Manifestantes fazem grande fogueira em frente ao prédio do Congresso português
No dia 15 de outubro, milhares de portugueses se concentraram em frente ao parlamento (Assembleia da República), na capital Lisboa, em protesto contra o orçamento anunciado pelo governo para 2013. Os manifestantes exigem a renúncia do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e o fim das medidas de austeridade que prevêem corte de benefícios e aumento de impostos para a população.
Coelho anunciou um arrocho fiscal para aumentar a arrecadação, cortes no setor público e aumento nas contribuições previdenciárias dos trabalhadores, que subirá de 11% para 18%. Haverá redução de salários e benefícios, demissão de dez mil funcionários temporários e até direitos como o abono funeral sofrerá um corte pela metade.
Não bastasse a canalhice dos “governantes” contra a população, ao mesmo tempo em que aplicam as exigências do capital contra os trabalhadores, eles diminuem a contribuição previdenciária das empresas, que deixarão de pagar os atuais 23,7% para apenas 18%.
Como não poderia deixar de ser, os sindicatos, organizações populares e a juventude portuguesa convocaram uma manifestação em frente à Assembleia, batizada por eles próprios de ‘Cerco a S. Bento! Este não é o nosso Orçamento’.
Em determinado momento do protesto, que durou até tarde da noite, agentes do Corpo de Intervenção da Polícia Portuguesa que estavam na escadaria da Assembleia atacaram os manifestantes com cães. A multidão respondeu lançando garrafas e pedras contra a polícia e incendiando objetos.
Diversos cartazes contra a crise econômica eram sustentados pelos manifestantes. Em suas manifestações, os portugueses também bradam palavras de ordem como “Basta de fome e desemprego!” e lembram canções de luta, como a música ‘Grandola, Vila Morena’, de Zeca Afonso, cujo nome está ligado a luta contra o regime fascista de Salazar, que teve seu fim em 25 de abril de 1974.
Sobre as mobilizações populares que ocorreram no continente europeu nas últimas semanas, ver artigo de Hugo R C Souza nesta edição de AND, Protestos cada vez mais radicalizados na Europa.
Itália: rebelião completa um ano
Italianos realizam um dos protestos mais combativo da última década
No mesmo dia em que os portugueses estavam nas ruas em repúdio a mais um crime do capital contra as classes trabalhadoras, completava-se um ano do retumbante protesto realizado em Roma, que resultou em violentos confrontos com a polícia italiana em 15 de outubro de 2011.
Na ocasião, o protesto contra a crise econômica resultou numa batalha campal de mais de quatro horas entre os trabalhadores e a polícia. Mais de 70 pessoas ficaram feridas. Veículos policiais e de empresas foram incendiados, bancos e grandes estabelecimentos comerciais foram atacados. Os manifestantes enfrentaram as bombas e os jatos d’água da polícia.
Devido a esse protesto, o ministro do interior, Roberto Maroni, propôs fazer valer novamente uma lei fascista dos ‘anos de chumbo’ para impedir novas manifestações. Na época, Maroni afirmou que concordava em reviver uma lei dos anos 70, quando a Itália era assolada pela feroz repressão contra as organizações populares.
Desde então, os trabalhadores e a juventude italiana, que historicamente combatem o fascismo, não abaixaram as cabeças e as mobilizações, greves e protestos continuaram no país durante todo o ano de 2012.