Povo das favelas rebela-se contra a guerra civil reacionária de Witzel

Moradores do Complexo do Alemão se revoltam contra o terrorismo de Estado (foto: Nicolas Bezerra)

Povo das favelas rebela-se contra a guerra civil reacionária de Witzel

Nos últimos quatro meses, as favelas cariocas foram sacudidas com protestos populares contra a política de guerra contra o povo e o terrorismo promovidos pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) a mando do governador anti-povo Wilson Witzel. Até agora, a chamada “política de segurança” provocou o assassinato covarde de mais de 1.249 pessoas pelas forças militares por todo o estado, dentre elas crianças, estudantes e trabalhadores pobres, principalmente.

Nicolas Bezerra
Moradores do Complexo do Alemão se revoltam contra o terrorismo de Estado (foto: Nicolas Bezerra)
Moradores do Complexo do Alemão se revoltam contra o terrorismo de Estado

Como resposta a esses injustos assassinatos e cansados de tamanho terror e humilhação promovidos pelas “megaoperações” e incursões do velho Estado nas favelas, moradores da Cidade de Deus, Vila Kennedy, Para-Pedro, Complexo do Chapadão e Complexo do Alemão realizaram protestos e denúncias contra o governador Wilson Witzel e sua polícia terrorista, que descaradamente incrementa a política de extermínio contra os pobres.

Complexo do Alemão em luta

No dia 27 de setembro, moradores do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, realizaram um ato contra a política genocida de Wilson Witzel e exigindo justiça pelo brutal assassinato de Ágatha Felix, de apenas 8 anos. O protesto contou com a presença de mil pessoas, dentre estudantes das escolas da região, professores, mototaxistas, movimentos populares e familiares de Ágatha, que caminharam da Grota até a Fazendinha, percurso feito por Agatha antes de ser assassinada com um tiro de fuzil por um policial militar da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), segundo confirmam as testemunhas.

Na mesma noite em que Agatha foi  assassinada com dois tiros, 20 policiais militares com os rostos cobertos invadiram o Hospital Getúlio Vargas, onde Agatha foi socorrida, e intimidaram os médicos e trabalhadores do hospital. Segundo afirmam testemunhas, os policiais queriam levar os projéteis que alvejaram Agatha na tentativa de sabotar as investigações. A equipe médica não cedeu às pressões feitas pelos policiais e não entregou os projéteis.

Durante a manifestação,  moradores ergueram uma faixa que dizia: O governo que ataca a educação é o mesmo que mata nas favelas!, e denunciaram as ostensivas operações policiais na região que atrapalham e aterrorizam a população do Complexo, sobretudo os estudantes e os trabalhadores. As crianças e outros manifestantes ergueram cartazes com os dizeres Justiça para Ágatha e Witzel assassino e terrorista!, e gritaram: Chega de chacina polícia assassina!, Fora “caveirão”! Queremos mais dinheiro para saúde e educação! e Contra o genocídio do povo das favelas, nenhum passo atrás. Os manifestantes ainda fizeram um jogral exigindo que o “caveirão”, que ocupa a localidade das Casinhas, fosse imediatamente retirado.

Ao chegarem na Fazendinha, para prestarem homenagem à Ágatha Félix, os manifestantes se depararam com cerca de 16 policiais militares da UPP da localidade fortemente armados, que debocharam e intimidaram familiares de Ágatha e os manifestantes presentes. No encerramento do ato, o avô de Ágatha, Aílton Félix, protestou duramente contra a política de guerra contra o povo levada a cabo pelo governo e lamentou a morte da neta. Ao final, todos gritaram: Cadeia já! Cadeia já! Para os assassinos da Polícia Militar!

Desde a manifestação, ocorrida no final de setembro, as incursões e operações policiais cessaram e as aulas nas escolas têm ocorrido normalmente, resultado da organização e mobilização populares e de todas as denúncias feitas contra o extermínio promovido pela PM na região. Sem ilusões de que o velho estado não voltará a implementar sua política de guerra no Complexo do Alemão, a população local tem dado respostas combativas e apontam o caminho da mudança radical.

Protestos no Para-Pedro

Em repúdio à operação de guerra promovida pela PM no dia 10 de outubro na comunidade do Para-Pedro que deixou ao menos seis feridos e um morto, moradores realizaram um protesto contra o injusto assassinato de Kelvin Gomes, de apenas 17 anos. Kelvin trabalhava como mototaxista na região e foi atingido enquanto esperava para cortar o cabelo em um salão da comunidade.

Nicolas Bezerra
Cartazes colados por moradores no Complexo do Alemão (foto: Nicolas Bezerra)
Cartazes colados por moradores no Complexo do Alemão

Como resposta ao terrorismo imposto pela polícia na comunidade, moradores levantaram uma barricada com pneus em chamas e incendiaram um ônibus, interditando uma das principais vias do bairro impedindo a passagem dos policiais. Denunciando a guerra aos pobres feita pela polícia de Witzel, a população enfrentou um caveirão que ameaçava as pessoas presentes na hora do protesto, mobilizado logo após o assassinato de Kelvin.

Durante o enterro do jovem, na manhã do dia 11 de outubro, policiais militares debocharam do assassinato de Kelvin e começaram a atirar e agredir os presentes. Os policiais responsáveis pelo assassinato e pelo terrorismo na comunidade são do 41º batalhão da PM, conhecido pela extrema violência empregada contra o povo, como estupros e torturas.

Pichações e ações rechaçam genocídio

Por todo o Rio de Janeiro, sobretudo na zona norte, pichações tem aparecido denunciando o arqui-inimigo do povo, Wilson Witzel e sua política terrorista. Pichações com os dizeres Witzel assassino e terrorista! puderam ser vistas na Penha, no Complexo do Alemão, Bonsucesso, São Cristóvão, Ramos, Cascadura, Madureira, Tijuca, Triagem e diversos locais da cidade. Na frente do 4º Batalhão da PM, em São Cristóvão, também foram pichadas as mesmas palavras de protesto. No Complexo do Alemão, após o assassinato de Agatha Felix, moradores colaram cartazes com os dizeres Witzel assassino e terrorista! Seus crimes serão cobrados.

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