Potências encampam massacre do povo saarauí

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Potências encampam massacre do povo saarauí

O monarca Mohamed VI, do Marrocos, nação do norte da África cujas classes dominantes cada dia mais se esmeram como fiéis lambe-botas do imperialismo, desencadeou uma feroz ofensiva contra as massas saarauí ora em agigantados protestos contra a dominação marroquina sobre o Saara Ocidental, que dura desde 1975.

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Em Madri, manifestação de apoio ao povo Saarauí

Um dos principais alvos da violenta reação marroquina contra as mobilizações de libertação nacional é o acampamento de protesto Gdeim Izik, o “acampamento da independência”, onde 25 mil pessoas estão concentradas sob 7 mil tendas desde o último dia 10 de outubro.

No dia 7 de novembro a polícia e o exército do Marrocos deram início a um massacre no acampamento Gdeim Izik. As “forças de segurança” marroquinas incendiaram parte do acampamento. Helicópteros sobrevoaram as barracas jogando gás e água quente do alto. Policiais e soldados invadiram o acampamento atirando a esmo contra quem só dispunha de paus e pedras para se defender.

As atrocidades transcorrem sob a proibição por parte do Marrocos do acesso de jornalistas à região do Saara Ocidental e sob o silêncio avalizante da “comunidade internacional”, sobretudo da França, ex-metrópole de fato e atual metrópole maquiada da semicolônia marroquina, e da Espanha, ex-metrópole do Saara Ocidental subjugado.

O governo espanhol foi até informado previamente de que o massacre em  Gdeim Izik seria levado a cabo. Menos de uma semana antes da invasão, o ministro marroquino das Relações Exteriores, Taieb Fassi-Fihri, esteve pessoalmente em Madri com sua homóloga espanhola, Trinidad Jiménez, para prestar contas dos intentos de Rabat.

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Campo de refugiados no deserto

As informações que chegam dão conta de dezenas de saarauís executados e centenas de feridos em Gdeim Izik, além de outros tantos “desaparecidos”. Mas os números são baseados em dados oriundos da própria gerência de Rabat, em cuja burocracia existe até um “Ministério dos Territórios Ocupados da República Árabe Saarauí Democrática”, a exemplo dos órgãos de administrações coloniais mantidos pelas potências capitalistas à época das colônias juridicamente estabelecidas.

Ilusão do referendo X o caminho da luta

Informações de organizações de defesa dos “direitos humanos” dão conta de que nos arredores da cidade de El Aaiún, capital da República Árabe Saarauí Democrática, os cadáveres de saarauís assassinados por militares, policiais e colonos marroquinos armados por Rabat se acumulam nas fossas e beiras de estradas. Muitos foram degolados. Milícias de colonos sequestram pessoas dentro de suas próprias casas. Já seriam centenas de mortos. Centenas de saarauís estão sendo presos.

Em 1991, lideranças saarauís encamparam os famigerados “acordos de paz” promovidos pela ONU e assinados sob a condição de ser feito um referendo por meio do qual o povo do Saara Ocidental pudesse escolher entre a independência ou a integração definitiva ao Marrocos. O referendo jamais aconteceu, por pressão do Marrocos, dos países da Europa do capital que têm interesses econômicos no território saarauí e com a cumplicidade das próprias Nações Unidas.

A revolta do povo saarauí explodiu quando, no dia 24 de outubro, um jovem de 14 anos foi executado pelas forças de ordem marroquinas quando tentava entrar no acampamento Gdeim Izik para se juntar aos seus irmãos de luta. O acampamento já se encontrava sitiado.

A Frente Polisário, organização que perpetua a ilusão do referendo com mediação da ONU, foi no início de novembro ao USA sentar-se à mesa com os marroquinos para negociar mais um acordo capitulacionista sob a “mediação” dos ianques, a exemplo da colaboração que a Autoridade Palestina costuma prestar periodicamente para a farsa “pacifista”, que só interessa aos opressores. Pôr fim às ações de combate e seguir na via do referendo e acordos capitulacionistas é um caminho que tem levado à degradação da situação do povo saarauí.

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A luta tem se radicalizado e o povo tem se mostrado disposto aos maiores sacrifícios para ver seu direito à autodeterminação respeitado. O próprio delegado da Frente Polisário na Espanha, Bucharaya Beyin, afirmou numa rodada de imprensa que há um apelo massivo entre os saarauís para retomar a guerra com Marrocos, conscientes de que o pleno direito à autodeterminação é a única solução possível ao conflito.

Que lideranças munidas de ânimo revolucionário e comprometidas com as massas estejam à frente do levante saarauí e conduzam o povo à vitória sobre o invasor estrangeiro mancomunado com as potências imperialistas!

Solidariedade ao povo saarauí
ABRAPO – Associação Brasileira dos Advogados do Povo
No dia 6 de novembro foi apresentada, perante o Tribunal Internacional de Consciência dos Povos em Movimento, na Cidade do México, uma denúncia contra o Reino de Marrocos pela violação ao direito de autodeterminação firmado no Direito Internacional. O Ministro Conselheiro da embaixada saarauí no México, Ahmed Mulay Ali, explicou de forma exaustiva o massacre em curso na capital El Aayún e no acampamento Gdeim Izik, apresentando fotos, vídeos e documentos. Fez um chamamento para que se acompanhasse e denunciasse as constantes violações. De fato, desde aquele dia, os assassinatos, agressões e prisões se multiplicaram. Até agora, mais de 4 mil e quinhentos feridos, 2 mil presos e dezenas de mortos.

O monopólio de comunicação silenciam e se tornam cúmplices do genocídio do povo saarauí. Nada se vê falar nos grandes meios de comunicação. Embora urgida a se manifestar e a deslocar imediatamente uma missão de especialistas para o local, a ONU – em especial seu Conselho de Segurança – faz o mesmo que fez na tentativa de destruição da Faixa de Gaza por Israel em dezembro de 2008: silencia e adia reuniões até que o plano de ataque seja consumado. Mostra mais uma vez que essa organização só serve ao interesse imperialista.

O povo saarauí segue resistindo, e mais que nunca todas as organizações democráticas e populares, no Brasil e no mundo, precisam se manifestar em apoio à sua causa de libertação nacional e denunciar as atrocidades em curso.

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