo e ia comprar uma bolinha de pingue-pongue, quando foi baleado na cabeça por um PM que teria se assustado ao sair de um beco.
Revoltados, os moradores bloquearam pistas da Avenida Brasil e da Linha Vermelha. A PM lançou bombas de gás para reprimir a manifestação. Em entrevista ao portal G1, a estudante Andreza Batista, conhecida da família de Herinaldo, disse: “Eu cheguei quando ele já estava estirado no chão. Ele gritava pela mãe: ‘Quero minha mãe’. Lá na comunidade tem um beco com uma escada, ele desceu correndo, o policial achou que era traficante e largou tiro nele. Ele estava indo comprar bolinha de pingue-pongue, estava com o dinheiro na mão”.

Herinaldo, assassinado no RJ
No dia seguinte, 24, mais dor e revolta. O enterro do garoto foi marcado por novo protesto dos moradores do Caju, que levaram cartazes denunciando e exigindo a saída da famigerada Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Em seguida, em resposta à violência policial, os moradores fecharam uma via da Linha Vermelha e incendiaram alguns tapumes laterais. A PM mais uma vez lançou bombas de gás indiscriminadamente contra a população.
Herinaldo teve a vida ceifada pelas mãos da polícia pouco mais de duas semanas após o assassinato do jovem Cristian Soares Andrade, de 12 anos, com um tiro de fuzil pelas costas na Favela de Manguinhos, na Zona Norte, como AND denunciou em sua última edição impressa e em vídeo postado no YouTube, ‘RJ: Jovem de 12 anos é morto pela polícia em Manguinhos’.
Carapicuíba – SP

José Carlos, Douglas, Carlos Eduardo e Matheus: vítimas da chacina de Carapicuíba
Já no último dia 19 de setembro, quatro jovens com idades entre 16 e 18 anos foram assassinados em Carapicuíba, na Grande São Paulo, em frente à pizzaria em que trabalhavam como entregadores na Rua José Fernandes Teixeira. Segundo informações veiculadas pela imprensa, eles tinham acabado o turno de serviço e faziam uma roda de conversa quando foram alvejados. Nenhum deles tinha passagem pela polícia.
No dia 24, a Secretaria de Segurança Pública informou que a principal hipótese para a chacina que vitimou os 4 jovens seria a vingança do policial Douglas Gomes Medeiros, do 20º batalhão, contra um suposto assalto que sua esposa teria sofrido. Porém, os 4 rapazes eram comprovadamente trabalhadores e, mesmo que tivessem praticado assaltos (o que não foi provado), não justificaria a ação covarde.
Esta nova chacina, que tem a suspeita de participação de agentes de repressão do velho Estado, soma-se a outra ocorrida no dia 13 de agosto, quando 18 pessoas foram assassinadas em Osasco, Itapevi e Barueri. Este assunto foi abordado por AND em sua edição nº 156, ‘Chacinas em São Paulo: a marcha fúnebre prossegue’.